Capítulo 36

2.3K 243 27
                                    

Gabriella

- Matteo. - digo e o encaro. Seus olhos claros à luz do dia, brilham em expectativa, mas a minha expressão, nesse momento, não foi muito agradável. Não esperava por isso.

Em um dia, o homem some por não conseguir entender seus sentimentos e me exclui da sua vida, e no outro, acorda e decide que quer manter um relacionamento comigo? 

Claro que foi lindo cada palavra que saiu da sua boca, a sinceridade no seu olhar e a forma carinhosa como me toca sempre em cada oportunidade. Amei cada pedaço disso. Foi especial.

Matteo é perfeito, mas só não é perfeito para mim nesse momento.

- Não precisa responder agora. - interrompe e suas mãos despencam da minha cintura. Decepcionado e chateado pela minha reação - Vem, vou te levar para a faculdade, foguinho. - entramos no carro e enquanto dirige, em um silêncio que não combina com nada com ele, sinto a sua frustração gritando na minha cara. O maxilar travado e os dedos forçando o pobre volante.

- Tenho tanto na cabeça agora. - comento, quebrando o gelo estranho que se criou entre nós - Eu gosto de você. - confesso nenhuma novidade - Gosto mesmo, de verdade, mas estou com tantos problemas para lidar, que começar uma relação nesse momento, com toda essa pressão, poderia acabar estragando uma coisa que seria fantástica. - finalizo e o observo de lado.

Sei que estou bem mais tranquila com a ajuda que ele ofereceu para a minha mãe, ainda não conversamos sobre isso, mas confio nele a ponto de deixar minha mente em paz, tirou um peso enorme das minhas costas e serei grata pelo resto da minha vida, ainda mais por sair em minha defesa com o porco do Marco e fazer aquilo. Outro assunto que coloquei em uma caixinha para ser falado outra hora, ele precisa saber que o não vejo de outra maneira por ser quem é ou o que precisou fazer aquele dia no bar. Para falar a verdade, só o admirei ainda mais. Sem julgamentos, apenas gratidão.

 Tem as provas finais da faculdade também e a minha falta de dinheiro para cursar alguma dependência se for mal, o que não pode acontecer nem ferrando.

 Preciso desse diploma. Prometi a ela que tudo seria diferente.

Sem um emprego agora, já que o meu pegou fogo, a minha situação piora ainda mais. Sem uma pensão ou alguma ajuda do governo, torna tudo mais complicado. Ainda mais por ser eu a responsável a comprar os remédios, pagar contas, comida. A lista não tem fim. 

- Entendo. Não é a hora certa. - ele suspira e põe sua mão sobre a minha coxa - Amigos, então. - declara derrotado e meu coração dói quando seus ombros se curvam um pouco.

- Não precisamos desses rótulos. - esclareço e sorrio, cobrindo a sua mão com a minha - Sei que não era isso o que queria ouvir e acredite, não era o que eu queria dizer também, mas acho que vai ser melhor assim. - murmuro e aperto levemente meus dedos, fazendo carinho na sua mão.

- Gabriella. - diz sério -  Fica tranquila,  sei a barra que está passando, eu entendo. Só pensei que depois de ontem, uma simples amizade não seria o bastante para nós. - ele estaciona em frente ao campus e apoia o braço no meu banco, me observando de um jeito meigo, que faz meu coração palpitar forte, até mais forte do que ontem. Ele é maravilhoso.

- Nesse momento é. - digo - Por enquanto, pelo menos até essa bagunça se ajeitar. - ele sorri e a covinha tímida, que quase nunca aparece, surge enaltecendo sua beleza que já é absurda, diferente de tudo. E não só a exterior. 

- Vamos fazer assim, querida. Quando estiver pronta, estarei esperando. - inclino meu corpo até ele, grata por ter o melhor homem do mundo como amigo e algo mais ao meu lado, e o abraço forte - Isso não significa que não podemos transar as vezes, certo? - Matteo diz e sorrio. Não poderia concordar mais com isso.

MATTEO  Uma noite * livro 2Where stories live. Discover now