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O mês passava rápido demais desde a última briga e era exatamente isso que Jessica queria, antes, o tempo que ela desejasse que parasse, depois da discussão que eles tiveram desejava que passasse voando pra ela poder voltar pra casa e não ter que lidar com a distância obrigatória que vivia ali. O caso indesejável já havia acontecido há três semanas, desde então não houveram mais conversas entre eles, nada além do profissional, ela evitava ao máximo entrar em contato com ele agora e só conversava sobre assuntos que Travis não dava outra saída que não fosse dirigir a palavra a Tom, as gravações em New York já estavam chegando ao fim, faltava um pouco mais de duas semanas ali e depois iriam pra outra cidade, depois pra outra, depois pra outra, tudo isso durante o primeiro semestre. No segundo, começaria a divulgação, entrevistas, premier do filme, conferências, onde eles passariam a maior parte do tempo junto e era isso que assustava Jessica mais do que qualquer coisa. Ela nunca tinha estado em uma situação parecida antes, sempre evitou ao máximo, e quando deixou a porta entreaberta permitiu que um furacão entrasse destruindo tudo que ela havia mantido em ordem por muitos anos. 

Tom se obrigou a focar mais nas gravações do filme pra não conseguir pensar em Jessica, por mais que tivesse tentado mais do que tinha forças, ele sabia que não tinha outra porta para ser aberta, a saída que eles tinham era aquela que ela já tinha fechado semanas atrás. Por mais que nunca tivesse sentido algo tão forte por alguém antes, que ela tinha mexido com todas as suas estruturas, não adiantaria mais lutar contra algo maior que ele. Ela não tinha coragem o suficiente pra continuar e ele não conseguiria remar nesse barco sozinho, essas eram as razões pelas quais ele quis deixar o que viveram para trás também, por mais que tenha sido difícil, ele sabia que no fundo ela estava certa, nesse jogo não teriam vencedores, os dois sairiam com os corações partidos, dilacerados, decepcionados que poderiam ter feito diferente mas não fizeram. Tentar ter um futuro juntos era o mesmo que nadar, nadar, nadar e morrer na praia.

Eles estavam organizando as coisas para mudarem a rotina, teriam uma semana de folga e depois viajariam para Atlanta, onde passariam mais algumas semanas pra filmar, teriam bastante cenas em vários lugares diferentes, várias cidades. Não estava preparada pra conviver com ele por mais tempo ainda, mas pelo menos agora não teria a chance de descobrirem algo, porque não tinha mais nada entre os dois. 

Jessica arrumou suas coisas rápido, iria pra casa encontrar sua melhor amiga, Marianne, estava mal demais pra ficar sozinha sem a companhia de ninguém e ninguém melhor do que ela. Tom iria para Londres ficar com a família, já que Harrison não poderia ficar com ele dessa vez pra ajudar seu pai na pousada, não tinha com quem conversar lá sobre isso e pensou que seria uma boa ideia pra esquecer de vez a mulher dos olhos enigmáticos que tinham feito ele perder a cabeça. Se arrumaram depressa, Thomas foi pro aeroporto, sem se despedir, e Jessica se dirigiu para sua casa, onde encontraria sua amiga em menos de algumas horas, eles evitavam contato a todo custo na tentativa de parecer menos doloroso o afastamento forçado, não era o que o coração dos dois dizia para fazer, mas isso era o certo. 

Marianne estava esperando Jessica chegar em sua casa pra buscá-la para passarem a semana juntas, tinha enviado uma mensagem dias atrás dizendo que precisava do colo de melhor amiga que só ela tinha porque tudo de mais errado tinha dado na vida dela, chegando no local, com a sua moto estacionada na frente de seu prédio, Jessica anuncia por ligação que já estava esperando por ela, Marianne ao ver a moto, que não andava depois de tanto tempo, paralisou porque andar com Jessica era desesperador pela velocidade. 

— Jess, que saudade! Mas não acredito que você veio com essa coisa. — Marianne cumprimentou a amiga com um abraço, bufando ao pegar o capacete e sentar atrás de Jess na moto. 

— Não reclama, eu piloto bem. Vamos logo, tenho tanto pra contar que vou passar uma semana seguida falando. 

— Você pilota bem, mas você sabe o que eu acho sobre andar tão rápido com essa moto, Jessica, a gente quase morre toda vez. Eu quase morro, é de medo ainda. 

love is a losing gameWhere stories live. Discover now