Capítulo 12 - Sessão de Terapia

1.4K 110 28
                                    

- Amélia?

- Oi. – digo voltando minha mente para a sala. – Desculpa!

- Estávamos falando do seu irmão.

- Sim... Ele teve uma overdose e...

- E isso você já me contou. Quero saber o que te trouxe aqui. Você remarcou a sessão para hoje.

- Sim. Eu sei. Só quero dizer que eu fiquei chateada da maneira que eu sou tratada por ele.

- Por que ele diz que você tem uma relação sexual com o seu pai, correto? Você o deixou no hospital sozinho.

- Sim. Ele sempre jogou isso na minha cara. Fui pra casa e dormi. – sorrio sem vontade.

- Você gostaria de falar sobre isso? Como tudo isso começou?

-  Não sei.

- Você sabe que um dia ou outro você vai precisar se abrir, não sabe?

- Sim, eu sei!

- Então porque não começamos do início. Conte-me o que é mais fácil pra você dizer, ok?

***

Quinze anos atrás...

- Senta.

O homem estava com alguns fios de cabelo branco aparecendo. Seu terno era caro, com certeza era caro! Seu sorriso estava triste com alguma coisa, mas eu estava mais interessada se ele poderia me ajudar do que ser sua psicóloga. Eu tinha que arrumar um serviço, eu tinha que conseguir um emprego para que eu pudesse me sustentar.

- Eu preciso de um emprego.

Ele arqueia a sobrancelha assustada com o que eu digo:

- Um emprego... – ele beberica seu café. – Mas eu... Bem, o que te faz  pensar que eu daria um emprego pra você?

- Não sei, meu coração diz que o senhor é um velho rico que vai se sensibilizar pela minha história.

Ele sorri:

- E qual é a sua história?

- Pense numa história triste, depois multiplica por dez, essa é a minha!

- Ok. Mistério!

Somos interrompidos pela garçonete que traz o meu pedido, e não espero ela nem se virar e logo dou uma boa mordida no meu pão que estava duro.

- Você tem quanto anos?

- Quinze! Na verdade eu vou fazer quinze.

- Ok. O que você pensa que eu daria emprego para uma menor de idade?

- Não sei. – digo de boca cheia. – Se eu pedir com jeitinho. Eu posso lavar, passar, cozinhar, fazer faxina na sua casa. Posso fazer qualquer coisa que o senhor queira. É só dizer. Eu preciso de um bom emprego.

- Onde estão seus pais?

- Não quero falar disso. Por favor, moço, eu preciso do senhor. Não é golpe.

- Golpe?

- Sim. Não quero enganar o senhor. Eu só preciso de um dinheiro, para... Para me sustentar.

Ele respira fundo, e se encosta na cadeira.

- Bem, você precisa de dinheiro. – ele levanta um pouco pegando sua carteira do bolso, e nela tirando uma nota de cem reais. – Isso serve?

Fico olhando para aquela nota de cem.

Eu nunca tinha pego uma, na verdade uma vez que me deram escondido, mas Paulo pegou de mim assim que soube.

PURO DESEJO - LIVRO 1Where stories live. Discover now