Capítulo 26 - Nossa Família

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 Dez dias Depois...

Eu estava dentro do elevador.

O celular toca e todos me olham com uma expressão que pareciam que nunca tinham visto um telefone tocar na vida. Olho para a tela e vejo que era Victor. Mais uma chamada entre as dez pela manhã.

Eu estava me sentindo sufocada e parecia que aquele elevador nunca iria parar de descer.

Novamente meu telefone toca e eu desligo. Eu realmente não queria falar com Victor hoje, e fazia dez dias que eu estava ignorando-o. Ele tinha a total razão de estar preocupado.

Nossa exposição seria hoje, e tudo o que eu mais queria é que ela não ocorresse hoje. Não estava em um bom dia, para ser bem sincera, não estava em uma boa semana.

Saio do edifício respirando o ar puro. Puro entre aspas.

O céu estava nublado e o dia estava feio. A previsão do tempo deu chuva para hoje e que esfriaria bastante.

Assim que atravesso a rua para abrir a porta do carro eu vejo que Bia estava na outra calçada pelo vidro da janela do carro. Entro rapidamente, e finjo que eu não percebi sua presença.

Esqueci de mencionar que não fazia apenas dez dias que eu não falava com Victor. Fazia dez dias que eu não falava com ninguém.

Eu estava ficando em um hotel.

Ninguém sabia, apenas meu pai.

Eu o fiz jurar que não diria minha localização para ninguém, e que eu me afastaria um pouco da empresa por alguns dias. Hoje, como tudo foi preparado e gasto para esse dia, eu não poderia cancelar, apesar que alguma coisa dentro de mim pedia para que cancelasse.

— Amélia, não vai me dizer onde você está?

O único que eu atendia, e raramente, era Geovane. Ele que estava cuidando de tudo para mim, inclusive os preparativos para hoje.

— Diz logo o que você quer, estou dirigindo?

— Só quero saber se você irá vir mesmo hoje.

— É minha exposição, é claro que eu vou. Apesar de não querer.

— Victor está preocupado. Apareceu por aqui hoje, perguntando sobre você. Não disse nada, mas... Amélia, por favor, o que está acontecendo?

— Não está acontecendo nada, apenas quero um momento para mim.

— Faz mais de uma semana que você não aparece, que ninguém te vê, que não sabe do seu paradeiro.

— Recomendo que você fique fora do ar. Experimenta bobo, é bom! Agora eu preciso realmente ir.

Desligo sem ouvir a frase seguinte.

Sei que eu estava sendo um pouco dura com todos, mas eu realmente eu precisava de um tempo para pensar. Tudo aconteceu tão rápido, e minha vida estava prestes a acabar, desmoronar e mudar tragicamente.

Estaciono na garagem do hotel em que eu estava ficando. Encosto minha cabeça no banco do carro e eu começo a chorar. As lágrimas estavam acostumadas a cair naquela semana. Aquela semana que eu queria riscar do meu calendário.

Queria poder abstrair e fingir demência de todas as coisas que Maria me disse, mas eu não podia. Não podia virar as costas para... isso!

Na minha caixa de mensagem tinha as várias mensagem de todos os dias. Principalmente a de Victor perguntando se eu estou bem, porque eu não o atendo mais, onde eu estou e se vou voltar para ele.

PURO DESEJO - LIVRO 1Onde histórias criam vida. Descubra agora