Capitulo 8 - O Novo Me Assusta

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A louca foi embora.

Só disse para eu ficar longe de Victor. Será uma ex namorada, uma irmã, prima? Mas espera... como ela descobriu que eu estou transando com ele? Será que ele teve a canalhice de sair distribuindo panfletos dizendo que tinha transado comigo?

Não acredito que ele possa ter feito algo do tipo.

O sol já tinha ido e a noite tinha chegado. Estava esfriando e eu corro para o carro. Não queria encontrar a louca com um channel me dando um aviso de novo.

Coloco uma música, e parto para o meu apartamento.

Assim que coloco os pés no corredor eu escuto um barulho de alguma coisa caindo no chão.

Corro pelo corredor chegando na sala:

- Henrique!

Ele estava sentado no banquinho do piano, e perto dos seus pés estavam cacos de vidro. Henrique estava chorando. Chorando?

- O que você está fazendo? – ele não responde. – Está drogado?

- Não. Não estou drogado, Amélia! – ele levanta o rosto para mim e eu vejo os curativos da última briga que ele teve. – Eu só queria ter um pouco de paz.

Vejo a tampa do piano aberta e eu entendo tudo.

Vou para o bar e encho dois copo de gin. Entrego um e passo por ele que com certeza ficou encabulado. Sento-me no sofá e ele fica olhando para o copo.

- Bebe, vai te fazer bem.

- Não é você quem disse para eu parar de beber?

- De beber, fumar, se drogar, brigar... E você nunca para. Estou te oferecendo como uma amiga. O que você quer conversar?

Ele respira fundo e deixa a bebida em cima do piano.

- Aprendeu a beber gin com a mamãe?

- Sim. Era a bebida favorita dela. Quase me matou quando me pegou bebendo pela primeira vez. Eu não sei se era por estar bebendo o gin caro que ela tinha acabado de comprar ou por estar bebendo.

Ele ri:

- A mim também. – sorri olhando para mim. – Papai me falou sobre a clínica. Me mostrou fotos, vídeos e fez sua palestra.

- E o que achou? – digo dando um gole.

- É bonito o lugar, Amélia. Aposto que foi você quem escolheu.

- Sim, o melhor lugar do Brasil, pode apostar.

- Por que quando a mamãe morreu você pegou o lugar dela, Amélia? Você insiste em ser minha mãe?

- Eu não quero ser sua mãe, Henrique. Eu nunca quis. Eu quero cuidar de você como irmã. Você é meu irmão!

- Você e essa história de irmãos...

- Porque somos, Henrique. Queira você ou não.

- Meu irmão não quer mais me ver.

- Será por quê?

- Não sei. – ele sabia.

Henrique vira para o piano e com as mãos bem leves toca em algumas teclas. Depois faz um som bem calmo ecoar por todo o apartamento. Ele era bom, assim como Miguel.

Ele largou todo seu dom artístico e se afundou nas drogas. Fazia personagens perfeitos, se doava no palco, amava música, participava de orquestras e estudava teatro. A arte era sua vida.

PURO DESEJO - LIVRO 1Where stories live. Discover now