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Ana

Depois do incidente que houve no PS até agora, acho que eu fui dividida em mil e sentia que estava em todos os lugares. Estava cuidando dos feridos na entrada, encaminhando o motorista e a criança para sala de trauma, teve até um momento que eu pensei ter ouvido um "obrigada" da Angel Ratzo, a cirurgiã chefe da cardiologia que de anjo não tinha nada, para mim ela era uma nojenta e falsa, além do fato dela me odiar por ser melhor amiga do ex-namorado dela. Pois é isso mesmo, ela namorou o Max por alguns meses, foi o tempo que eu mais tive vontade de vomitar em cima da cara dele quando ele vinha me contar da sua relação.

Mas agora, quase cinco horas da manhã de terça, e no fim do meu plantão tudo está tão tranquilo, que se me contassem que um carro entrou com tudo dentro desse Hospital eu não acreditaria. Pensei em aproveitar esse momento de calmaria para ir até o quiosque de café do Henry e tentar surrupiar alguns muffins.

Quando vou me aproximando da lanchonete vejo o pequeno quiosque de muffins se acendendo e com dois sabores brilhando lá dentro, um chama muito minha atenção. - Bom dia Mariah, hoje o Henry não vem?

- Bom dia doutora Schwartz. Não, hoje ficarei no período da manhã para o meu pai. Ele tem que descansar um pouco e comprar alguns ingredientes. - Mariah tinha 19 anos e fazia faculdade de engenharia da computação no período da noite, eram só eles dois, ambos morenos de olhos tão claros que pareciam transparentes e com a melhor receita de muffin.

- Já disse para você me chamar de Ana. Agora me diz que esse muffin de chocolate é com recheio de geléia de morango.

- Okay Ana. Infelizmente é recheio de chocolate, acabou a geleia, só conseguirei mais para tarde, hoje só sairá os sabores tradicionais.

- Ah poxa, tudo bem então me veja esses dois, que você acabou de colocar.

-É para já, estão quentinhos,você vai querer um café?

- Acho que um capuccino se já tiver.

- Eu não fiz ainda, mas para você darei um jeito, me dá uns 10 minutos. 

- Okay.

- Você sabe que se comer esses únicos muffins de chocolate irá partir meu coração, certo? - Escuto uma voz atrás de mim, rindo um pouco eu o respondo. 

- E desde quando você tem coração Max? - Ele coloca a mão no coração e faz uma cara de tristeza.

- Como ousa? Óbvio que tenho, eu só não mostro para todas. - E mostra seu sorriso galanteador.

- Idiota.

- Sei que me ama princesa, bom dia mariah. Pode me ver aquele seu café delicioso? - Ele diz e dá uma piscadinha, a menina só falta gemer de felicidade, eu reviro os olhos pelo flerte de Max.

Quando já estamos em uma das mesinhas, com meu capuccino e muffins e Max com seu café, eu dou uma cotovelada em Max, que tira os olhos de uma enfermeira que passava por ali sorrindo para ele. - Ai! Por que me atacou?

- Por que você deu em cima da Mariah! Ela tem dezenove anos, e você tem vinte e quatro seu imbecil. Mantenha seus flertes e sorrisos com você ou vou podar seu amigo fora.

- Tá bom, eu me rendo! - Disse ele com as duas mão para cima em sinal de rendimento. - Foi natural, um simples bom dia. Nem pensei direito.

- Imagina se você se empenhasse, você não tem limites.

- Tá bom princesa eu me comporto - eu o fitei - por hora. Mas agora quero saber como foi o encontro com a versão Max feminina.

- Clara não é sua versão, ela é mais linda. Não foi um encontro, ela nem percebeu que era dia dos namorados, mas ela cantou e juro que cheguei no céu e voltei com aquela voz rouca em meu ouvido.

- Não estou valendo mais nada, então ela cantou para você?

- Na verdade não, ela cantou para todo bar. Mas parecia ser só para mim, talvez eu esteja ficando louca.

- Ou não.

- Para de criar expectativas em mim Max, eu já tenho muitas no momento para administrar.

- Não quis criar nada, mas se você se esforça-se mais, talvez...

- Você está de sacanagem né? O que mais eu vou fazer? A única coisa que ainda não tentei é chegar para mãe dela e falar, oi sogrinha.

- É que você é muito reservada, acho que você deveria jogar sujo. Mostrar tudo que você tem. E princesa, você tem um arsenal todo só no seu sorriso, imagina debaixo dessa roupa. - Eu lhe dou um tapa e pego meu muffin mordido de sua mão. - Ai, caramba. Dá para você parar de me agredir?

- Você merece as agressões e o que você quis dizer com mostrar todo meu arsenal.

- Então a madame me bate e ainda quer respostas? Vou pensar no seu caso. - Eu o encaro por alguns segundos e sorrio.

- Nem vem com esse sorriso maquiavélico para o meu lado, eu só quis dizer a arte da sedução princesa. Eu sei que você não irá precisar da minha ajuda para isso, pelo menos assim espero, porque se você for só um rostinho bonito saiba que você está acabando com minha reputação andando ao meu lado.

E foi assim que o meu amigo lindíssimo ficou com sua roupa de cirurgia toda suja de café frio. - Agora a evolução das agressões são café jogado em mim?

- Bom descanso Sr. galanteador, eu vou para casa dormir.

- Aproveita e tenta não sonhar com uma determinada pessoa Ary. - Eu reviro os olhos para ele antes de sair para pegar minhas coisas e ir.

Max era um dos poucos que sabia meu nome inteiro, e o primeiro nome era Aryana, eu me apresentava como Ana para todos. Mas infelizmente a amizade com Max fez ele conhecer todo meu nome e como ele sabia que eu não gostava dele, era do que ele me chamava.

Depois de vinte minutos andando, finalmente cheguei no meu apartamento. Ele é enorme ao primeiro olhar, mas tão aconchegante.

Ao entrar tinha uma sala aconchegante com uma TV, separada por pequeno degrau da minha cozinha com copa para café embaixo da escada, que levava para minha estante de livros e um lugar onde poderia ser chamado de escritório, lá havia uma mesa, computador um pequeno balanço de cipó com almofadas viradas para uma janela que eu conseguia ver o parque ali perto. Em toda minha casa há vários arranjos de plantas, e ao estar rodeada delas, parece que não estou em apartamento no meio da cidade e sim em uma das casas na mata de meu pai. Seguindo atrás da cozinha há um corredor que leva a um quarto no fim do corredor meu cantinho que tanto amo.

Largo minhas coisas na sala e vou em direção ao chuveiro tomar um banho, enquanto a água escorre pelo meu corpo repenso no encontro de ontem e no que Max me disse, talvez ele esteja certo. Eu sou muito reservada e nunca mostrei diretamente que quero beija-lá, preciso de um plano para seduzi-la, mas o que?

Saio do banho, coloca minha camiseta grande e desgastada do AC DC e me arrasto até minha cama, antes de colocar meu celular no carregador vejo o convite das bodas de prata de Kiara e Andrew que acontecerá em um mês, na minha cabeceira. Eu pego o convite em minha mão, só tenho até a amanhã para confirmar presença, não sou muito próxima, mas depois que Lis e Clara viraram minhas amigas parece que para eles todos que estão perto de suas filhas adotadas - por que é assim que elas se vêem - são automaticamente da família. O convite diz que será um baile, e imagino que preparado pelas mãos de Clara e Lis, ou seja uma festa enorme e glamourosa.

Espere um minuto. Festa, Clara, um momento de sedução. Parece que eu tenho trinta dias para colocar o plano de Max em prática, se prepare Clara porque essa festa ou eu te mato com os olhos ou com a boca. E com esse pensamento em entro em um sono profundo, com o dia começando em Seattle atrás de mim.


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O mistério de GraceOnde as histórias ganham vida. Descobre agora