A noite foi longa, e até que deu pra descansar — não o bastante, mas acredito que tenha sido o suficiente. O sol através da janela da cozinha deixava uma pequena amostra de como seria o dia, e isso deixou o clima mais agradável.
— Bom dia — soltou seu Arnaldo, com total animação e prestes a pegar o jornal pra ler.
— Bom dia, tio — disse Carlota, meio sonolenta, e debruçada sobre a mesa.
— Chegou agora? — questionou meu pai, com o cenho franzido, e curioso que só ele.
— Ontem dormi aqui — esclareceu minha prima.
— Nossa! — exclamou seu Arnaldo. — Nem notei. Acabei dormindo cedo demais.
Aposto que o cansaço tenha afetado a todos na noite anterior, só isso justificaria o clima de preguiça no ar. Tentei relaxar, mas parecia ser impossível manter a calma após recordar tantos momentos bons. Isso prejudicou bastante o meu desempenho, e agora estou sem muita disposição pra enfrentar o trabalho.
Observei dona Agnes durante o café da manhã. Notei que ela estava exausta, pois bocejava a todo instante. O sono tomou conta do momento, e até seu Arnaldo que acordara na maior animação, se deixou levar pela situação, apresentando um desejo enorme por voltar a dormir estampado na cara.
— Tomara que hoje não seja tão movimentado na floricultura — disse dona Agnes, mais cansada do que nunca.
Independente de qualquer coisa, nada poderia deixar o ambiente mais calmo, afinal a conversa serena contagiava o local e refletia o excesso de sono carregado por cada um. Inclusive, pode-se declarar este fato como algo extremamente comum nas manhãs de qualquer família — principalmente na minha.
Em situações como essa, geralmente alguém se dispõe a deixar o clima mais empolgante. Só que com a indisposição nítida, fica complicado.
Fiz um sanduíche de queijo e presunto, preparei um suco de laranja com acerola pra tomar e nem me esforcei muito para realizar um banquete matinal. O estranho de tudo é que tenho o hábito de acordar com um sorriso de orelha a orelha, cantando, e esbanjando simpatia em dias como este. Por mais que eu tentasse controlar as minhas próprias emoções, seria difícil lidar com os problemas do cotidiano agitado na lanchonete.
— Precisamos ir — disse Carlota, tomando o restante de seu café às pressas.
Não compreendo muito bem o seu jeito de ser. Somos muito amigas, só que a mudança de humor repentina atrapalha em diversas ocasiões. Antes, a garota estava toda sonolenta, e do nada, se tornou uma pessoa completamente animada. Ainda é esquisito encarar essa realidade, por mais positiva que seja.
— De onde você tira toda essa disposição? — perguntei.
— Ainda estou com sono — esclareceu Carlota. — Só achei que seria legal contagiar a todos com alguma atitude empolgante.
YOU ARE READING
Confissões de uma garota que acha que a vida é uma festinha!
Teen FictionLonge da família, nada parece fazer sentido, e o amadurecimento se transforma com o tempo. As responsabilidades estão nítidas dessa vez, e os dilemas passam a ser outros - mais complicados, talvez. Logo de início, Kauany narra as suas experiências e...