Longe da família, nada parece fazer sentido, e o amadurecimento se transforma com o tempo. As responsabilidades estão nítidas dessa vez, e os dilemas passam a ser outros - mais complicados, talvez.
Logo de início, Kauany narra as suas experiências e...
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Claro que eu não ia conseguir cuidar de cinco criaturinhas bagunceiras sozinha, e sendo assim, pensei em pedir a ajuda de Salete.
— Se vira! — disse ela.
Era sexta à noite e Fabiana já estava prestes a sair para pegar o voo. Não consigo entender a falta de compreensão por parte da empregada arrogante.
— Quando fui embora, você ficou triste — falei.
— O clima estava triste e apenas me deixei levar pelo ambiente — justificou Salete, saindo em seguida.
Confesso que fiquei mais perdida do que antes, mas não o suficiente a ponto de ficar irritada e querer discutir. É difícil encarar certas situações.
O sorriso estampado de orelha a orelha em meu rosto deixava claro o tamanho da felicidade que estava sentindo por voltar a cuidar das crianças. Algo em meu interior dizia que tudo valeria a pena, incluindo cada momento ao lado deles.
A hora da despedida foi bem triste e um tanto desesperadora para Shaira.
— Não vai, mamãe! — pediu a garotinha. — Por favor!
— Ah, querida! Eu preciso ir, mas logo estarei de volta — disse Fabiana, dando aquele abraço apertado na filha.
Admirei todos que estavam presentes na sala de estar com apreciação. Pude notar uma família unida em meio aos problemas e pensamentos diferentes, e senti o clima se transformar em algo agradável. Não foi fácil deixar com que os cinco irmãos estivessem cientes da situação, e isso mudou completamente a minha perspectiva sobre o que seria necessário enfrentar.
Os próximos dias seriam extremamente agitados, mas a saudade entraria em cena muitas vezes, afinal Fabiana precisava viajar, e as crianças sentiriam falta da mãe, uma hora ou outra.
— Antes de ir, queria tirar uma dúvida com você — falei para minha chefe, enquanto ajudava ela a carregar as malas até o elevador. — Como descobriu onde eu moro?
— Boa pergunta — disse Fabiana, cruzando os braços e lançando um sorriso de orelha a orelha. — Na verdade, eu tinha o seu endereço. Apenas procurei pela casa certa e fui atrás da melhor babá que meus filhos já tiveram.
Minha autoestima surgiu do nada após esse comunicado. Realmente ganhei o dia, mesmo tendo que enfrentar os próximos sozinha, sem a ajuda de ninguém. Aí, sim, eu poderia me tornar a pior babá que as crianças já tiveram. E graças a esse pensamento, tentei ser a pessoa mais legal possível durante a noite.
Abracei Fabiana com força e nos despedimos. Em seguida, corri pelo corredor até a porta da casa. Ao entrar, encontrei os cinco irmãos sentados no sofá da sala de estar meio desanimados, e tive uma ideia repentina (meio maluca, confesso).
— Pessoal! Que tal a gente aproveitar essa noite pra nos divertimos juntos, com música, brincadeiras e muita animação? O que vocês acham? — sugeri, mais empolgada do que nunca.
