All about us (part.II)

6K 419 277
                                    

[N.A.] Yo, minna (PORQUE NARUTO ACABOU E NARUTO ERA MINHA VIDA E AGORA ACABOU QUINZE ANOS DEPOIS E EU ACOMPANHO DESDE MEUS OITO ANOS E EU SOFRI E EU CHOREI E EU COMECEI MINHA VIDA NAS FANFICS POR CAUSA DE NARUTO E AGORA TO AQUI SURTANDO SEM PONTUAÇÃO POR CAUSA DE UM MANGÁ ESTÚPIDO AAAAHHH ODEIO A VIDA). Desculpem não ter postado ontem – nem deveria estar postando hoje, porque reza a lenda que eu tenho trabalhos para fazer e que minhas provas começam daqui uma semana e meia, mas ninguém sabe ao certo.
Enfim, cá estou. Esse capítulo virou meu amorzinho. Ficou relativamente pequeno, mas acho que consegui acabar com alguns emocionais (inclusive o meu). Espero que gostem (por que ninguém gosta de graciall????????????????????? Graciall minha vidinha).
Btw, acho que todos sabem mAS AQUELE ÁLBUM, NOSSA SENHORA DA APARECIDA, DEUS TOMA CONTA DA MINHA ALMA PORQUE EU NÃO SOBREVIVI, SEI QUE NÃO FAZ SENTIDO NENHUM, MAS EU NUNCA ESCUTEI NADA PARECIDO, ESTÁ ABSOLUTAMENTE E INSAMANETE PERFEITO, CADA MÚSICA FOI COMO UM TIRO NO MEU PEITO E EU CHOREI TANTO QUE MINHAS LÁGRIMAS FORAM SUBSTITUÍDAS POR SANGUE.
Já declarei minhas preferidas (até eu ouvir Illusion lol): Fold's Gold, Stockholm Syndrome e No Control. Ser louis girl é pedir pra sofrer lenta e dolorosamente, eu vos digo. Não consigo escolher, cara, são todas MUITO PERFEITAS, PORRA.
Ok, ignorem o surto de uma fã que dedica mais sua vida a eles que a própria vida escolar acadêmica e o caralho a quatro.
Especialmente dedicado ao Unholers, minhas garotas. O melhor grupo, sem dúvidas. Os melhores nudes também lOL
Sim, nós somos lésbicas taradas peitudas (eu não *crying a lot*). Processem-nos.
E, claro, muito especialment dedicado a stylinvelcro. Sei que já falei dela aqui, mas nós conversamos por DM, e ela tomou uma atitude muito corajosa esses dias, e eu me sinto orgulhosa de tê-la como leitora. Eu a admiro, e sei que as coisas são difíceis, mas tudo ficará bem no final. Só queria que ela soubesse do meu apoio incondicional.
E tem essa garota linda e especial, a larrythereason. Ela me mandou mensagens incríveis e fantásticas, e me fez me sentir uma pessoa melhor. Dedicado a ela, porque eu percebi que realmente estou ajudando as pessoas, e isso é demais. Obrigada por me tornarem a escritora mais feliz do mundo. Desculpas de novo pelo capítulo meio pequeno.
P.S.: Alguma vez as coisas já ficaram bem em Unholy? Pois é, me aguardem semana que vem LOL
P.S.S.: mamãe ama vocês

P.S.S.S.: SÓ QUERIA DIZER QUE A RAINHA QUOTESLARRY LÊ MINHA FIC, BEIJÃO MUNDO, SE PRECISAREM DE MIM ESTAREI NO CHÃO NADANDO NAS MINHAS LÁGRIMAS [/N.A.]

3°. P.O.V.

Quando chegou à Avenida, Zayn refletia sobre sua vida e como ele havia chegado ali. Seus pensamentos amontoavam-se rudemente, misturando-se com memórias e anotações mentais. Quanto mais pensava, a mais conclusões chegava. Por fim, próximo ao cruzamento com a 5th, o garoto magro já tinha conseguido mais conclusões psico-pessoais que qualquer outra pessoa. Só haviam se passado cinco minutos.

Ele subdividiu em categorias, cada qual com sua própria conclusão específica, mas que, no final, eram a mesma coisa. Poeticamente falando, Zayn concluíra que era como um cometa à deriva. Psicologicamente falando, ele estava em um colapso nervoso não-potencializado. Metaforicamente falando, ele era um coelho vivendo com patos. Não era comum, natural ou lhe fazia bem, mas ele tentava desesperadamente fazer com que desse certo, tentava se adaptar àquela realidade que não era a sua. E, finalmente, praticamente falando, ele estava fodido.

Seguia pela mesma rua, entrando no mesmo prédio, cumprimentando as mesmas pessoas, dando os mesmos sorrisos. Ele seguia pelo mesmo corredor, e então, entrava no mesmo quarto. Avistava a mesma decoração, a mesma cama, e, por fim, a mesma pessoa.

Ele sempre estava ali, resmungando sobre tudo e todos a sua volta. Zayn ao menos sabia o porquê de ir ali, se dar ao trabalho ajudar, de ser humilhado e xingado por alguém que ao menos queria sua ajuda. Ele não era nenhum Santo Agostinho, nem tinha vocação para tal, mas havia alguma coisa naquelas palavras rudes, naquele jeito pretensioso e naquele muro alto que apenas o atraíam mais e mais, deixando-o determinado a escalar aquele muro e derrubá-lo, e derrubar as máscaras, e derrubar as proteções, e descobrir quem, realmente, era Liam Payne.

– Você de novo. – o garoto conseguiu revirar os olhos, e Zayn sorriu sarcasticamente.

Fisicamente – e, não havia como negar, psicologicamente falando também – Liam estava tendo uma melhora significativamente boa. Seu rosto desinchou e adquiriu manchas, apenas, e alguns cortes espalhados, embora seus olhos tenham se deformado parcialmente para o lado, e ele teria que passar por uma cirurgia simples a fim de colocar tudo no lugar novamente. Seus lábios e clavícula já estavam perfeitamente boas, mas o médico aconselhou manter os curativos por mais algum tempo. Suas costelas quebradas já não doíam como antes, bem imobilizadas, e por ficar no tempo todo deitado, suas células reconstituíram grande parte do músculo também.

Em questão de seu psicológico, bem... Zayn podia dizer que ele continuava tão absurdamente ridículo quanto antes – senão mais. De 11 palavras que saiam de sua maldita boca deliciosamente atrativa, 8 eram ofensas alheias, e as 3 restantes eram sobre como ele estava certo e o mundo estava errado. Zayn geralmente ignorava veementemente, apenas o ajudando a alimentar-se e alongar-se – e vez ou outro, quando se sentia mais piedoso, até ligava a pequena TV localizada no canto do cômodo e lhe trazia um copo de água.

O garoto de cabelos pretos não sabia porquê fazia aquilo todos os dias. Estava escondendo as coisas de seu melhor amigo para se sujeitar a discursos de ódio e repulsa. A troco de que? Nem sequer um obrigado.

Talvez Zayn só fosse um coelho muito teimoso.

– Como você se sente hoje? – o Malik apenas ignorou comentário como todas as vezes, deixando as sacolas com comida recém-adquiridas em cima de uma cadeira dobrável e sentando-se em outra.

– Como em todo os outros dias. – replicou grosseiramente, bufando. Zayn se manteve impassível.

Era assim desde que Zayn o beijou. Na primeira vez que apareceu no hospital depois do episódio, Liam surtiu tanto que precisou ser sedado. Horas depois, o garoto desferiu as palavras maos ridículas da face da terra, xingando-o dos mais diversos nomes e acusando-o de querer levá-lo para o inferno consigo. Logico que Zayn achava graça em tudo aquilo, mas fez uma boa cara de ofendido por fora, pondo em prática todo seu talento de ator. O problema era: ninguém nais aguentava Liam. Médicos, enfermeiros, enfermeiras, faxineiras, fisioterapeutas, ninguém. O garoto era um completo imbecil. O que era compreensível, na verdade. Ele se sentia frágil, culpado e quebrado por dentro. Era normal que se sentisse repelido a uma casca de frieza e arrogância para se proteger, mas o universo ao seu redor não sabia e não precisava aguentar isso. Foi então que a chance perfeita para Zayn apareceu. Liam não teve outra opção: ou aceitava a ajuda que o garoto lhe oferecia de bom grado, ou perecia lentamente e sozinho. Até mesmo o mais frio dos homens prefere sobreviver.

Mas estava claro que o Payne não o faria completamente resignado. Como meta pessoal, traçou que tornaria aquela relação – profissional – de interesses mútuos o mais desagradável possível – não que fosse uma tarefa muito difícil. Infelizmente, para ele, entretanto, Zayn era a pessoa maos paciente que já pisara na face da Terra. O muçulmano ignorava absurdamente bem cada mísera ofensa que partia do outro – e estas não eram poucas. Restava para Liam apenas aceitar, mesmo não concordando, e se esforçar cada vez mais para atingir Zayn, como um prazer pessoal ou algo do tipo. Particularmente, ele não entendia o porquê de desejar desesperadamente atingir Zayn, fazê-lo sair de sua máscara de tranquilidade e passividade.

– Que bom, quer dizer que estamos evoluindo de “vai se foder” para “como em todos os outros dias”. – zombou, e Liam bufou como um touro irritado – Eu trouxe pasta dr amendoim e sopa enlatada, foi a única coisa que deixaram passar. – tirou as embalagens da sacola, continuando seu monólogo. Liam suavizou a carranca, sentindo o estômago gritar desesperadamente.
O garoto magro caminhou devagar, arrastando sua cadeira para apoiar a bandeja, enquanto abria a lata de sopa, acomodando-se na borda da cama. Liam engoliu em seco quando houve um atrito entre suas pernas. Era por aquele e outros milhares de motivos que preferia permanecer longe dele. Cada contato era como ondas eletromagnéticas, revivendo as memórias de dias atrás em sua mente. Perto dele, sentia sua armadura cair, e seu interior lutava para não ceder. Era errado, era nojento. Ele não seria como Louis e Niall – mesmo sentindo-se culpado como o inferno. Seu orgulho falava mais alto, sobretudo.

– Bom, vamos lá. Se você conseguir comer tudo, posso até tentar conseguir algum doce pra você lá embaixo. – Zayn disse em seu melhor tom de paz. Liam resmungou, sentando com as costas eretas e se inclinando ligeiramente para frente.

– Não preciso dos seus favores. – murmurou, abrindo a boca com cuidado, sentindo o caldo temperado e aquecido penetrar suas papilas junto com o metal frio da colher. Zayn apenas revirou os olhos, sorrindo de lado.

– Aposto que sim, big guy. – murmurou de volta divertidamente, lhe dando mais uma colherada e limpando o que escorria pelos cantos. Liam o olhou em agradecimento, sem nada a dizer. Zayn o imitou, em uma conversa muda.

Um agradável silêncio se instalou no ambiente. Liam conseguia mover parcialmente os braços, mas isso lhe causava alguma dor no ombro, e o médico aconselhara repouso absoluto, para não arriscar deslocar mais nenhum osso ou romper nenhum ligamento. Zayn não se importava, de qualquer maneira. Apenas de saber que Liam dependia dele e, ainda assim, não reclamava (muito) já compensava. Fora o tempo que inegavelmente passavam juntos.

A lata era pequena, e mais algumas colheradas bastaram para que seu conteúdo acabasse. Liam engoliu novamente, se esquecendo por um momento de quem fingia ser, passando a língua em volta dos lábios infantilmente, tirando os resquícios, e fazendo caretas engraçadas. Zayn viu aquela cena e involuntariamente riu baixo, sacudindo seu corpo e a cama. Liam lhe fitou, sem perceber, sorrindo junto. Não era um sorriso qualquer, torto, sarcástico ou forçado. Era um sorriso verdadeiro, que encolhia seus olhos em pequenas fendas e fazia seus músculos faciais doerem.

E então, ele percebeu. O riso, o sorriso, a sensação de felicidade e de paz que sentiu. Ele não havia sorrido pelo ato, e sim pelo garoto a sua frente. Liam percebeu, assustado, surpreso, com medo, de que o som daquele riso era o mais belo que já apreciara. Ele nunca havia ouvido nada parecido. E, no mesmo segundo, seu rosto foi murchando, até não restar nenhuma expressão sob ele. Estava confuso, e com raiva de si mesmo por ter aqueles pensamentos.

Eles ficaram se encarando sem nada a dizer, e Zayn diminuiu o sorriso, percebendo tudo, todas as expressões que refletiam em seus olhos. E então ele suspirou, tocando levemente seus dedos sobre os dele. Liam retesou, tentando retirá-los, mas Zayn pressionou um pouco mais. Não sabia se era o fato de estar machucado ou ter se deixado levar, mas o maior deixou sua mão no mesmo lugar, aproveitando secretamente, no fundo de seu coração, o toque quente que a pele transmitia.

– Quando você via parar de lutar contra o que você é? – perguntou, erguendo uma elegante sobrancelha, e Liam engoliu em seco.

– O que você quer dizer com isso? – replicou, tentando firmar a voz, mas falhando-a ligeiramente no final.

– Bem, eu acho que está sendo meio óbvio, mas aquele beijo estabeleceu bem as coisas por aqui. Não negue para si mesmo. Quanto mais rápido você assumir, melhor vai ser para aceitar.

Liam tomou um choque de realidade, afastando os braços com força para trás, sentindo uma fisgada dolorosa no trapézio, mas a ignorou. Zayn o encarava com surpresa, mantendo suas mãos suspensas no mesmo lugar. O garoto o fitava com o rosto afoito, ressaltando cada machucado, ainda brilhantes e chamativos. Liam não entendia o que estava havendo consigo, mas tinha certeza que havia entendido certo o que Zayn queria lhe dizer, e ele estava errado. Tinha que estar.

Liam era convicto do que era, do que gostava. Ele tinha certeza de suas escolhas e de sua essência. Sua mente sabia o que era certo e o que era errado, e não seriam sentimentos confusos que lhe fariam mudar. Não seria o garoto de cabelos pretos e olhos brilhantes e tatuagens incríveis e jeito absolutamente cativante que o faria mudar.

– Cale a boca, você não sabe o que diz. Eu não sou gay. – disse o mais alto e claro que conseguiu, querendo convencer alguém que não era Zayn. Este, que sorriu mais largamente que antes, e Liam estranhou aquilo.

– Eu também não sou. – soprou, puxando uma cartela de cigarros da boca e se levantando. Caminhou até a janela, acendendo um deles e dependurando na boca. Liam se xingou por achar aquela cena estupidamente sexy. Baforou uma vez e se virou para ele.

– Como não? – o Payne retrucou, irritado por estar confuso.

– Eu não sou gay. – Zayn repetiu calmamente – Esse é o seu problema, Liam. Esse é o problema da porra da sociedade inteira. Você se guia por rótulos e fachadas inúteis para definir alguém, para definir o que você sente. As pessoas rotulam roupas, acessórios, objetos. Isso é normal. Mas elas são consumidas por esse espírito doentio de catalogar e consumir, e começam a classificar humanos como uma outra espécie. Como se não tivéssemos dois olhos, duas orelhas, um nariz, ossos, músculos e qualquer porra dessas! – Zayn se voltou para mais perto, o encarando com um brilho perigoso nos olhos – Você realmente acha que eu amo rótulos? Que eu sou um rótulo? Essa concepção é algo tão nojento e ridículo que me dá ânsia. As pessoas dizem 'gay' ou 'lésbica' como se fosse alguma doença sem cura, uma coisa passageira, ou um objeto ao qual você dá nome. Mas você quer mesmo saber qual é o nosso único defeito? – inclinou-se para frente, o cigarro dependurado sob seus lábios deixando-os apenas mais atraentes. Liam queria baixar os olhos, mas não conseguia o fazer, atraído para a figura a sua frente. Ele engoliu em seco – Amar pessoas. Nós não ligamos para o sexo, nós nos permitimos ir além disso. Eu me recuso a ser rotulado de una maneira tão... pré-histórica. Os humanos são os animais mais racionais que já caminharam e dominaram a Terra, e, ainda assim, conseguem ter uma mentalidade tão ultrapassada que chega a surpreender. Anos de pesquisa, de evoluções, tecnologia, para que, no final, tudo isso fosse usado para humilhar as pessoas, fazê-las inferior por suas escolhas. – o garoto expeliu raivoso, mas respirou fundo em seguida, acalmando-se – Eu não sou gay. Eu posso me apaixonar por um cara hoje, e por uma garota semana que vem. Eu apenas me sinto mais atraído por homens, é algo natural. Eu nasci assim. Não é algo que você escolhe, não é tão simples assim. A única diferença é se você aceita mais cedo, ou mais tarde.

Quando terminou, apagou o cigarro e jogou no lixo, inspirando fundo. A nicotina já não cumpria sua função como antigamente, a não ser matá-lo lenta e irremediavelmente.

Enquanto isso, Liam encarava o vazio, com um bolo formado em sua garganta. Cada palavra que penetrava em sua pele se infiltrava, tomando espaço e força. Era um maldito vírus, e nem suas maiores barreiras pareciam ser capazes de combatê-lo. Mas ele precisava. Não se deixaria levar por um discurso bonito e palavras fortes. Seu Deus era justo, e era um Deus de misericórdia. Em seu reino não entrariam os maus, nem os ladrões, nem os mentirosos, nem os adúlteros, nem os hereges, nem os pecadores, nem os indignos. Nem aqueles que se deitavam com seu igual.

Mas... por que havia um Deus sussurrando em seu ouvido? Liam sentiu o sopro sob sua nuca, e uma sensação de culpa tomou conta de seu corpo. Uma parte, pequena, mínima, insignificante, passou a crescer, gritar no eco. Ela dizia que estava tudo bem. Que era certo também.

“E amais uns aos outros como Eu vos amei. E todo aquele que vier à minha Casa, então Eu o acolherei. E todos aqueles que são Meus filhos, deles será o Reino dos Céus”.

Mas ele não conseguia. Ele não podia.

– Eu não sou assim. – seu sussurro ecoou por todo o cômodo – Eu não sou como você.

Ouviu-se um rugido, que partiu do garoto menor. Liam assustou-se. Zayn andou em passos rápidos e furiosos até a cama, e Liam jurou que se afastaria se pudesse. Ele era pequeno, mirrado, magro, mas a aura que emanava de si era abrasadora.

Zayn estava cansado. Cansado daqueles jogos, cansado de Liam negar e negar, mesmo sentindo que era aquilo que ele era. Estava cansado de ir até ali, dia após dia, e definhar seu coração estupidamente só porque estava apaixonado por um idiota estúpido.

Chegou perto o bastante, o encarando com os olhos em fúria. Em um ímpeto, postou uma mão a cada lado de seu rosto, tomando cuidado com as ataduras. Aproximou seus rostos, e encarou-o por um segundo antes de colar seus lábios, irritado.

Tal como da primeira vez, o quarto mergulhou em um silêncio profundo, onde nem as respirações eram audíveis. O coração de Liam era como um tambor, chocando-se em seu peito prestes a sair. Ele estava em choque, encarando o rosto de Zayn. Ele via tudo. Os pequenos fios desordenados de sua sobrancelha, e seus cílios grossos e longos. Sua pele bronzeada, cheia de delicadas sardas espalhadas. Inconscientemente, em seu interior, ele parou de lutar, e seus próprios olhos começaram a cair, até estarem completamente fechados. E pareceu como se ele nunca tivesse visto tanto.

Agora ele conseguia sentir perfeitamente o toque. Era macio, suave, mas tinha raiva e descrença à maneira que Zayn o investia contra si. Seu gosto salgado misturava-se com o cigarro, e suas mãos se fechavam contra o rosto, pressionando-o para si, com a intenção de não deixá-lo escapar. Mas, àquela altura, Liam não tinha essa pretensão.

Ele apenas não sabia o que estava acontecendo. Da primeira vez, foi fácil ignorar os sentimentos, o nojo e a repulsa pelo contato. Mas naquele momento, tudo desflorava dentro de si, como margaridas na primavera. Abriam suas pétalas, imponentes, e nada podia detê-las. Liam era como uma garoa, constante e sempre igual. E Zayn era um furacão. Ele chegara e o bagunçara completamente, envolvendo-o em seu vento forte, não lhe dando escapatória. Sentimentos dos quais Liam queria fugir o seguravam com rédeas invisíveis.

E, então, não havia mais volta.

Liam entreabriu os lábios levemente, e Zayn entendeu tudo. Tudo que se passava, tudo que ele estava fazendo inconscientemente. Parte dele assumia querer aquilo, enquanto a outra parte lutava desesperadamente para fugir. Mas o Malik não se importava com 50%. Sorrindo entre o beijo, intensificou-o, unindo suas bocas irremediavelmente. Exploravam-se com ardor, procurando aproveitar cada segundo. Zayn o conduzia, e Liam estava mais que satisfeito em ser conduzido. Ele não sabia onde sua sanidade fora parar, mas não se importava nem um pouco naquele momento. Daquela fez, era ele quem não se importava.

O pulmão de ambos gritavam em busca de ar, e foi somente quando Zayn quebrou o beijo que eles respiraram novamente. Liam permaneceu de olhos fechados, voltando, pouco a pouco, para a realidade. Sua mente, outrora derretida, firmou-se sólida, repassando cada cena, queimando dentro de si. O beijo não durara mais que dois minutos, mas algo dentro deles sim. O garoto menor exultava em felicidade, enquanto o maior era um misto de confusão e descrença. Para ele, simplesmente, não havia caído a ficha.

Zayn se afastou lentamente, sorrindo como uma criança no Natal. Andou até a cadeira, pegando sua carteira dentro da bolsa e indo até a porta. Liam o seguiu com os olhos inexpressivos, a boca entreaberta.

– Pense sobre isso, big guy. Eu vou comprar sua sobremesa. – e saiu, sem olhar para trás.

Liam ficou ali, com seus pensamentos desordenados e seu coração, parecendo atravessar sua caixa torácica de tão acelerado. Era simplesmente insano, era errado, era inescrupuloso, era... era certo. Parecia ser. Ele não sentiu mais nojo, ou repulsa. Ele se sentiu completo, e, quando se livrou daqueles lábios, sentiu falta deles desde o primeiro instante. Era como se já estivesse viciado. Como se já tivesse se acostumado. Era como se... já tivesse nascido daquela maneira.

E então ele entendeu. Foi iluminado por uma força maior, um entendimento misterioso, que tomou conta de si. Estava claro o tempo todo, e somente ele não via. Haviam tampões sobre seus olhos, havia uma cortina, grande e vermelha. Ele puxara as cordas, e ela se abriu. Estava tudo claro e límpido como a água. Ele entendia, finalmente. Como Eva e sua maçã, toda a verdade se revelou a ele. Mas, naquele momento, quando finalmente conseguiu entender, ele sentiu mais medo. O maior medo que já sentira em toda sua vida. Ele não se sentia pronto para aquilo. Ele não queria saber, ele não queria a verdade. Porque ele já conhecia aquela história. “Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal”. Estava prestes a ser expulso do Éden.

Unholy (Larry Stylinson AU Religious!Louis)Tahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon