Capítulo 35

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Quando percebi já estava batendo na porta do diretor. Não conseguiria descansar até ter algo concreto para acreditar, e não meias verdades. A porta é aberta por Alvo, que me convida para entrar.

"Eu preciso conversar com você. Eu quero respostas Professor, a verdade" falo o encarando.

"Não é hora de você se preocupar com isso, vamos deixar que as coisas evoluam naturalmente" ele responde calmamente. O que? Nem ferrando, era sobre a minha vida que estávamos falando.

"O senhor não entende, eu vou ficar louca. Não posso continuar as cegas seja lá o que isso for. Eu estou entrando em colapso" respondo começando a ficar irritada, ele não tinha direito de esconder isso de mim. Sinto minha respiração hiperventilar, eu estava desabando.

Não parei nem um segundo se quer de o encarar e quando já estava desistindo para ir embora, algo novo aconteceu; sentia que alguma coisa saia de mim, como uma sombra ou uma luz. Minha consciência estava agora em um mar de imagens, que iam passando muito rápido. Não conseguia prestar muita atenção, mas via alguns rostos conhecidos. Sinto sendo puxada bruscamente para fora daquele lugar, estando novamente na Torre do Diretor. Tive que me apoiar na cadeira para não cair no chão.

"Como fez isso?" Dumbleodore me pergunta irritado. Não sabia o que falar, fiquei só encarando ele com a boca aberta igual a um peixe." Me responda Eduarda! Como fez isso?" Ok, agora ele estava gritando.

"E-eu não sei o que aconteceu. Minha cabeça, eu estava aqui, mas depois estava em um lugar. Não lembro de muita coisa. Eu só estava irritada por você não me dar nenhuma resposta, eu estava indo embora!" falo rápido e gaguejando um pouco. Não conseguia raciocinar nada, muito menos formular uma frase coerente.

O professor só respira fundo e continua a me olhar com um olhar irritadiço, mas também com um pouco de curiosidade.

"Você tem que aprender a controlar melhor as suas emoções Srta Stark, não queremos que aconteça algum acidente. pode sair da minha sala, está liberada" ele diz por fim e se vira pensativo.

Eu não estou bem, toda hora acontece alguma coisa comigo. As vezes penso que sou amaldiçoada, sei lá. Ando pelos corredores e esbarro em alguém.

"Malfoy, pelo visto está melhor" digo ao ver quem era. "Me conte uma coisa; sua mãe falou sobre qualquer coisa que está relacionada a nós?".

"Nada, nem uma palavra. Ela só disse para me controlar, ou alguma coisa do gênero. Pelo jeito teremos que descobrir sozinhos, ou esperar o jogo de Dumbleodore estar todo montado" ele fala e eu passo as mãos no rosto.

"Não se preocupe com isso agora, tenho alguém que já está procurando uma resposta junto comigo. Talvez quando pudermos saber sobre o que se trata conseguiremos acabar com tudo isso" falo e ele recua um pouco.

"Por que está sempre falando em acabar e quebrar isso? Está sempre nos rejeitando, nos machucando. É muito incomodo para você ficar na nossa presença? Queria que nunca tivesse nos encontrado?" ele fala com uma voz meio estranha, parecia o Smeagol do senhor dos Anéis falando assim.

"Não, eu não disse isso Malfoy. Não coloque palavras na minha boca. Por que diz 'nós' em vez de 'eu'? Acho que precisa voltar na enfermaria para descansar um pouco mais" digo e me afasto um pouco.

"Somos nós, seus companheiros, não vê? Nós somos seus e você é nossa, não.. minha" ele bate na cabeça. "Sai da minha cabeça! Pare de falar, eu não quero você aqui! Não quero, não quero não quero. Para de me incomodar" ele volta a falar com sua voz normal, mas não para de bater em sua cabeça.

"Ei, Malfoy. Ei, olha para mim" digo e seguro seus braços, o forçando me encarar. "Você quer conversar? Posso fazer alguma coisa para ajudar?" pergunto desesperada para ele. Esse negócio de companheiro não era bom, tinha alguma coisa aí.

 De agora em diante, eu querendo ou não, Draco Malfoy pertencia a minha vida, pelo menos até descobrimos como romper essa ligação maluca.

"E-eu.. v-você me abraçar? Eu não consigo tirar ele da minha cabeça, me deixa louco. Eu não sei o que fazer" ele fala soluçando e eu fico sem reação. Nós dois estávamos passando por alguma coisa juntos, e era assim que conseguiríamos contornar isso, juntos.

O abraço e ele se aconchega em mim, como uma criança. O ouço soluçar mais ainda, ele estava chorando. Passo a mão pelas costas dele a fim de o acalmar, pelo menos por hora. Se eu tinha uma certeza agora era que nós dois éramos as vítimas nessa loucura.

Passagem de tempo

Na manhã seguinte

O Grande Salão estava praticamente vazio, apenas preenchido por alguns poucos alunos que ficaram para passar as festividades na escola. Apenas eu e Draco representávamos a Casa da Cobra no café-da-manhã. Não conseguia comer nada, meu estomago estava embrulhado por conta dos últimos acontecimentos, e pelo que parece meu colega se encontrava na mesma situação.

"Você quer conversar, sabe, sobre o cara que tá na sua cabeça?" pergunto baixinho para que só ele ouça. Eu não podia mentir, estava morrendo de curiosidade.

"Eu não sei ao certo quando ele apareceu, mas ele não quer desaparecer. Ele fala que sou eu, mas não tem como ser eu porque eu sou eu, entendeu?" ele fala e eu demoro alguns instantes para entender. "Ele me manda fazer umas coisas estranhas, e as vezes assume o controle. Eu tenho medo que ele possa assumir o controle total do meu corpo" ele fala também sussurrando.

"Então você conversa com ele? O que já tentou para tirar ele daí?" pergunto apontando para sua cabeça.

"De tudo que possa imaginar, mas ele diz que só vai embora quando terminar o que tem que ser feito. Ele fala sobre uma companheira a toda hora, de como fomos destinados a ela pelo próprio destino. Mas eu não acredito nessas baboseiras" ele me responde brincando com um pedaço de torta no prato.

"Malfoy, você não acha que eu, hm, seria essa companheira, acha?" eu pergunto e ele me encara como se eu tivesse dito que magia não existe.

"Está louca? É claro que não, quer dizer, eu não sei ok? Eu estava louco ontem a noite, não sei se o doido na minha cabeça estava falando a verdade. Mas é provável que não, isto é, talvez eu só esteja maluco. Também, sem querer ofender, acho que não seria você a mais indicada" ele fala e eu perco o pouco apetite que tinha.

"Alguém então como Pansy Parkinson?" pergunto irritada e ele me ergue uma sobrancelha. É melhor que coma rápido essa torta antes que eu esfregue o seu rosto no prato Malfoy.

"Não sei, talvez. Mas, como disse, não acredito nele" ele responde e eu me levanto. "Aonde você vai?".

"Então peça para Pansy Parkinson ou quem quer que seja a porra da sua companheira para vir te ajudar, por que para mim já deu Malfoy' falo e saio.

Eu não sei o que estava dando em mim, não era ciúmes, era mais como raiva. Eu podia estar na casa dos Weasley agora, mas não,  tive que abandonar tudo para vir até o castelo. Mas pensado bem, era até bom que eu não fosse essa tal de companheira dele. Ela que lute, não me importa. Talvez essa ligação deva ser sobre querer matar um ao outro, porque isso sim é o que eu sinto.


My Little Mudblood [D.M]Where stories live. Discover now