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O destino de ambos já parecia ter sido decretado no momento em que decidiram não seguir com aquele romance que era completamente errado, de diversas formas, para os dois, seus pensamentos tinham se acostumado com a ausência um do outro, ainda procuravam dentro de si qualquer fio de esperança em que pudessem se agarrar, mas quase sempre nunca encontravam, o que tinha restado, ainda, era a vontade de estarem juntos apesar de qualquer coisa,  de darem um jeito e arrumar a bagunça que deixaram para trás, de deixar os pensamentos em que  razão falava mais alto e deixar o coração gritar um para o outro que estavam com saudades - mas nunca funcionava, todas as tentativas falhas de um jovem desesperadamente apaixonado de buscar a mulher que vagava pelos seus sonhos foram deixadas para trás, todas as tentativas deram errado por conta de uma mulher racional demais, que nunca dava o seu braço a torcer e tinha aprendido a não deixar alguém intervir em tudo que tinha construído, não existia uma pessoa sequer que conseguisse fazê-la entender que você pode ter os dois., já tinha passado por tudo isso antes, já sabia como era a dor e em como lidar com ela.

A diferença entre os dois era seu maior empecilho, ela era a mente racional, justa, sempre pensava em toda as consequências possíveis e impossíveis, analisava cada movimento e sabia qual resposta dar à ele, tudo era milimetricamente calculado, isso incluía seus sentimentos, principalmente seus sentimentos. Ele era a emoção imprudente, que atravessava qualquer coisa que visse pela frente, era a paixão avassaladora, o amor selvagem, sem regras, não se importava com as análises do errado. Ainda conseguia envolver-se nos braços de alguém tão metódico e direto, deixava suas emoções à flor da pele guiarem seus atos - mas a razão que gritava dentro de Jessica não a deixava dar o braço a torcer, amolecer o corpo, se entregar de vez, se calcular demais, sem pensar demais. Esse era o grande problema, algo que ela não sabia como mudar e que ele estava cansado demais pra continuar tentando.

No pôr-do-sol daquela sexta-feira todos da equipe pegariam voo para Londres, em direção a confraternização proposta por Tom, depois de tanto trabalho com as filmagens, com a premiere do filme que Jessica conseguiu fugir - como planejado - inventando uma desculpa de um trabalho inesperado que se tornaria uma bola de neve de um problema irreversível caso não fosse pessoalmente resolver e mandou Marianne no lugar, que aceitou completamente contra a sua vontade. O filme seria um sucesso, todos acusavam dizer que o trabalho de Jessica foi impecável, e ela repeti pra si mesma que tudo deu errado, nada tinha saído como esperado e ninguém tinha ideia disso - e guardava em si o orgulho que sentia do ator que Thomas estava se tornando, seu talento e carisma eram inegáveis e o que ela queria era dizer isso com todas as palavras pra ele - mas nunca o fez, sentia tudo, mas sozinha, sem conseguir dizer nada.

Estavam todos sentados esperando a hora do embarque ser aberta para que enfim o horário da viagem chegasse, e para o completo azar de Jessica, ou sorte, todos decidiram que queriam ir juntos para que não tivesse problemas de atraso e de ninguém perdido por aquela cidade que a maioria não conhecia por completo.

Quando a sua nova jornada com esse novo filme começou, Tom tinha consciência de que muitas coisas iriam acontecer ainda, era só o começo de inúmeras viagens, pessoas novas que conheceria, madrugadas em claro, trabalhar em horários que as pessoas dormiriam, e por esse mesmo motivo Tom decidiu comprar um apartamento grande separado da casa de seus pais, justamente para quando queria mais privacidade, para não atrapalhar os pais que já tiham trabalhado muito, tinha recém comprado e nunca usado, a inauguração de fato seria no dia da festa que ele daria para seus colegas de trabalho. Antes de decidir dar a festa ou não, de qualquer forma, ele iria antes para passar dias com a sua família, aproveitar seus irmãos, seus pais, mas eles ligaram alguns dias antes do voo para Londres avisando que tinham uma viagem de última hora para fazerem, que não podiam adiar, seus irmãos ficariam no apartamento, ou seja, eles queriam ficar sozinhos, todos que eram próximos de seus pais admiravam como eles pareciam estar sempre muito apaixonados e como amavam a companhia um do outro. 

love is a losing gameWhere stories live. Discover now