Cap. 12

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Uma vez dentro de sua casa, na sala, o policial aponta o sofá para Talita:

- Sente-se. Vou pegar minha maleta de primeiros socorros - avisa com um semblante tranquilo e se retira.

A vaqueira obedece. Não estava em condições de reclamar. Observa o homem sumir num corredor, e aproveita para olhar ao redor. Aparentemente, se tratava de um ambiente familiar, respeitoso e confiável, mas ainda assim estava insegura já que as aparências podem enganar. Desde criança fora uma garotinha arisca, depois do que aconteceu com Liza, Tiago e pra arrematar; a traição de Ane, suas reservas haviam aumentado e estava sendo difícil relaxar por completo. Permanecia com o pé lá e o outro cá. Apesar de odiar esta sensação, é sua forma de se proteger da dor, da decepção e da maldade humana.

Ele não demora a voltar com a caixa, a coloca na mesa de centro e senta ao seu lado.

- Pode tirar o casaco, por gentileza? - indaga com um sorriso amigável.

A moça consente e sem constrangimento algum, puxa a peça e fica apenas de camiseta.

- Nunca pensou em entrar para o departamento? - questiona analisando os músculos da jovem. - Com esse porte e esse desempenho físico impecável, daria uma excelente policial! - elogia impressionado.

- Meu negócio é bicho moço!

Ele ri iniciando o procedimento, até que se dá conta de algo:

- Oh, desculpe-me a grosseria! Nem me apresentei! Sou o Maurício! - estende a mão, que é gentilmente apertada.

- Sou a Talita.

- Prazer, Talita - Maurício resgata a mão voltando com ela para o ferimento.

- Não sente frio? - Talita averigua observando as coxas morenas e peludas do homem quase inteiramente a mostra.

Ele sorri:

- Já até me acostumei com o clima de Curitiba, nasci e cresci aqui.

- Pois eu venho do inferno na Terra.

Maurício gargalha. Fazia tempo que não encontrava uma pessoa tão divertida e espontânea que lhe causava gostosas risadas. Não estava tendo muitos motivos para sorrir ultimamente.

- Logo se nota! Tem um sotaque diferente. É de Minas?

- Sim.

- Mas o que deu em você para reagir a um assalto?

- Ele nem ia me machucar. Na verdade, você que o assustou. A situação estava totalmente sob meu controle - Talita exala serenidade.

- Você que pensa! Não conhece esses marginais, eles são imprevisíveis! Não faça mais isto! É muito nova para colocar sua segurança em risco. Se eles matam e agridem sem a vítima reagir, imagina reagindo! Você foi imprudente - Maurício meneia a cabeça negativamente, indignado com sua ousadia. - Além disso, isso não é hora de se andar sozinha por aí. Você estava pedindo para algo assim acontecer, não é? Até mesmo com companhia é perigoso. Você tem um santo muito forte viu? Deu sorte que a arma estava travada, caso contrário, poderia ter acontecido coisa pior que este corte! Só Deus sabe se teria sobrevivido.

- Eu não temo a morte, nunca me preocupei em como ela pode acontecer. Exatamente por isto vivo a vida intensamente.

- Isso se chama burrice! - ele a fitou sério. - A vida é única e deve ser valorizada.

- Mas eu valorizo, do meu jeito, mas sim, e você Maurício, valoriza a sua?

O policial se resguarda. A pergunta o encurrala numa parede invisível.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Where stories live. Discover now