Capítulo 22 - Um Olho Na Missa, Outro No Padre - PT 2

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Tento pensar rápido e dizer algo que Rodrigo irá acreditar, mas eu estava tão nervosa que eu não conseguia raciocinar, então Victor é mais rápido que eu:

— Amélia é filha adotiva do senhor Dantas. Agora que elas tiveram oportunidade de se reencontrarem. Não é uma boa hora de falar isso, não é mesmo? Hoje é dia de comemoração!

E novamente, Victor amenizando toda a situação. Meu coração diminui a frequência e olho para Bia que bebe seu vinho olhando diretamente para Dantas, com uma expressão de... raiva? Eu não sei, nunca vi Bia olhar daquela forma. Me dava medo!

Será que ela serviria como prato principal a nossa história que não é e nem nunca será apetitosa bem no dia de conhecer a família de Victor? Ela se orgulhava da nossa história? Não tinha nada para se orgulhar!

— Claro! Vamos mudar de assunto então.

O jantar corre numa boa.

Victor conta como foi nosso pedido de namoro e Miguel confessa que sentia ciúmes, porém estava se acostumando com um cunhado, e que nunca imaginou que veria sua irmãzinha – eu, no caso – namorando. A história se estende para Letícia, que conta da sua última viagem para Fernando de Noronha, que encontrou um cara bacana e que queria namorá-lo, porém descobriu que ele tinha uma namorada.

Ela é super alto astral, e parece que doutor Rodrigo não se sente nem um pouco incomodado com as histórias que sua filha conta, o que deixa tudo mais engraçado. Com sua energia, Letícia passa que é bem vivida, apesar da pouca idade, mas que gostava de vivenciar novas experiências.

Finalmente o jantar acaba, e vamos para a sala de estar onde Miguel estava com as crianças que estavam dormindo em seu colo.

— Deixa eu te ajudar a levar para o carro. — diz Victor pegando Lara no colo com cuidado para não acordá-la.

Viro-me para o doutor Rodrigo que estava um pouco mais relaxado que nas últimas vezes em que nos vimos:

— Obrigada pelo jantar, foi maravilhoso.

— Eu que agradeço por fazer meu filho tão feliz.

Somente sorrio.

Um sorriso sem graça.

Ele nem imaginava que quem estava me fazendo feliz era Victor. Uma felicidade que não cabia em mim!

Despeço-me da família de Victor e saio abraçado com meu pai, e Letícia ajuda Henrique chegar até o carro.

— Seja bem-vinda a família louca, Amélia. — diz Leticia vindo me dar um abraço. — Gostei muito de você.

Era bom ser bem-vinda em uma família, e a minha preocupação atual era a relação entre Bia e meu pai, que não estava nada agradável. O clima não estava favorável e isso estava visível a todos.

Resolvo dirigir, já que Victor tinha bebido um pouco mais de vinho que o normal. Ele acaba dormindo no banco do carona, e eu resolvo conversar com Bia para saber o porquê daquilo tudo:

— Bia...

— Não começa, Amélia, por favor. Eu só não gostei da maneira que ele falou e eu retruquei. Não quis estragar o seu jantar.

— Não é isso, Bia. Se pra você é fácil lembrar do passado pra mim não é.

— Claro né? Pra você foi muito mais difícil. Sua vida miserável foi muito mais difícil em comparação a das outras meninas. Não é, Amélia? Ninguém teve a vida fácil depois dos quinze, porque ninguém encontrou um papai rico que bancasse tudo!

PURO DESEJO - LIVRO 1Where stories live. Discover now