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Algumas semanas se passaram desde aquele encontro completamente constrangedor entre Tom e Jessica em seu escritório. Não havia um dia em que ela não se questionasse onde havia se metido, e ele não passava uma noite se quer sem pensar naquela mulher. Tinha ficado chocado com o reencontro dos dois, ele jamais conseguiria adivinhar que era ela, e mesmo que ela tenha deixado claro que não iria acontecer absolutamente nada entre os dois, ele não iria desistir tão fácil assim, não conseguiria desistir tão fácil assim. Existia alguma coisa nela, algum segredo que ele sabia que precisava descobrir. Aquela imagem de bom moço-inocente-gentil dava à Tom a oportunidade de brincar um pouco com quem se envolvia, mostrando um lado que não estavam acostumados a ver... com Jessica não seria diferente. Os dois se desafiavam a todo momento, não passavam um encontro sem provocações. Ela não queria nenhum envolvimento mas era como se ele tivesse algo que não a deixava ficar distante. E vice-versa. 

➴ 

Tom, Jessica e Travis teriam uma reunião juntos marcadas para discutir sobre o futuro de Tom no mundo marketing, seria os três até Travis avisar que não poderia ir dessa vez, passaria o dia todo fora para resolver umas questões de um outro artista, e que ela foi avisada de que estaria responsável por Tom sozinha. Seria a primeira vez que ficariam a sós e ela, desde o primeiro momento em que recebeu o recado, seria que não era uma boa ideia. Ela tinha seu próprio jogo, testava os limites de Tom, mas somente até onde ela era capaz de aguentar, porque ele nunca cedia, nunca dava o braço a torcer, ela que recuava todas as vezes e provava do seu próprio veneno, tinha um sentimento de medo, desejo e curiosidade ao mesmo tempo para saber onde ele chegaria, mas sabia que não podia ir além para descobrir.
Jessica estava sentada no sofá de seu trailer, pronta bem antes do horário marcado esperando pela chegada de Tom. Ela solicitara um trailer com um tamanho considerável, já que teriam reuniões feitas ali, mas ainda assim era possível ver todo o lugar por completo apenas com uma checagem rápida no local. Dez minutos depois do horário marcado, Jessica ouve batidas na porta, e se levanta para abrir. Era Tom, certamente. Girou a maçaneta, abrindo a porta para seu cliente entrar. Ele estava com uma camiseta preta, de manga, mas estavam puxadas, calça da mesma cor, tênis, e um boné virado para trás. — Patético, parece vou trabalhar com um adolescente. Um adolescente lindo, mas ainda assim, adolescente. — pensou. Ele estava com um dos braços erguidos, apoiado na lateral da porta, assim que viu ela se abrir, ergueu o olhar para Jessica, que estava parada na sua frente. Pela posição em que estava, a blusa acabou ficando levantada demais, e calça baixa demais, fazendo ficar vísivel o cós de sua cueca. Calvin Klein. Branca. Jessica respirou fundo.
— Pode entrar, sente-se ali por gentileza. — indicou a mesa comprida que tinha basicamente no final do trailer, era a parte mais distante do resto. Tinha lugar para seis pessoas. Jessica sentou na ponta, e ele fez questão de sentar na cadeira ao seu lado, tendo uma visão mais ampla do seu corpo enquanto ela estava sentada.
— Então, Tom Holland... — ela o fitou com um olhar de desdém, ele apenas sorriu. — temos alguns assuntos para conversar, basicamente sobre você e suas preferências, preciso saber onde você encaixa e o que vai funcionar usando você na jogada de marketing. Nosso foco é o sucesso absoluto, claramente, espero que já tenha percebido.
— Desculpe interromper, Jessica, mas tem algo que eu preciso dizer antes de continuarmos a reunião. Está na minha cabeça desde que te vi hoje mais cedo.
—Desde que seja breve, diga. — disse revirando os olhos — temos muito o que conversar ainda hoje, não estou aqui pra brincadeiras. Deixei isso claro.
— Take it easy, darling — Tom continuou, sorrindo — só queria dizer que não teve um cara que não virasse os olhares para você hoje. Está linda.
— Bom, nenhuma novidade. — piscou, dando uma risadinha sacana.
— Confesso que fui um deles. — ele caminhou seu olhar por todo o corpo dela, analisando cada parte. Ela estava com um macacão justo, colado as suas curvas, era preto e aberto nas costas, o que ele só percebera quando chegou em seu trailer, mais cedo ela estava com uum blazer, deixava ela mais séria, e com um salto, vermelho escuro.
— Nenhuma novidade novamente. Você não tira os olhos de mim desde que me viu, Holland. — disse enquanto empinava um pouco mais seu corpo, com os cotovelos apoiados na mesa, no intuito de ficar ainda mais próximo dele. — Uma pena irá ficar somente nos olhres.
— Uma pena, Jessica? Estou surpreso, confesso que não esperava por essa.
— Pra você, claro, não terá a oportunidade de me ver sem roupa.
— Quem leva os contratos muito a sério é você, Srta. Roberts. — disse, se afastando, se moveu colocando seu braço direito atrás da cabeça e sua outra mão sobre sua coxa, ainda analisando ela a todo momento.
— Thomas, tivemos essa conversa antes e espero ter sido bem clara em quanto o trabalho é mais importante pra mim do que uma transa com um adolescente galanteador com o ego enorme demais pra idade dele. — respondeu, se afastando. — Vamos continuar a reunião, esse assunto foi longe demais, e você, assim como eu, sabe do contrato.
— Sim, chefe. Não precisa ficar tão aborrecida. — Tom continuou, com um sorriso debochado. — Só estou me divertindo, não estou afim de transar com ninguém.
Jessica engoliu em seco ao ouvir aquelas palavras, respirou fundo, desviando seu olhar dele e indo em direção a sua bolsa para pegar seu computador e sua agenda. Estava ali para trabalhar, repetia em sua cabeça, era isso que iria fazer.
Precisava decidir o cronograma do próximo mês, e precisava saber mais daquele pirralho irritante que testava sua paciência e seus limites. Se mordia de ódio por dentro, mas não demonstrava nada para não perder de vez o controle.
Decidiram basicamente tudo que precisavam, no próximo dia ela já começaria entrar em contato com algumas emissoras, já que estavam com boa parte das cenas em New York gravadas, e já iriam começar as divulgações sobre quem seria o novo homem-aranha. Ela acompanharia ele em todo o processo de filmagem, precisavam estar ligados para o trabalho correr bem, disse Travis nos primeiros encontros. Que azar eu tenho, Jessica constantemente pensava.
Horas depois de muita conversa, Jessica se despediu de Tom sem dizer muita coisa, se provocavam sempre que podiam, mas ela recuava, a sensação de fazer justamente o que era proibido deixava ambos curiosos, Jessica recuava porque aquilo poderia acabar com anos de trabalho duro que demorou para conseguir erguer sua empresa e deixar ela como é hoje. Naquele mesmo dia, Tom e o resto da equipe, basicamente composta por homens, infelizmente de acordo com Jessica, iriam sair pra jantar e depois iriam para uma festa para comemorar o sucesso que o filme seria. Ela foi convidada, mas escolheu ficar sozinha, gostava de aproveitar os momentos que não estava sempre co alguém do seu lado, longe do trabalho. Tom apareceu em seu trailer novamente par se certificar se ela não iria mesmo com eles.
— Você não vem mesmo? — disse ele, ainda do lado de fora da porta. Ela nem abriu caminho para que ele pudesse entrar.
— Acredito que tenha deixado avisado para todos que eu não iria, agora, mesmo com você aqui na minha porta me incomodando, vou recusar o pedido.
— Não precisa ser grossa, Roberts. Só vim perguntar caso tenha mudado de ideia. Não estou implorando sua companhia, pode ficar tranquila. — disse se afastando da porta, acenou com a cabeça e deu as costas, sem dar a chance de Jessica uma resposta.
— Que ódio! Esse moleque testa minha paciência. Se eu pudesse não estar aqui, com certea não estaria. — começou a falar, sozinha, estressada por ele ter simplesmente deixado ela falando sozinha sem resposta. — Ok, ok, não vou estragar minha noite por causa dessa criança irritante. — decidiu. Jessica colocou sua playlist favorita, ela costumava usar pra transar, mas como a sensação de estar sozinha com sua própria companhia depois de um dia estressante era tão boa quanto, achou que valia a pena. Trancou todas as portas possíveis do trailer, fechou as cortinas e qualquer possibilidade que tinha de alguém vê-la ali, foi pra um banho demorado, quente, passou seu hidratante e seu melhor perfume. Colocou sua lingerie preta favorita, seu robe preto de renda, da mesma cor, e decidiu ficar daquele jeito mesmo. Abriu seu frigobar, pegou seu vinho favorito, Château Cos d'Estournel, direto da França. Jessica possuía muitas manias clichês de gente milionária. Depois de comprar sua casa, ela não gastava muito com roupas, nem jóias, nem sapatos, mas não se importava em gastar com bebidas caras, carros, viagens e motos. Essas eram as suas paixões. 


Ela ficou um bom tempo ali, sozinha, dançava suas músicas favoritas, e entre uma ou outra pensava no garoto de 21 anos que estava ali na sua sala horas antes. Fazia muito tempo que alguém, principalmente um homem, mexia tanto com a sua cabeça. A sensação de não poder de forma alguma se envolver com aquele menino deixava ela ainda com mais vontade de explorar o proibido. Ela poderia quebrar o contrato e perder milhões só de dar um beijo nele e alguém ficar sabendo, e isso instigava ela ainda mais, e era o que fazia com que ela não conseguisse manter a distância necessária. Jessica era uma mulher poderosa, independente e de atitude. Gostava de conquistar as pessoas, fazer com que elas se envolvam no seu jogo só por diversão, não costumava ir muito além, quem facilmente se entregava a sua luxúria era rapidamente descartado, quem se envolvia fácil demais, sem aprender a jogar o seu jogo, sempre perdia, trocava com facilidade quem se deixava ser dominado sem questionar. Por isso que com o Thomas ela não conseguia se distanciar, ele envolvia ela na sua estratégia mais rápido do que ela conseguia pensar em um contraproposta, quando via, já parecia cedida, entregue.
Ela pensou muito e acabou se distraindo demais naquele assunto, que não saía da sua cabeça, quando foi checar o horário, o relógio marcava 02h da madrugada, decidiu que já estava na hora de se preparar para dormir, guardou o vinho, apagou as luzes, mas quando foi desligar a música, foi interrompida por batidas baixas na janela de seu trailer, na parte de trás, onde não ficava visível quem entrava ou saía.

love is a losing gameWhere stories live. Discover now