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Jessica encontrou com Tom, Violet e Travis na manhã seguinte exausta de ter passado a noite em claro e com os olhos visivelmente inchados de tanto chorar ainda que ela tivesse tentado esconder seu humor e seus olhos com uma roupa elegante e maquiagem. De primeira, quando viu Tom, sentiu um aperto no peito ao ver seu sorriso sem graça, o qual ela retribuiu, mas não podia demonstrar qualquer insatisfação porque primeiro: ela não queria que ele percebesse e segundo: Travis não podia, em hipótese alguma, desconfiar de alguma coisa. Tom também parecia estar com os olhos cansados, já que a noite também tinha sido muito longa pra ele, ele tinha mais um motivo além daqueles dois era que sua companheira, Violet, estava ao seu lado e ela não tinha ideia do que aconteceu nos últimos meses e muito menos na noite anterior. Estavam na porta da sede da RB onde se encontrariam para falar sobre a entrevista antes de irem para o destino de hoje. 

— Bom dia, srta. Roberts, como você vai? — Travis disse, cumprimentando-a

— Bom dia, Travis, tudo ótimo, e você? — ela respondeu com um sorriso forçado no rosto, ele apenas concordou com a cabeça retribuindo o sorriso, sem parecer notar sua insatisfação com aquele encontro. 

— Olá, Tom Holland, — eles se cumprimentaram somente com aperto rápido de mão — e a senhorita? — Jessica perguntou direcionando-se para Violet, forçando mais ainda simpatia e sorriso. 

— Essa é Violet, minha... namorada. — Tom respondeu, engolindo em seco, tentando miseravelmente esconder seu desconforto com aquela situação.

— Prazer, srta. Roberts, você é muito mais bonita pessoalmente, e elegante também. — a moça a olhava com um sorriso aberto, que fez com que ela se sentisse um pouco mal com a sua insatisfação inicial, ela parecia ser uma boa garota. 

— O prazer é todo meu. — Jessica se aproximou para um abraço rápido para dar oi para a menina, mais baixa ainda que ela. — é muita gentileza sua, você é muito linda também. Pode me chamar só de Jessica. 

—  Muito obrigada! — ela era inexplicável meiga e Jessica se perguntava como alguém podia nascer assim. 

— Você vai acompanhar a gente por hoje? — Jessica perguntou para Violet, abrindo a porta de entrada indicando que eles atravessassem. 

— Sim, acho que vou ficar com Tom essa semana, passamos muito tempo longe um do outro... saudade, sabe? — ela sorria o tempo todo enquanto falava. 

— Sei, sim. — Jessica respondeu, tentando ser o mais simpática possível enquanto andavam em direção a sua sala. — vocês formam um casal muito bonito. 

A expressão confusa e ao mesmo tempo desapontada se instalou no rosto de Tom, que mudou rapidamente quando percebeu para que Violet não notasse nada, ao mesmo tempo que conhecia Jessica como ninguém a conhecera antes, ela ainda continuava sendo muito inevitável, jamais imaginou que ela agiria tão educada e com cortesia com Violet, ela não era o tipo de mulher que engolia sapos, e agora estava ali escondendo tudo o que sentia, era inegável o desconforto de Tom com a situação completamente inesperada. A Jessica, por outro lado, lutava contra todos os seus sentimentos da forma mais árdua que conseguira achar, era mais difícil do que transparecia esconder tudo quando estava na frente dele, só piorava relembrar que semanas antes eles tinham prometido lutar com tudo que viria, e agora ele estava com uma mulher ao seu lado - que não era ela. 

— Ouvi dizer que você era bem brava, estive receosa antes de chegar aqui, mas você é super simpática, e elegante também, estou impressionada!

— As aparências enganam. — Jess disse seguindo com um sorriso agradável. 

Eles passaram pelo elevador, ela caminhava o mais rápido que podia para se afastar daquela situação, e pela recepção onde Marianne estava esperando para recebe-los. Na mesma hora em que viu Jessica andando na frente e Tom com sua respectiva namorada de mãos dadas logo atrás, entendeu o porquê do mal humor dela aquela manhã, não era preciso Jessica explicar mais nada para a melhor amiga,um olhar já era necessário para entender tudo o que acontecia em volta. 

Jessica, Tom e Violet conversaram sobre a entrevista que iria acontecer a seguir e Tom só assentiu a maior parte do tempo, estava evitando contato visual e dirigir a palavra para ela, estar com sua namorada e ela no mesmo local, ainda que só os dois soubessem de tudo o que aconteceu era muito estranho e desconfortável pra eles, embora Jessica agisse da forma mais profissional possível ignorando completamente o fato de que ela chorou a noite toda pelo cara que estava sentado a sua frente com sua nova garota. 


Aquela semana passou mais lenta que o normal, Jessica acordava incomodada todos os dias por saber que veria o casal mais fofo do mundo novamente. Achava Violet legal, no fim das contas, ainda que aquele jeito exageradamente graciosa e amável irritasse ela depois de um tempo. Sempre que conseguia uma pausa dos dois ela se afastava e pensava se era mesmo possível alguém ser desse jeito, como aquela menina era, ou se ela fingia muito bem por algum motivo, mas ele parecia estar mais tranquilo com ela como nunca esteve do seu lado e repetia diversas vezes que isso era o melhor para Thomas, que o amava o suficiente para deixá-lo ser feliz com alguém que fosse ser mais saudável, sem tantas inconstâncias, alguém que desse a certeza de um futuro juntos que ele precisava - mas tentar se convencer disso não era o suficiente para tirá-lo de si, ainda que tivesse se relacionado antes com alguém que tinha sido importante para ela, nada nunca tinha sido como Thomas, ele a envolveu sem pretensão e depois se viu amarrada em seu corpo sem conseguir se soltar, e de fato, ela não queria, passaria o resto da vida aninhada em seus braços nem que seja como na despedida, entre soluços e lágrimas, ficaria entrelaçada em seu abraço por toda a sua vida se ele pedisse para ela ficar. 

Nos seus maiores devaneios estava decidida a pagar o contrato, jogar tudo pro alto, viver ao lado de quem ela amava, quem esteve do lado dela em inúmeras situações imagináveis. O amor tinha batido na sua porta e entrado sem querer sair, ela teve essa sorte, ele era toda a sorte que Jessica precisava, todo aconchego, a segurança, tudo nele parecia ser feito sob medida para transbordar em sua vida, era muito mais do que tinha imaginado um dia e achou que nunca o perderia, que a sua paixão avassaladora o faria ficar, tinha certeza disso, mas quando o viu ir embora sem dar a ela uma chance para tentar novamente, quando viu Thomas com outro alguém do lado que não era, percebeu que o amor, a paixão não seriam suficientes, ele precisava de muito mais e ela não poderia dar, tudo o que tinha doado de si não tinha sido o bastante e por mais que quisesse, por mais que ansiasse por ele a cada instante, não poderia pedir para ele voltar. 

Tom gostava da companhia de Violet e nessa questão ele estava sendo sincero, ela era alguém que era agradável ter por perto, era reservada e divertida, mas mentia para si mesmo quando dizia pra si mesmo que não estava apaixonado por Jessica, quando dizia que no fim do dia seu coração ansiava para estar com ela e não com Jessica, que preferia ter Violet por perto.

Ele sabia que era injusto manter ela consigo se ele não via um futuro do seu lado; gostava de tê-la por perto mas nada era como Jessica, nem nunca seria, por mais que ele se empenhasse em entre tentativas falhas tirar ela da cabeça e se convencer de que era esse o destino dos dois, nada funcionava, ao mesmo tempo que sabia que era injustificável ele continuar com a outra garota para tentar esquecer alguém que marcou sua vida, mas não via outra opção, não agora depois de ter tomado essa decisão precipitada, ele enganava a si mesmo quando tentava insistir nos dois, porque não era com ela que o seu coração queria de fato estar, sempre quando se via distante de Jessica as coisas ainda entravam um pouco nos eixos, conseguia passar horas sem pensar no seu sorriso tímido, no seu jeito de se estressar com pequenas coisas, na sua impulsividade e no que ela se tornava quando os dois estavam a sós - sensível, amável e envolvente, mas quando seus olhos encontravam os olhos castanhos dela, ainda que inesperadamente, o impacto dos sentimentos que achava que tinham se perdido dentro de si arrebentavam o peito que batia como se fosse sair dali naquele mesmo momento, quando o som da sua voz passava pelos seus ouvidos e pairava em sua mente sentia todo o seu corpo estremecer, quando seus corpos, inevitavelmente se esbarravam quase que suplicando sem a consciência dos dois de estarem mais perto, sentia o choque e tensão de um amor misturado com uma saudade sem fim. 

A sensação de estar fazendo tudo errado e não ter como concertar fazia com que ele passasse noites em claro com uma frequência absurda, pensava em Jessica quase todo instante, mas não tinha coragem para terminar com Violet, ela ficaria chateada demais com ele, choraria novamente - essa imagem se repetia em sua mente toda hora que levantava essa possibilidade - e ainda que fizesse, não saberia como pedir pra Jessica voltar de vez pra sua vida, não conseguia encontrar dentro de si algum motivo que fosse o suficiente para ela querer ficar. 

love is a losing gameWhere stories live. Discover now