Nós não vamos transar

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Alice

- Fiquei sabendo que a nossa advogada preferida vai ficar na primeira cadeira semana que vem... - Valen falou animada quando chegamos no estacionamento em frente ao carro de Pedro e o meu.

- Não é pra tanto...

- É sim! Você tinha que ter visto a cara da Virgínia. - Gabriel alfinetou. Pelo menos eu sabia o nome da garota agora.

- Se o Pedro lesse o contrato todo eu não precisaria fazer nada disso - Revirei o olho.

- Você vai ter seu primeiro caso de verdade como advogada já na primeira cadeira e ainda tá reclamando? - Pedro ironizou. Eu apenas revirei os olhos dramaticamente.

- Bom, temos que ir pra casa, mocinha. - Peter avisou abrindo a porta do meu carro.

- Ah, é. Esqueci que vim dirigindo. - Pedro me segurou antes que eu conseguisse entrar no carro. O pessoal entraram e fecharam a porta. - Você vai lá pra casa? - Perguntei ficando na frente dele.

- Vou, mas eu queria te levar a um lugar antes. Vem comigo - Ele disse isso com a voz baixinha bem perto de mim, passando a mão no meu cabelo. Simplesmente porque sabia que eu não resistiria a isso.

- Aham. Vou pedir ao Lucas pra levar o pessoal pra casa com meu carro. - Disse no mesmo tom sem conseguir sair do lugar.
Quando finalmente consigo me locomover, abro a porta traseira do carro. - Lucas, vai pra casa com o carro, eu vou sair com o Pedro. - Ele tira o cinto e sai do carro.

- Eu amo dirigir seu carro. - Ele fala. - Ou dirigir qualquer carro no seu lugar. Você é péssima, sabe disso não é? - Ele abre a porta do motorista e se senta no banco ainda olhando pra mim com a porta aberta.

- Sim. Você deixa isso bem claro uma vez por semana quando é minha vez de dirigir. - Ele solta uma risada e fecha a porta.

- Usem camisinha, quero ser padrinho só daqui a uns cinco anos... - Ele solta uma piscadela e liga o carro.

- Nós não vamos transar - Aviso mais para o Gabe do que para Lucas.

- A gente finge que acredita - Peter fala da janela. Lucas da partida no carro e eu observo eles irem embora.

- Tá pronta? - Pedro pergunta com aquele sorriso no rosto. Aquele sorriso, o mesmo que fez eu me apaixonar, o mesmo que me faz molhar a calcinha. Podem me julgar, só disse a verdade.

- Depende. - Ficamos mais próximos um do outro.

- Hum, você tem alma de advogada, amor - Eu tô surda ou ele me chamou de "amor"????. Okay, Alice fica calma, não dá de emocionada, esse é o papel dele. - Vamos, entra.

Ficamos algum tempo no carro em silêncio. Não do tipo desconfortável porque isso nunca acontecia com a gente.

- Você vai contar pra onde está me levando? - Olho pra ele. Ele não me olha de volta, mas consigo ver seus lábios se curvarem num meio sorriso. Ele ficava tão lindo dirigindo, era impressionante.

- Não preciso. Já chegamos. - Seu sorriso transparece mais uma vez. Eu abro a porta do carro descendo e olhando onde estávamos. Um prédio. Muito grande, por sinal. - Esse é o hotel onde eu tô dormindo - Ele pronuncia antes que eu possa perguntar. Olho pra ele com uma desconfiança. - Tem uma surpresa lá em cima.

Entramos no prédio e fomos direto para o elevador. Quando chegamos ao terraço, havia algumas coisas bem fofas que me davam ânsia de vômito. Eu ainda sou eu, amém.

- O que é isso? - Perguntei desconfiada.

- Nada demais. Só um lugar bonito que você possa deitar confortavelmente e ver as estrelas. Sua mãe, na verdade. - As mãos dele estão no bolso da calça agora. - Eu pesquisei e hoje vai ser a noite mais estrelada de janeiro. Você vai poder identificar ela. E tem uma caixinha aí em cima do travesseiro. - Eu olhei pra trás e vi a caixinha. Na verdade ela era grande, o que era bom, ele não ia me pedir em casamento. Eu peguei a caixinha preta e olhei pra ele.

A Distância é uma drogaOnde histórias criam vida. Descubra agora