Prólogo

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Quatorze anos atrás...

Eu a deixei.

Não aguentava mais.

Fui fraca!

Deixei uma carta dizendo o quanto eu a amava, mas eu tinha que viver a minha vida longe daquela merda toda. A carta eu fiz como um "até logo", pois eu não conseguia me despedir dela. O seu último olhar sempre vai estar gravado na minha memória. Sempre teria uma recordação de todas elas para eu me lembrar.

Eu tinha ditado a ela o meu plano de fuga, mas ela chorou, disse que não podia deixar tudo, que eu não entendia seus motivos, mas no fundo eu sabia que ela estava torcendo para que tudo desse certo.

Eu não entendia? Eu acho que está mais do que entendido.

Não dava para eu continuar ali. Vivendo aquela vida que não era pra mim e nem pra ela — nem pra ninguém. E mesmo ela repetindo que eu não entendia seus motivos, resolvi partir sem ninguém. Sem rumo.

Eu a deixei.

Não aguentava mais.

Estava machucada, mas aliviada. Minha perna estava sangrando pelo joelho machucado de ontem à noite. Provavelmente eu teria uma cicatriz pelo resto da minha vida. Minhas pernas doíam e meus pés gritavam para eu parar um pouco e se sentar. Não faço ideia de quantos quilômetros eu andei, mas eu sei que foram o suficiente para que ele não me alcançasse.

Eu queria gritar, dizer que eu estava livre, e que minha vida, agora, era só minha, mas o medo dele vir atrás de mim era grande. Eu tinha medo do que poderia acontecer com ela — e com todas elas — quando descobrisse. Quando sentisse a minha falta.

Maldito!

Na carta revelei meus medos, angústias e deixei claro que eu voltaria para buscá-la, mas acho que não será possível. Agora só o tempo pode dizer. Dizer quando os machucados irão se cicatrizar.

Ao entrar em uma loja de conveniência todos me olham torto. Eu estava suja de terra misturada com meu suor. Foram dois dias andando e parando em pontos de ônibus para dormir e me alimentando uma vez ao dia, com cafeína e pão puro.

Para onde eu ia? Não sei, não faço a menor ideia. Eu só queria me sentir livre, pela primeira vez.

Sento-me em uma das mesinhas que estava vaga e uma mulher com cara de nojo vem falar comigo:

— Não pode pedir esmola aqui dentro.

— Eu só quero comer e eu tenho dinheiro para pagar.

— Então o que vai querer?

— Um pão com café sem açúcar, por favor.

Ela vai para trás do balcão anotando meu pedido. Enquanto eu observo tudo o que estava acontecendo.

Tinha dois homens com terno conversando, enquanto outro estava solitário em sua mesa saboreando seu café com pãezinhos de queijo. O homem deveria ter em média uns 40 a 50 anos, mas estava muito bem vestido e parecia concentrado em seu pequeno lanche.

Algo me diz para ir até lá. Para tomar coragem e dizer alguma coisa para aquele velho que parecia ser muito rico, e muito solitário também.

Acho que ele poderia me ajudar de alguma forma.

Caminho com as pernas tremendo e paro de frente para ele, que levanta a cabeça e me olha estranhamente com seus olhos verdes:

— O que você precisa, mocinha?

Sorrio.

Seguir minha intuição foi a melhor coisa desse mundo. 



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PURO DESEJO - LIVRO 1Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ