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Há quem se aventura em um amor da forma mais valente e audaz que existe em vida, vive mergulhado nas expectativas enroladas no entusiasmo de estar sentindo algo novo que se assemelha com a primeira vez de todos os sentimentos. Não tem medo. Abre os braços de olhos fechados com o coração escancarado para quem estiver disposto o suficiente para zelar de tudo o que existe dentro dele - e se joga no abismo escuro, no vazio oco da incerteza, sentindo a brisa fria das dores que podem vir logo a seguir passando pelo seu rosto congelado na felicidade, ainda que se sinta amedrontado uma vez ou outra, não se deixa levar por aquilo que está ali para poupá-lo de algo que pode ser extraordinário e está bem ali te esperando no final da queda. A consciência de que pode ser dolorido e acarretar feridas abertas que correm o risco de nunca mais cicatrizarem continuam ali, hora ou outra pousa em seus pensamentos e fica por alguns instantes, mas essa nunca é a razão para não tentar.

Desistir de tudo antes mesmo de experimentar se assemelha com deixá-lo preso em uma escuridão onde não se vê, não se sente nada e como a pior das consequências - também não se ama. Para quem vive nessa trajetória de sensações arriscadas não sentir nada é muito mais doloroso do que ter seu coração partido por alguém que não correspondia suas expectativas ou que acabou amedrontado quando o sentimento avassalador bateu na sua porta repetidas vezes e não deixou-o entrar.

A curiosidade de descobrir toda a história que estaria por vir move seus pés apressados correndo em direção ao que está a sua espera, nunca parando de correr para olhar para trás, onde a incerteza está parada ao lado do medo insistido para que fique. Jamais ficaria, não quando o amor está pairado a alguns metros de distância com um abraço pronto esperando para que chegue mais perto a ponto de tocá-lo

Existe também aquelas pessoas que estão sempre procurando uma razão, desesperadamente buscando um motivo para explicar todos os sentimentos que estão dentro de si para achar uma resposta que vá contra ele. Ou que o afaste na distância suficiente para se sentir seguro. Ainda que seja uma ilusão absurda achar que a segurança está em evitar o amor, ainda o faz, tentando se livrar, fingir, ignorar algo que sempre estará lá, porque somos feitos disso, nascemos com a semente plantada dentro de nós, e se está em si mesmo, é ilusão correr para qualquer direção que seja. Há quem viva dessa forma, tentando silenciar o que em algum momento vai gritar tão alto a ponto de ser ensurdecedor, onde de tanto correr vai ficar com os pés cansados e vai acabar alcançando você, que se tentar tapar os olhos vai esperar até que você se assuste com a escuridão e vai estar face a face te esperando.

Não se iluda acreditando fielmente que o amor está nos casais espalhados pela cidade que se entrelaçam nos braços um do outro, que se prendem a beijos na tentativa de trazer cada vez mais perto, ou nas mãos dadas que caminham com um sorriso pelas praças e pelas ruas. O amor está em tudo, em todos os lugares, principalmente onde nossos olhos cansados com a rotina não podem ver. Não descarto, em nenhum momento, a existência deles no amor entre dois, três ou mais, nem nos jovens que se encontram sem querer e o sentimento se assemelha ao paraíso, nem nos casais de idosos que vivem com essa chama acesa através dos anos, mas insisto que é muito mais do que podemos sentir.

Ele está nos pequenos encontros com amigos que guardamos com carinho dentro do peito mas que não vemos há anos, nos reencontros que a vida nos proporciona depois de um momento complicado demais, nos abraços inesperados que recebemos dos pais. Está numa conversa jogada fora com nossa irmã mais nova que sempre se resume a risadas altas incontáveis, num animal que vem pedir um afago inocente, numa mensagem que se lê pela manhã de alguém especial desejando um bom dia. É impossível não mencionar que o amor também está na espera, na paciência e na compreensão - exclusivamente nisso.

O amor sempre vai te ver sair pela porta e vai deixá-la aberta para quando você decidir voltar para casa, e quando voltar, estará de pé no mesmo lugar em que o viu na despedida.

love is a losing gameWhere stories live. Discover now