Cap. 23

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- Não olha agora! Vai disfarçando. Tem um carro estacionado do outro lado da rua no nosso oposto. A Vanessa e o grupinho dela estão te seguindo - Adriano aconselha segurando no braço da vaqueira, para que ela ande em direção da entrada do prédio.

Talita vira o rosto devagar fingindo olhar para o luar e confirma o aviso.

- O que elas querem?

- Vamos subir. Lá em cima te conto - Adriano sugere.

- Ok - Talita concorda sem contestar.

Ela é acompanhada em silêncio pelo rapaz até o apartamento, deveras curiosa e aflita, porém se contém, porque o amigo não parece disposto a falar até que fiquem à vontade. Uma vez lá, ele para diante da porta e inicia uma série de gestos estranhos para a moça.

- Ei, o que está fazendo? Desde quando usa bruxaria pra afastar vampiras? - Talita indaga confusa.

- Não é bruxaria Talita - explica com tranquilidade enquanto executa os misteriosos movimentos. - Perdi a sintonia com a Ane esses dias e a casa está desprotegida. Estou criando um bloqueio de defesa contra qualquer desencarnado mal-intencionado que ouse entrar sem ser convidado. Eu estava me comunicando com a Ane por telepatia até perder o contato inesperadamente. O que diabos houve com ela? - ele finaliza fixando a vaqueira que o olha de volta, intrigada. É difícil reconhecer o Adriano velho no novo. Parecem pessoas totalmente diferentes e modificadas. É surpreendente como a espiritualidade o salvou e o aperfeiçoou. E começa a sentir uma admiração crescer dentro de si. Sentimento este que achou jamais nutrir pelo amigo depois de suas falhas. - Hoje eu tive uma leve intuição que se intensificou durante a noite e resolvi checar o perímetro. Como pode observar, não foi por acaso.

- Minha sardentinha está hospitalizada.

- Ah, então por isso não consigo mais falar com ela! - o rapaz soca o ar suspirando entendimento.

- Vocês são loucos!

- Talvez. Depende do ponto de vista. Mas enfim, - Adriano simplesmente ignora o sarcasmo de sua conterrânea - o que ela tem?

- Perdeu a visão do nada.

- A Ane está cega? - assusta-se.

- Sim. O Geovane acha que tem algo a ver com a vidência dela, pois os médicos não descobriram nenhuma enfermidade.

- Isto sim é coisa de louco! Por isso a casa está sem o campo de proteção.

- Deve ser! - Talita dá de ombros. - Ela me falou algo a respeito, mas não dei ouvidos.

- Af, Talita! - revira os olhos inconformado com tanta indiferença para questões tão importantes, mas não pode culpá-la visto que um dia fora um cético. Pelo menos Talita crê, só não quer se envolver. - Tem tido pesadelos?

- Sim. Toda noite.

- Que merda!

- Ei, qual o problema, pode me dizer o que está havendo?

- Elas estão vindo te sugar durante o sono. Como está a Ane? - questiona puxando a cortina para conferir a janela.

- Cega, uai.

- Não precisa repetir o que já sei - Adriano bufa impaciente avistando Vanessa recostada no carro olhando para o andar do apartamento. - Quero saber o estado espiritual em que ela se encontra.

- Mal, pra baixo.

- Hum, então está te afetando?

- Sim. Claro! Que pergunta!

- É só para eu saber porque o bloqueio está quebrando rápido.

- Como assim?

- Fica difícil, difícil não! Praticamente impossível manter um círculo de defesa com pensamentos negativos. Sua vibração elevada é que o mantém funcionando. Compreendeu?

Minha Cowgirl na Cidade ( Sáfico) Where stories live. Discover now