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Esse capítulo foi em homenagem a Olga Formell Huber, uma senhora que lutou bravamente mas o câncer a venceu. Em homenagem a essa mulher grandiosa eu resolvi recriar ela do jeito que ela ficou lembrada. Dizem que se um autor se apaixona por você, o mesmo viverá para sempre. A senhora viverá muito mais em meu livro, pois aqui eu controlo a doença.

Descanse em paz querida, você faz falta para sua neta (Cálita Huber), mas sabemos que você está aí velando por ela.

Ana

Eu sempre fui aquela mulher que planeja até os mínimos detalhes do seu dia a dia, desde de o café da manhã a até o fim do meu expediente, parece sistemático e monótono de mais. mas é algo que me identifico e me traz uma paz, estar sempre preparada independente da situação. Quando eu era pequena meu pai trabalhava no exército e minha mãe cuidava de mim e da fazenda, e às vezes fazia seus desenhos  - que futuramente virou uma grande indústria de bolsas e sapatos. Por vivermos praticamente só nós duas na fazenda, eu virei uma garota autônoma, aprendi a fazer muitas coisas totalmente sozinha, e gostava de ter tudo planejado ao máximo, até porque com um pai militar, a organização e os detalhes era algo diário. Aprendi até a atirar e me defender, com todas as regras sobre cada auto defesa.

No meu trabalho não foi diferente, após me formar eu decidi que queria ser cirurgiã, trabalhar com os detalhes e planejamentos das vidas de outras pessoas. É algo perigoso e intenso, eu assumo, mas eu não me arrependo nem um minuto da escolha que eu fiz.

Quando eu saí hoje a noite do hospital eu havia planejado junto com Isabella, uma noite de karaoke com as meninas, planejei desde o lugar até as bebidas e a desculpa surpresa para ter todas reunidas. Geralmente eu não precisava planejar esses momentos entre nós, pois Lis inventou o domingo do karaôke dois domingos por mês há dois anos atrás,depois de fazer Clara jurar cantar mais. E como a mulher é irredutível para aceitar propostas, ela propôs que todos cantassem. E virou algo divertido ele em nossos domingos. Porém no último domingo esse momento foi totalmente esquecido pela madrinha do karaôke, devido a mistura de sua gravidez e os plantões. E Clara parecia estar absorto em mundo só dela, com ligações privadas, e telefonemas estranhos, nem Grace sabia dizer com quem ela tanto falava aos sussurros em nossos encontros, sentíamos que havia algo suspenso no ar, mas com aquela mulher era melhor esperar o momento que ela fosse falar conosco do que apenas confrontá - la e questionar suas decisões.

Mas nem todo meu planejamento poderia me preparar para Clara Evans, essa  mulher consegue colocar meu mundo de ponta cabeça com poucas palavras, e isso é algo que me dava vontade de pegar ela pelo pescoço igual o Homer com seu filho no desenho dos Simpsons. Obviamente eu não planejei beija - lá, mas com ela cantando aquela música do Ed Sheeran que dizia estar tão apaixonada pela mulher de olhos cor do mar Tenerife, foi como se fosse feito para mim. Até a metade da música todos ao meu redor poderiam pensar que estava louca, pois ela cantava mais para o chão do que para mim, porém nas últimas estrofes nossos olhares se encontraram, e sem pensar eu fui caminhando até estar a centímetros desse corpo, e então fiz a pior das propostas e a beijei. Estava tudo ocorrendo bem, mas algo aconteceu - eu nem sei mesmo o que - e Clara se afastou e criou um muro novamente entre nós, com a desculpa de não poder me dar o que eu mereço. Eu mereço um beijo com começo, meio e fim, apenas. Então depois  de me colocar longe de seus braços, eu aproveitei que as meninas apareçam na porta e sai por a mesma sem olhar para trás, eu saí com lágrimas, não de tristeza, de raiva. Eu tinha raiva líquida saindo pelos meu olhos. Ela não veio atrás de mim, não que eu esperasse, eu até agradeci, pois se ela viesse era capaz de eu pegar meu salto jogar em sua cabeça para ver se começa a funcionar devidamente.

Lembro de ter passado por Peter com sua garrafa de Uísque na mão, mas eu apenas o ignorei e continuei meu caminho até a área onde era usada para fumar, localizada na parte mais superior do Clube, parecia uma cobertura aberta com sofás em um pequeno bar à direita. Ao sair eu senti o ar gelado da noite passar pelo meu rosto e balançar meus cabelos, era tudo que eu precisava. Mas meu momento de paz durou exatos três minutos, pois mal abri meus olhos para contemplar a noite estrelada e meu telefone começou a tocar incansavelmente, nele havia uma foto do meu melhor amigo sorrindo e o nome Max piscava na tela do celular, após quatro toques e uma boa respirada eu atendi o telefone.

O mistério de GraceWhere stories live. Discover now