Tudo aconteceu

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Alice

A música da festa estava alta demais, aquela casa estava cheia de fumaça. Maconha. Eu odeio esse cheiro. Decido ir lá pra fora, onde meus amigos estavam. Passo pela cozinha e pego uma garrafa de cerveja. Eu nem gosto de cerveja, mas precisava beber alguma coisa. Estávamos todos felizes, Pedro tinha ganhado a corrida, Gabe estava certo de que ganharia o caso dele.

- Onde cê tava? - Lucas perguntou assim que cheguei na rodinha que eles faziam, encostados na parede.

- Fui lá dentro pegar bebida. - Balancei a garrafa e dei um gole. Horrível. Fiz uma careta e engoli o líquido.

- Onde a Valen se meteu? - Perguntei observando o local em busca da minha amiga.

- Provavelmente se pegando com algum kid por aí. - Gabe da de ombros me fazendo rir pelo apelido que damos para os novatos. E aliás, a Valen tem uma tara neles.

- Porque todo mundo sonha em vir nas festas americanas? - Peter pergunta franzindo o cenho. - Elas são uma bosta, fala a verdade, as brasileiras são mil vezes melhores!

- É verdade. - Lucas concordou.

- Do que cês tão falando? Nossas festas são ótimas! - Gabe protesta. Ele é americano, nasceu aqui, mas sabia falar cinco línguas, incluindo a nossa. E os avós dele são do Brasil, então ele sempre estava por lá.

- Não são ruins, mas é que comparadas as nossas, são um lixo... - Tento melhorar a fala de Pedro.

- São ruins sim - Pedro fala e da um longo gole em sua cerveja.

- Você é americano, deveria estar do meu lado! - Gabe faz um gesto com a mão exagerado e Pedro revira os olhos. Gabe é tão amorzinho que nem se quer percebe o ódio que Pedro sente dele. Sorrio com a cena de Gabe gesticulando com Pedro e ele o ignorando completamente. Enquanto escutava a música alta e horrível que tocava, tive uma ideia.

- Conheço esse sorriso - Peter me abraçou por trás.

- Tive uma ideia brilhante

- Vai me arrastar, né?

- Obviamente. - Sorri e levei ele pra dentro da casa. Cheguei onde a a caixa de som enorme estava. Estamos em uma casa de fraternidade, então isso fica dentro do campus. Tirei o cabo USB que conectava o sim do celular dr alguém pra caixa. O silêncio ecoou por alguns segundos até um garoto vir reclamar comigo. - Fica calmo, vou ensinar pra vocês como se dá uma festa. - Conectei meu celular e coloquei um funk. O povo curtiu, a festa ficou ainda melhor. Abracei Peter pelo pescoço enquanto dançávamos e cantávamos gritando. Não rebolei, infelizmente, as meninas daqui não sabem mexer a bunda. Impressionante. Elas dançam tik tok, e felizmente eu me viciei também, então coloquei na playlist que tinham as dancinhas de funk do tico e teco. Podem me julgar, esse povo tem hate em tik toker mesmo.

Depois de algum tempo dançando, Lucas e Valen chegam. Meu olhar cai diretamente sobre Valen, que estava limpando o canto da boca. Não quer nem perguntar.

- Como vocês conseguiram colocar funk? - Lucas pergunta chegando mais perto da gente dançando no ritmo da música.

- Na força do ódio. - Respondo olhando pra ele dando gargalhadas da sua tentativa falha de dar uma sarrada. Vi Pedro de longe conversando com uma morena alta. - Quem você comeu dessa vez?

- Já conversamos sobre o verbo "comer", lembra? - Valen fala calmamente fugindo da minha pergunta.

- Que foi? Os meninos falam que comeram a gente, por que não podemos dizer o mesmo?

- Princípios, Lice, princípios. - Lucas diz apontando o dedo pro Peter que estava atrás de mim. Ele me abraçou por trás e beijou meu pescoço. - Acho impressionante sua força de vontade de tentar fazer a Alice te beijar - Lucas zombou rindo. Eu neguei com a cabeça e olhei pra ele, virando meu corpo completamente ficando de frente pra ele. Dei um sorriso antes de tocar nossos lábios. Sua boca tinha gosto de cerveja. Lembram que eu falei que não gostava de cerveja? Bom, mudei de ideia. Ele fazia ela ficar com um gosto maravilhoso enquanto nossas línguas dançavam em sincronia e eu me perguntava como tinha evitado esse beijo por anos. Você não sabe o quanto precisa até provar. A música parou de tocar e assim paramos nosso beijo. O coração de Peter estava acelerado, eu pude sentir ele bater bem rápido já que nossos corpos estavam colados.

A Distância é uma drogaWhere stories live. Discover now