04 | Gritos

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Contém cenas fortes.
Se for SENSÍVEL, recomendo que NÃO LEIA.

Revisei parcialmente, babys. Depois vou corrigir melhor, ok? Bjs e boa leitura <3

 Depois vou corrigir melhor, ok? Bjs e boa leitura <3

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Jimin não conseguiu dormir.

Nem ao menos manter os olhos fechados por alguns minutos era possível, já que todas as vezes em que os cílios se tocavam e a o breu lhe tomava a atenção, as cenas de mortes e mais mortes, a dor, o medo, a angústia, lhe voltavam a memória, lhe arrepiado os pelinhos dos braços e da nuca.

As faces dos mortos lhe assombravam, os gemidos lhe faziam abrir os olhos e conferir se estava mesmo seguro. Mas como poderia estar seguro se do lado de fora da casa onde estava, pessoas mortas vagavam sem rumo a procura de carne humana?

Remexeu-se, inquieto, batucando os dedos das duas mãos sobre o chão de madeira. O som mínimo que produziam parecendo ser o início de uma música que há muito tempo não ouvia, mas da qual seu interior recordava-se brevemente.

Ainda encontrava-se encostado no sofá onde Jin repousava. Parecia que haviam passado horas e mais horas, a eternidade em apenas um segundo. Levantou as costas do apoio e se ajeitou, ficando sentado com as pernas flexionadas, as calças manchadas de sangue e de terra em frente ao rosto; os olhos focados na grande cortina de tom púrpura, que escondia o inferno que havia se tornado o outro lado.

Virou o rosto para a direita e encarou o sofá um pouco menor comparado àquele em que Jin repousava. Os fios negros do moreno se apossavam da almofada cinza, como tinta preta em uma parede branca. Um dos braços repousava sobre o abdômen, em cima da camisa branca manchada; enquanto o outro estendia-se sobre a borda do sofá, a extensão da mão para fora, os dedos amolecidos pelo sono profundo. As pernas estavam afastadas, a calça de couro parecia incomodar de alguma forma, e os pés ainda portavam os Timberlands marrom escuro, os cadarços amarrados com um lacinho mínimo, quase invisível pelo tom semelhante ao do calçado.

O corpo parecia relaxado, exausto. Mas o rosto de Jungkook demonstrava uma tristeza, medo, igual a que Jin mostrara algum tempo atrás. Jimin, mais uma vez, supôs ser apenas mais um pesadelo.

Se nada daquilo tivesse acontecido, o Park poderia até o achar bonito. No entanto, não conseguia mais pensar em beleza depois de presenciar a morte da própria família.

Uma por uma.

Tirou o foco do moreno e o direcionou ao menino desacordado deitado atrás si, virando o corpo alguns centímetros no processo.

Fitou o rosto infantil, os olhinhos fechados, os cílios negros que se destacavam na pele leitosa junto ao cabelo negro que estava despenteado pelos movimentos automáticos que Jin fizera mesmo que inconsciente.

Sentiu o peito se contorcer, e por um momento, a visão do primo agora sem pais ou irmãos, lhe machucou a alma, apertou seu coração como se o órgão estivesse confinado em uma caixa onde as paredes iam se fechando, diminuindo cada vez mais o espaço, o esmagando. A respiração se descontrolou e Jimin fechou a boca, numa tentativa quase falha de voltar a voltar a ter controle sobre o próprio corpo.

THE DEAD ARE BACKWhere stories live. Discover now