Epílogo

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Matteo

Ficamos noivos no final do ano passado e acho que foi a porra do dia mais feliz da minha vida. Eu mal conseguia manter as mãos longe da minha garota e a cada vez que meus olhos encontravam os dela, eu sorria. Eu abria a boca e meus lábios se curvavam para cima, como nunca antes. Eu parecia um maldito doido, mas era difícil não querer mostrar ao mundo o quanto eu a amava. O quanto eu estava fodidamente realizado.

Então, em cada oportunidade que tinha, eu segurava seu dedo e exibia a aliança para todas as pessoas da clínica. Eles já me conheciam naquela altura, eu passava lá todos os dias e perdia uma hora ou duas, jogando conversa fora com todas aquelas pessoas. E eu adorava aquilo. Eu tinha amado no que ela conseguiu transformar aquele lugar. Parecia mais um lar do que qualquer outra coisa. Meu peito doía de tanto orgulho. Ainda mais quando novas famílias chegavam e ela parecia flutuar de tanta alegria e empolgação.

Eu sabia que estava vivendo no céu, porque aquela mulher, com toda a certeza, era um anjo.

Fillipo vivia trancado e entediado dentro de casa, o jardim parecia pequeno para tantas voltas que dava diariamente e aquilo me incomodou. E então, em uma tarde bonita e ensolarada, resolvi levar ele comigo para a clínica.

Pareceu estranho no início, mas quando as memórias da Sandra estavam em ordem , eles passavam o dia falando sobre a minha mãe e do quanto ela fazia falta. Vez ou outra, quando algumas palavras faziam meu coração pesar, me afastava. Ainda machucava e acho nunca iria melhorar. A sua ausência ou a forma como foi tirada de nós ainda era doloroso, mas as pessoas ao meu redor ajudavam a diminuir a pressão. Era mais fácil esquecer.

Quando toda aquela bagunça tinha diminuído e as coisas pareciam estar mais próximas do normal, com a Gabriella dormindo em casa todas as noites e acordando ao meu lado, permiti que meu coração tivesse mais esse sonho. Não queria que a reforma acabasse, queria essa rotina. Merda, eu não a queria sozinha naquela casa grande da sua infância. Eu não queria ficar sozinho, na verdade, também.

Eu queria casar com o amor da minha vida. Simples assim.

Ela sempre foi muito reservada e não gostava de fazer esses planos. Eu entendia de certa forma. Toda a atenção dela queria estar na condição da Sandra e não em nada além disso. Ela queria que seus pensamentos fossem, exclusivamente e unicamente, para a sua mãe. E eu, realmente entendia. Não sabíamos quanto tempo ainda a teríamos, então nada melhor do que aproveitar cada maldito minuto. Então, tinha decidido esperar. Eu pedira a sua mão, mas como sempre, quando ela estivesse pronta. Não haveria nenhuma pressão. Não haveria julgamentos. Ela seria minha por inteiro somente quando sua mente permitisse. Eu esperaria. Porra, eu esperaria até por mil vidas por ela.

Quando sua mãe teve um episódio ruim durante um domingo, onde não a reconheceu e se trancou no quarto, minha menina desabou nos meus braços. Estávamos nos acostumando com a felicidade e a calmaria, e por um momento, não nos preparamos. O estágio era avançado, mas mesmo assim, não estávamos prontos e aquilo doeu como o inferno em todos nós.

Naquela mesma noite, quando saí do banho, Gabriella estava sentada sobre a cama e me encarava com os olhos brilhantes. Não sabia dizer se era pelas lágrimas ou por algum outro motivo, mas quando ela caminhou na minha direção, com o cabelo parecendo uma fogo voando, me apaixonei mais um pouco. Ela era pura arte e Deus havia caprichado tanto, porque nada era mais lindo. Ela era perfeita.

- Não quero esperar mais. - murmurou ao se aproximar - Passei por tanta porcaria, Matteo. - seu dedo traça um caminho lento pelo meu braço e abaixo os olhos para acompanhar seu movimento - E você também, não é? - acenei e continuei enfeitiçado por seu toque leve e sedutor - Não quero mais esperar as coisas acontecerem ou sentir medo do futuro. Quero viver o agora, entende? - soltei um riso baixo e ergui o olhar.

- Entendo. - sussurrei e meus batimentos pareciam sem controle. O que estava acontecendo aqui?

- Eu te amo tanto que sinto que meu coração pode explodir. - ela tinha sorrido e ficado ainda mais encantadora. E eu, me apaixonei mais um pouco - Não vou esperar mais.

- Eu te amo feito um louco, querida, mas estou confuso.

- Quer se casar comigo? - sorri surpreso, mas durou apenas dois segundos, porque todos os planos que eu havia feito para aquele momento, caíram por terra. Ela sempre me surpreendia e aquilo não tinha sido diferente. Gabriella tinha assumido as rédeas da sua vida e tomou a iniciativa, e achei aquilo incrível pra caralho. Apertei a sua cintura e a puxei para mim, colando nossos corpos - Isso é um sim? - perguntou rindo.

- Isso é um maldito grande sim, foguinho. - lembro de abrir a minha mão na sua nuca e trazer a sua boca até a minha, selando nossos lábios em um laço que seria para sempre .

Afasto meus pensamentos e observo o gramado verde a minha frente. Gabriella sorri enquanto passa o pincel por um tela, com a sua mãe ao lado. O médico disse que a doença está muito avançada e que o seu estado é crítico, então passamos a maior parte do dia aqui. Queremos estar presente o maior tempo e a notícia do noivado parece ter a animado ainda mais.
Já recebi mais de três quadros dela e sei que ainda tem mais. Guardarei todos e mandarei um ou dois pro meu irmão também.

Não sei quando será o casamento e não estou muito preocupado com isso agora também. Nossas almas e corações já estão unidos e quando minha garota encontrar a data certa, com certeza estarei no altar a sua espera, porque nada me parece melhor do que viver o resto dos meus dias ao seu lado.

MATTEO  Uma noite * livro 2Where stories live. Discover now