CAPÍTULO VINTE E TRÊS

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AYLA

— Não sei porque da sua surpresa, eu disse que faria isso. – respiro fundo tentando acalmar minhas entranhas que parecem ter criado vida própria, desde que ouvi Almir dizer que já sabe da verdade sobre o Bruno.

— Bom, eu imaginei que você fosse esperar eu contar a você! — busco me acalmar.

— Eu estou esperando. – saio de cima de seu colo e dessa vez ele não me segura, sento ao seu lado, abraçando minhas pernas.

— Eu tinha acabado de completar dezoito anos. – me sinto uma boba ao lembrar da felicidade que foi pra mim em pensar que iria ganhar o mundo, assim que fosse maior de idade. – E então eu o conheci. No inicio ele parecia um cara bacana, se mostrava preocupado comigo, eu estava tendo problemas no antigo trabalho, na época eu não podia ser registrada essas coisas por conta da idade, mas eu tinha que trabalhar, eu me sentia na obrigação de ajudar em casa. – olho para ele que me observa atento. – Quando fui adotada minha família tinha uma boa situação, uns anos depois meu pai foi demitido juto com uma grande parte dos funcionários da firma, e os problemas começaram, ele começou a beber, e minha mãe sempre trabalhou em casa fazendo pequenas coisas.

— Sua mãe aparenta ser uma mulher incrível Ayla. — seu sorriso me inspira a continuar, até porque ele já sabe. Não acredito.

— Ele é gerente no hotel onde eu trabalhei um pouco antes de ir para a Espanha. – olho para Almir ciente que se ele não soubesse, acho que eu não contaria nada. – Foi nesse hotel que eu conheci a Bel. — essa foi a melhor coisa que me aconteceu naquela época. — Ela estava em viagem como acompanhante de um grande empresário, e eu acabei fazendo uma amizade fácil com ela, contei sobre minha família biológica ser da Espanha, e foi onde ela me ofereceu um lugar pra ficar, se quisesse um dia procurar por eles.

— E você veio logo em seguida? – nego com a cabeça.

— Na verdade não, nem passou pela minha cabeça realmente fazer isso, mas quando tudo aconteceu, eu não pensei duas vezes. Só queria sair de lá.

— O que aconteceu Ayla? – sinto ternura em sua voz, mas também sei que uma grande apreensão.

— Bom como eu havia começado a trabalhar no hotel, eu imaginei que ele gostasse de mim pela forma que me tratava acabamos nos aproximando. – olho para ele e vejo seu maxilar travado. Mas ele não fala nada por isso continuo. – Bom não vou entrar em tantos detalhes, mas depois de um tempo que ele conheceu minha família que viu as condições que estávamos em casa, as coisas começaram a mudar, ele ficou mais ríspido, arrumava qualquer desculpas para me humilhar no trabalho até eu querer terminar tudo, nunca entendi esse comportamento dele, mas ele não aceitou o término, e ficou violento. – respiro fundo, limpo uma das lágrima que escapou sem querer por meu rosto.

— Porque não o denunciou? – dou uma risada fraca.

— Essas coisas são muito mais fáceis na teoria do que na prática, Almir. – ele acaricia minha perna. – Quando ele viu que eu estava decidida a terminar ele meio que armou para mim no hotel, me pediu para buscar uma bolsa em um quarto dizendo que a hospede que estava no restaurante havia pedido, e quando eu cheguei ao saguão a tal hospede estava fazendo uma queixa contra mim.

— Contra você?

— Sim!

— Mas como ela sabia?

— Deveria estar de conluio com ele, pelo sorriso dela triunfante dela quando cheguei no saguão com a bolsa. – ele vira-se para mim. – Eu não poderia ficar com um registro desse em meu currículo, acabaria com as minhas chances de emprego, ele é influente na cidade, um simples telefonema dele e eu não arrumaria nem serviço como prostituta.

A Escolhida do Sheik [Re-postando]Onde as histórias ganham vida. Descobre agora