Capítulo 6

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MATTEO

Deixo uma nota de cem euros para uma garota que trabalha no bar e peço que entregue a Gabriella. Quero que ela saiba que eu vou voltar. E vou mesmo.
Ela me observa com brilho safado e passa a língua pelo lábio inferior, enquanto me come com os olhos. Se eu não tivesse um objetivo maior no momento, com toda certeza a arrastaria para qualquer lugar e a foderia, seria facil. Ela nem é tão bonita, mas seus peitos são gigantes e se insinua abaixando o corpo enquanto falo com ela. Danada. Está me provocando.

Recebi uma ligação do meu pai pedindo para ir para casa, não quis dizer o que era, mesmo eu perguntando mais de três vezes. Gabriella estava tão ocupada brigando com uns caras, que não percebeu minha saída, mas ela ainda vai sentir a minha falta. Tchau, meu amor.

- O que era tão importante que não poderia ter falado por telefone, pai? - questiono.

- Você saiu sem soldados outra vez.

- Sim. - respondo tranquilamente.

- Quando não sai sem eles, você os dispensa durante a noite. - ele coça a cabeça e parece bem puto. - Por que faz isso?

Porque não quero que ninguém saiba que estou com o Francisco vivo, papaizinho.

- Eu ainda não me acostumei com essa coisa. - retruco mentindo e ele retira um charuto da sua cartela, acendendo em seguida.

- Mas vai precisar se acostumar. - ele puxa a fumaça e solta devagar - Quer perder o casamento do seu irmão? Quer deixar aquele bebê sem um tio?

Nem fodendo.

- Fico me sentindo uma criança sendo repreendida, mas foda-se, aquele segredo é meu. Não posso arriscar levar alguém comigo, ninguém é confiável o suficiente. Fillipo não parece muito convencido. Droga. Vejo as veias do seu pescoço saltarem e sei que vem bomba.

- Em qual parte do Batelli foi assassinado que você não entendeu, garoto? Você estava lá, estava junto quando Antony tirou a vida dele. - ele senta em uma cadeira próxima a janela e leva a mão a mão perna, batucando os dedos, indignado - Você já pode ser um alvo, filho. A situação é grave. - ele suspira cansado e continua - Não sabemos quem vai assumir Camorra e se essa pessoa quiser retaliação? Ou você acha que a morte daquele desgraçado fez a máfia deles acabar? - ele ri seco e sem humor, mas ignoro. Nada vai me tirar do caminho.

- Estarei pronto se vierem. - digo firme.

- Não, Matteo. Não estará. - ele diz - A gente nunca sabe quem são nossos inimigos. - Eu tenho apenas um e ele está exatamente aonde eu gostaria no momento. - Eu sei que você precisa de liberdade. - sua voz entristece um pouco e sei que  está pensando no tempo que fiquei preso - Só tenha mais cuidado, garoto.

Merda.

- Tudo bem. Prometo. - minto de novo.

Ele me encara e balança a cabeça, desapontado ou não, vou nos proteger e nos vingar. Mesmo se ele nunca souber disso, eu saberei. Isso já é o bastante. Entendendo que a conversa acabou, o deixo lá apreciando seu veneno cubano e vou para o meu quarto. Fecho a porta ao entrar e me jogo na cama.

Infelizmente esse ódio por cada dia que passei sequestrado me consome. Essa raiva não diminui, ela queima meu peito toda vez que fecho meus olhos e tenho pesadelos.

Malditas lembranças.

Não sei quantas vezes acordei durante a madrugada e levei as mãos ao pescoço, procurando por correntes que não estavam lá, ou durante o banho, ao lavar o rosto e a água me deixar em pânico, me fazendo lembrar de coisas e confundindo a minha mente.

Então bloquiei tudo.
Não sentir nada por alguém é mais seguro. Evito mais sofrimento. Pode sair como loucura e talvez até seja, mas não se importar traz muito alívio.

Não queria me sentir vazio assim, mas que opção eu tenho? Deixar tudo no passado? Até pareceQuando destruir aquele velho, ai estarei livre. Até esse dia chegar, vou me divertir um pouco.

Gabriella.

A brincadeira com ela estava bem emocionante, aquele seu cabelo de fogo e as sardas no nariz estavam me deixando doido. Ela é bonita pra caralho e vai ser uma delícia quando me afundar nela, sentir aquele seu corpo embaixo de mim e desvendar até aonde vai aquelas tatuagens. Vai ser melhor ainda quando eu quebrar seu coração, atingindo Francisco quando eu a deixar em pedaços. Encontrei algo que ele ama e vou tirar isso dele. Assim como fez comigo.

Sinto muito, linda, mas você nasceu na família errada. Nada pessoal.

MATTEO  Uma noite * livro 2Where stories live. Discover now