O Aluno Novo

36_ A santinha virgem.

A aula naquele dia passou numa lerdeza só. Foi quase que uma tortura ficar ouvindo a Carol ficar de manha com o Luca o tempo todo e ficar vendo ela agarrada com ele.

Quando o último sinal bateu, peguei minhas coisas e sai da sala com as meninas.

- Eu recebi outro bilhete, dessa vez assinado com um M. - Falo enquanto ajeitava a mochila nas costas.

- M? Foi você Mia? - Lia pergunta irônica e Mia ri.

- Não né palhaça! - Ela ri e a gente sai da escola.

Como sempre, elas seguiram o caminho delas para o centro da cidade e eu segui para a minha casa.

No meio do caminho o Luca passou por mim de bicicleta. Como eu esperava, ele nem olhou pra mim.

Eu fiquei meio chateada com aquilo, já tinha me acostumado a vir com ele fazendo palhaçada do meu lado, mas... vida que segue.

Fui pra casa e quando cheguei, não disse nada, nem avisei minha mãe, apenas fui para o quarto.

- Filha? - Ouço minha mãe e tiro meu tênis o jogando de qualquer jeito como sempre faço. - Ta tudo bem?

- Não, mãe. Não ta tudo bem pelo simples fato de eu ser uma idiota! - Jogo a mochila na cama e ela me olha confusa.

- O que? O que aconteceu? Do que ta falando?

- Do Luca, mãe! O Luca só me iludiu. Hoje ele virou pra mim e disse que não precisava mais fingir que gostava de mim porque já tinha ganhado a aposta com o Pedro de qual dos dois conseguiria ficar com uma de minhas amigas mais rápido. - Minha mãe me olhava de certa forma " chocada ".

- Não, não pode ser. Ele que... ele parecia um garoto tão bom.

- Eu também pensei isso. Mas só me iludi mesmo. - Cruzo meus braços sentada na cama.

Lembro do bilhete e abro minha mochila para procura-lo. Quando encontrei, o paguei e o coloquei junto com os outros no potinho.

- Mais um? - Ela pergunta.

- É. Esse veio assinado com um M.

- Hummm...

- Já que você não vai me contar quem é que me manda, eu descubro sozinha. - Ela ri.

- Não fica triste, ta? Eu sempre vou estar aqui. - Ela me abraça. - Todos podem virar as costas pra você, suas amigas, namorado, todos... mas eu sempre vou estar aqui por você.

- Eu sei mãe. - Sorrio e ela me da um beijo na cabeça.

Naquele dia eu almocei, estudei e acabei voltando a minha velha e calma rotina. Fui à cafeteria de noite, comprei meu chá, acabei comprando um livro também, mas não estava muito afim de ler romances não, eles quem tem me iludido de que um dia vou ser feliz pra sempre com alguém.

O dia acabou passando rápido, sempre que sigo a rotina, o dia passa voando.

[...]

Acordei no dia seguinte e senti novamente o que eu sentia sempre quando acordava, falta de motivação. Queria dormir mais, não queria ir pra escola, o único motivo por eu levantar, foi meu sonho de ir pra faculdade.

Depois de respirar fundo, me levantei e fui me arrumar. Resolvi ir de cabelo preso hoje, sem paciência para me arrumar.

Calcei o meu tênis, peguei minha mochila e sai do quarto depois de me arrumar.

- Mãe, to indo! - Falo já cruzando a porta.

- Não vai tomar café? - Não a respondo, apenas fecho a porta e começo a ir em direção a escola.

Fui caminhando até a escola e novamente senti falta do meu fone.

Entrei na escola e percebi que quase todo mundo estava olhando pra mim e rindo. Vários grupinhos de menuna e meninos olhavam pra mim e começavam a rir.

- O... o que ta acontecendo? - Pergunto ao porteiro e ele me olha com um olhar " triste ".

- Eu sinto muito Emma. - Ele fala e eu ando mais um pouco até o pátio da escola.

Quando vi, haviam vários cartazes colados nas parades do pátio, dos corredores, das portas das sala, no bebedouro e praticamente em todo lugar.

Fui até um deles e nele tinha uma foto minha com uma montagem. Eu estava com azinhas de anjo e uma auréola na cabeça. Embaixo estava escrito a santinha virgem.

Todo mundo estava apontando pra mim rindo e ao canto eu vi o Luca e a Carol. Carol estava rachando de rir, já o Luca apenas me encarava, sem reação no rosto.

- Ta legal, quem fez isso? - Lia pergunta aparecendo atrás de mim com a Mia.

Eu não acredito que ele fez isso. Só ele, além das meninas, sabia disso.

Fui andando até eles com um daqueles papéis em mãos.

- POR QUE VOCÊ É ASSIM? POR QUE NÃO CONSEGUE SE CONFORMAR E ACEITAR QUE OS OUTROS TAMBÉM TEM UMA VIDA E MERECEM SER FELIZES? - Pergunto parando em sua frente e ela se levanta e vem sorrindo cinicamente pra mim.

- Er... você está insinuando que foi eu? - Ela sorri. Olhei para o Luca que ainda estava sentado e ele abaixou o olhar.

- Você é bem mais pior do que eu pensei que fosse. - Falo olhando pra ele. - Vocês se merecem. - Olho pra ela e depois saio andando.

- Eu vou quebrar sua cara! - Lia fala.

- Ue, ficou irritadinha?? - Carol pergunta e eu respiro fundo antes de me virar pra ela.

- Não Carol. Não fiquei irritadinha... fiquei mais é surpresa. Nunca pensei que vocês fossem capazes de se rebaixar a isso. - Viro pro pessoal que só analisava a situação. - É gente! Eu sou virgem sim! E me falem... isso é crime? É um pecado? Desde quando uma garota ser virgem faz dela alvo de críticas pela sociedade? É errado eu não querer ter relações com alguém agora?? Creio eu que não. E... eu não tenho vergonha disso. Vergonha eu teria de ser chamada ou apelidada de " rodada " por não parar com ninguém. Se quiserem me condenar por isso, façam! Eu sou o alvo perfeito pra isso, mas quero que saibam, as críticas me atingiriam muito mais, se eu ligasse pra elas. - Falo e saio andando de lá para ir para sala.

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Continua...