Capítulo 62

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Matteo

Amo meu irmão, amo pra caralho, mas o cara parece estar no colegial. Não sei se a gravidez está mexendo com a sua cabeça, mas desde que chegou, não me dá um segundo de sossego. Ou fica me enchendo sobre a Gabriella, com suas piadas idiotas ou procurando motivos para pensar que Camorra está de volta.

Fica farejando as coisas como um maldito cachorro da narcóticos.

Até entendo, sério.
Ele ainda se culpa pelo o que aconteceu comigo, como se o excesso de cinismo ou a dissimulação do Francisco, fosse algum descuido que deixou passar.

O mal caráter de alguém é somente culpa dela mesmo, Tony precisar entender isso de uma vez. Nada do que ele fez motivou aquele velho. A mente doente não era a nossa.

Sua noiva passou por tanta merda, coisas que eu não poderia imaginar minha garota sofrendo, sem que meus punhos não se fechem e meu peito queime com pensamentos desse tipo.
Talvez essa super proteção dele seja por essa razão, como se tudo ao seu redor agora fosse delicado e fosse alguma missão dele manter a segurança de todos.

Fillipo não quer de modo algum que ele desconfie com mais força sobre o novo Capo de Camorra, não o morto, o novo. Um tal de general italiano.
Foda-se.
O bastardo estará morto antes mesmo de bolar alguma coisa contra nós.

Foi a época em que eu era contra a violência, contra meu destino. Hoje uso qualquer tipo de arma disponível para defender minha famiglia. Ninguém nessa porra de mundo terá algum poder sobre mim novamente, nem mesmo mínino. Não mais.

A responsabilidade da ordem em Sicília é minha e lidarei com isso do meu jeito, somente quando forem embora para a América e estiverem longe e seguros, nesse momento, será o tempo da Cosa Nostra se reerguer outra vez e chutar algumas bundas por aí. Acabar com essa trama entediante e milenar.

Talvez seja esse meu futuro, fazê-los se dobrar ou expulsá-los para sempre. Para uma escolha bem óbvia e divertida.

Reencontrar meu irmão foi como na infância. Vê-lo sorrindo e feliz com a sua vida, deixou meu coração bem, completo. Deus sabe o quanto sonhei com essa paz. Mesmo ainda não do jeito que quero, mas a caminho.

Os pais de Halsey e seu amigo gostam de conversar, mesmo sua mãe cheia de dúvidas sobre tudo e enlouquecendo meu pai com aquele seu olhar desconfiado, parecem boas pessoas, mas preciso de tranquilidade, silêncio. Então preciso sair daqui, mesmo vivendo por anos em uma quietude perturbadora, preso e afastado de qualquer convívio, quero a calma que a minha garota me traz ou talvez, seja apenas meu subconsciente me induzindo, fazendo com que eu aproveite meu provável últimos dias com ela.

O que eu fodidamente espero não acontecer. Não estou pronto para essa pancada e acho que nunca estarei.

Dou a volta na casa e entro pela lateral da garagem, tão sorrateiro quanto um ladrão. Quase como um ninja.

- Está indo aonde, mano? - Antony me encara com um sorriso irônico e com a chave do meu carro balançando em seus dedos preguiçosamente.

- Está tão chata a sua vida que a minha virou um passatempo? - questiono sorrindo.

- Engraçado, Matteo. - diz sério - Mas você está passando por alguma porcaria, posso sentir. Só pensei que não haveria segredos nessa casa mais, não entre nós.

Isso doeu. Devo a ele, pelo menos um pouco da verdade.

- Conheci uma pessoa. - começo.

- Imaginei. - interrompe.

- Eu a amo, Tony. - sussurro e abaixo a cabeça - Mas tem coisas sobre mim que preciso que ela saiba. E essas coisas talvez a façam ir embora. - confesso.

- Sei como se sente. - ele se aproxima e encosta seu ombro no meu - Pensei a mesma coisa quando contei toda a verdade para Miller, mas o resultado você conhece. - diz.

- É diferente. - comento - O que eu preciso dizer é até mais sério. - declaro, me atentando a não falar demais - Só estou preocupado. - aviso.

- Vai até ela, então. - ele estica o braço, estendo a chave e me abraça forte - Se essa mulher também te ama, não vai arriscar perder um homem como você.

- Obrigado, mano. - agradeço e me afasto - Senti falta dos seus conselhos. - digo.

- Imagino, sou como uma ancião espalhando sabedoria pelo mundo. - sua risada acalma minha mente e sorrio de volta.

- Isso tudo para não afirmar que está cada dia mais velho. - gargalho e fecho a porta do carro, saindo rapidamente e vendo seu dedo do meio pelo retrovisor.

Passo em um restaurante no centro e peço duas porções para viagem. Vou almoçar com minha menina pela primeira vez e nem fodendo que será a última.

MATTEO  Uma noite * livro 2Where stories live. Discover now