Cap. 58

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(...) Apenas um tiro no escuro e você poderá
Ser a que eu vou esperar a minha vida toda

(...) Eu sei que se dermos tempo ao tempo
Só iremos nos aproximar do amor que queremos encontrar

(...) Não, eu não quero dar boa noite

Eu sei que é hora de partir

Mas você estará nos meus sonhos

Hoje à noite (...)

O grande dia havia finalmente chegado. O sábado é sereno em Vicente Diaz. O sol, para a dúvida de qualquer um, está tímido, e uma suave ventania refresca o clima da cidade.

Os convidados se integram da cerimônia, e andam eufóricos de um lado para o outro. Especialmente; Matilda e Artur. Mesmo que seja com suas benções, a ficha de que a filha irá se casar não caíra.

Teodoro, rapazinho já formado, recebe os amigos da irmã da capital desenrolando assuntos a respeito da cidade para distraí-los. Eles estão encantados com as belezas naturais e desejam passar mais dias ali depois do casamento, ou retornarem nas férias com mais calma, para aproveitarem tudo de que têm direito.

Talita está em seu antigo quarto no casarão; e termina de ajeitar o terno em frente ao espelho, quando Adriano resolve comentar:

- Vai mesmo se casar de preto, Tatá? Parece que está indo para um velório!

- Preto é elegante, não acha? - Talita arruma os botões da camisa e vira de lado para conferir se os detalhes estão no devido lugar.

- Quem está falando? Você ou o Dimitri? - Adriano revira os olhos. É muito difícil lidar com a outra personalidade da amiga, que é o oposto dela; arrogante, prepotente, orgulhoso, ranzinza e sarcástico.

- Se eu soubesse que era pra implicar com ele, não tinha te contado como se chama!

- Ah, qual é - Adriano dá uma voltinha com as mãos estendidas para cima - Estamos falando de um espírito idoso, - enumera os adjetivos com os dedos - mal-educado e filha da mãe! Espero que ele vá se ferrar! - mostra o dedo do meio para o ar, e a vaqueira arqueia a sobrancelha esquerda. Imediatamente Adriano é lançado na cama por uma força invisível. - Desgraçado! Filho da puta! - resmunga tentando se levantar.

Talita gargalha estridentemente. Ou digo Dimitri?

- Eu te falei pra não mexer com ele, Dri - adverte já séria.

- Cara, como você consegue lidar com todos esses dons fluindo em suas veias e não pirar? - Adriano se recompõe, já acostumado com os safanões que ganha da entidade sombria quando o desafia.

- Tenho assuntos mais importantes para resolver do que gastar minhas energias com bobagens, Dri.

- Não confia mais em mim? É isso? Por que diabos não pode me contar que missão é essa que o Dimitri vai te guiar?

- Na hora certa todos saberão. Agora eu só quero me casar com a Ane e selar nosso amor pela eternidade.

- Ainda está em tempo de desistir dessa loucura! - pestaneja inconformado - Você vai despedaçar o coração dela. Deixa que eu resolvo as coisas com a Beatrice e vai ser feliz. Acha mesmo que a Ane vai te esperar por três longos anos?

Talita o fita compenetrada:

- Não acho. Tenho certeza absoluta de que quando ela saber da verdade e meus reais motivos para abandoná-la por hora, irá me perdoar, afinal ela me ama, eu a amo, e isso só servirá para fortalecer nosso amor. Eu me comprometi Dri. Muitas pessoas dependem do que eu irei fazer. Não tem como voltar atrás. Estarei matando dois pássaros com uma cajadada só. Ane sobrevive e eu faço a parte que me cabe. Ela é forte, mais que eu, até. Vai ficar bem no tempo em que eu estiver fora.

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Where stories live. Discover now