Capítulo 27

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Matteo

Mais uma noite bem dormida e sem pesadelos.
Acordo tranquilo e relaxado, o que não acontecia há muito tempo. Estou animado.

Talvez seja porque agora vivo com um propósito decente que não a vingança ou só porque Francisco deixou se respirar. É uma bela opção também. Uma bem linda.

Pensei em mandar alguma mensagem para Gabriella mais cedo, dar alguns passos nessa direção seria bom, mais intimidade. A gente não tem esse costume, mas seria interessante começar a me aproximar mais um pouco, manter um contato maior que não seja apenas no seu ambiente de trabalho, ela vive correndo de uma lado para o outro e sua atenção nunca está cento por certo em nós. Mas como é sua folga e ficou bem claro que esse dia é assunto delicado, decidi dar um espaço.
Não vai ser sufocando a pobre garota que vou conseguir conquistá-la.

Certo? Infelizmente, sim.

Caminho pelo corredor e um alvoroço na sala principal me deixa curioso.
É tanta cabeça branca reunida e aflita, que boa coisa não é. Eles só se reúnem para fazer fofoca ou cobrar mais lucro. Já foi o tempo em que o Conselho servia para alguma coisa.
Hoje é só um acumulado de nomes na folha de pagamento. Preciso conversar com Fillipo sobre isso, aliás.

- Senhores. - digo, ao me aproximar.

- Senhor. - respondem em uníssono, como minions treinados.

- O que está acontecendo? - pergunto.

- Camorra. - um deles diz baixo, não sei se por medo ou se está morrendo. Ele parece tão velho, que poderia virar poeira na minha frente a qualquer momento.

- O que tem eles? - retruco pacientemente e me sento em uma poltrona qualquer.

- Um homem anunciou ser o novo Capo agora pela manhã.

- E isso é problema nosso, por quê? - questiono bastante confuso.

- Ele o jurou, senhor.

- Ele o que?

- Ele prometeu, na frente de todos os soldados, que haverá retaliação pela morte da família Batelli.

Que preguiça.

- E quem é esse cara?

-  É sobrinho do bastardo.

- Como pode saber disso tudo? - argumento.

- Temos homens infiltrados. - diz orgulhoso.

- E será que não temos nenhum deles aqui também? - o silêncio que se instala é assustador. Ninguém poderia saber. Nisso que mora o perigo - Farei uma visita aos nossos amigos do sul, então. - comento sorrindo.

- Isso é muito arriscado. - meu pai entra na sala e cabeças se curvam a ele em respeito.

- Concordo. - digo - Mas não quero arriscar alguma surpresa semana que vem. - ele assente, porque sabe o que eu quis dizer, fico em pé e cruzo os braços.

Que momento seria melhor para tentar algum ataque?

- Acha que eles fariam algo no casamento do Antony? - lembro desse. Esse velho falou tanto sobre meu irmão em nossa última reunião, todo preocupado e inseguro com a minha liderança. Lembro bem dele.

- Parabéns. - digo - Você é muito bom em apontar o óbvio. - concluo. Percebo  um soldado segurando o riso e o homem a minha frente empalidece.

- Desculpa. - ele se afasta e fica próximo a saída.

- Vou resolver essa situação. - falo alto -  Podem ir embora agora. Não existe mais nada que possam fazer. Obrigado pelo aviso e tchau.

A movimentação milenar passa por mim e Fillipo se aproxima.

- Não quero que vá até lá, menino. - confessa e sorrio calmamente.

- Tenha fé, homem. - digo.

- Só tome cuidado, por favor.

- Pode deixar, tenho muito a perder agora. - respondo.

- O que vai fazer? - questiona preocupado.

- Talvez eu crie uma aliança, paizinho. - sorrio e me sento novamente - Ou talvez exploda tudo, quem poderá saber?

MATTEO  Uma noite * livro 2Where stories live. Discover now