Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico)

Cap. 28

Retornar para a faculdade foi a decisão mais sensata que Ane percebe ter tomado. Pelo menos, ela se distrai assistindo as aulas e reencontrando os amigos, quais dobraram a gentileza e a simpatia. Não por um sentimento de pena mas de sincera empatia. A eterna ruiva é verdadeiramente querida entre os seus.

- Que tal passarmos o final de semana no Haras do tio do Natan? - Ryan sugere eufórico durante o horário de lanche.

- É uma ótima ideia. Com esse friozinho podemos acender uma fogueira e comer machimelos - Natan esfrega as mãos com um sorriso faceiro.

- Ai, vai ser tudo de perfeito! - Isa reforça. - É uma ótima oportunidade para Talita me ensinar a montar.

A vaqueira sorri atrapalhada:

- Se a Ane concordar, por mim tudo bem.

Ane dá um caloroso beijo na bochecha de Talita e se afugenta em seus braços. A vaqueira não desgruda nenhum momento sequer da noiva, parece adivinhar inconscientemente o que a aguarda, mesmo Ane agindo fria e indiferente certas vezes sem motivo aparente. Ela começa a achar que está sendo uma namorada pegajosa, e estranha o comportamento de sua sardentinha, que nunca fora uma pessoa de mudar de humor repentinamente. E é fato que ela quase derrete com esta súbita demonstração de carinho na presença de Patrícia, por quem ainda tem um ciúmes implacável que esconde muito bem.

- Vamos sim - Ane concorda por fim com um sorriso tranquilo.

- Então estamos combinados! - Hélio sorri malicioso. - Isto vai ser divertido.

- Meu, você tem a mente maltratada! - Ryan nota seu intento e revira os olhos.

O grupo ri intensamente.

Gil e Edu olham para Sofia e Bruninha, e se entreolham logo depois.

Gabi segue Patrícia com o olhar, e esta última fixa a beleza de Ane, enquanto que Natan busca o sorriso de Hélio, e Mel e Naty trocam tímidos olhares. Cada qual com seus anseios íntimos.

No final das aulas, Ane aproveita que Talita está conversando com os rapazes, e se aproxima de Iaska, que até então dialogava com seus amigos hippies, e se dá conta de que ela requisita sua presença. Despede-se e vai ter com a loira.

- Oi, Ane! Quer falar comigo?

- Sim, vamos para o haras do Natan amanhã e quero que você venha com a gente.

- Ah não quero incomodar! Vou ficar deslocada! - a moça sacode as mãos com um sorrisinho de quem finge inocência.

- Por favor, Iaska, vai poder colocar nosso plano em prática! - Ane insiste com lágrimas por escorrer.

- Ane, pensei que tinha desistido dessa ideia absurda! - Iaska bufa.

- Não mesmo. Você vem ou não?

Iaska fica em silêncio por alguns instantes, pensativa.

- Ok, eu vou - arfa.

Ane sorri. Talita aparece e vendo-as juntas novamente desconfia:

- Ei Iaska!

- Oi Talita - ela cumprimenta cabisbaixa envergonhada do próprio sentimento.

- Eu convidei a Iaska para ir conosco ao haras - Ane comunica.

- Ah, é? E desde quando estão tão amiguinhas?

- Ah, só estamos nos esforçando para nos darmos bem. Não é assim que queria? Além do mais, agora que estamos trabalhando juntos, é detestável um clima ruim.

- Hum, sendo assim vou chamar o Adriano também.

- Faça isto! - Iaska se anima. - Assim não ficarei tão perdida no meio dos seus amigos. - a moça havia concordado com o pedido aflito de Ane num arroubo, apenas para confortá-la, porém não acha justo tentar conquistar Talita nessas condições. O interessante era quando Ane revidava e defendia seu amor por Talita e seu relacionamento com ela com garra. Agora não vê mais graça e está triste por Ane ter que desencarnar tão jovem. Basicamente, compreende e experimenta do pesar da vidente como se fosse si no lugar dela.