O que você iria responder

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Pedro
Dava pra ver na cara dela. Na dele também. Que merda estava acontecendo? Em um dia nós dois quase transamos e no outro ela e o Peter estão basicamente namorando. Ficando sério uma pinóia! Ficar sério é namorar com outro rótulo. Se fosse com o Gabe, eu entenderia de boa, mas agora com o Peter? Eles são melhores amigos, quando a gente namorava ele vivia lá também, ele e o Lucas. Não posso ser o único que acha essa porra estranha. Quando eles decidiram isso? Desde quando isso tá rolando e eu não tô vendo? Mas que merda!. Eu realmente achei que estava muito próximo de conquistá-la novamente, achei que esse convite de chamar todos para jantar na casa deles fosse só um pretexto para me ver, e aqui estou eu, sentado na bancada minúscula da cozinha dela, junto com o pessoal enquanto Alie e o Peter anunciam a grande notícia. Ainda bem que eu não coloquei a fatia de pizza na boca, já teria engasgado. Pela primeira vez, eu e Gabe nos entre-olhamos e pudemos sentir a mesma coisa que não fosse raiva um do outro. Valentina também estava espantava, ela não estava surpresa pelo fato deles estarem transando, mas pelo fato de assumirem um compromisso. Lucas não pareceu surpreso, como se já soubesse o que estava acontecendo. Pra que fizeram a merda dessa reunião?? Parece que estão anunciando um casamento. Posso ver o olhar de Alice queimar em minha pele enquanto eu cerro os punhos tentando manter um sorriso amigável. Escuto Gabe soltar uma risadinha totalmente sem graça e num tom irônico. Alice não olhou pra ele, e sim pra mim, continuou. Ela queria minha aprovação ou o quê? Quem ela acha que é? A dona da porra do coração de todo mundo? Bom, ela era, a partir de agora, ela morreu pra mim. Meu celular toca, me tirando totalmente do transe da raiva. Eu levanto da banqueta e atendo o celular perto da janela da sala.

- Benson? - Era meu empresário. - Onde você está?

- Porque quer saber? - Pergunto sem paciência.

- Precisamos de você. Tem uns contratos atrasados para assinar.

- Okay, mas precisa ser hoje?

- Precisa ser agora. Tem alguém aqui que você ainda não conheceu, e cá entre nós, você não vai querer deixá-lo te esperando.

- Vou o mais rápido que puder.

- Não duvidaria do piloto número um. - Reviro os olhos, estou cansado de tanta bajulação desse cara. Desligo o celular e guardo no bolso, voltando pra bancada e pegando meu casaco.

- Eu preciso ir, galera. Foi mal.

- Sério? Tá cedo! - Alie esperneia. Que porra ela quer, afinal? Que eu ajoelhe, beije seus pés e peça para que fique comigo?

- Sim, sinto muito, tenho mesmo que ir, o pessoal tá perturbando.

- Te levo até a porta. - Ela levanta pouco depois que eu viro de costas, dando passos largos. Assim que chagamos até a porta, ela abre e da passagem pra mim sair. Eu saio, sem olhar pra ela e viro as costas, indo em direção ao corredor. Posso sentir o olhar dela me queimar, mesmo de costas. - Pê! - Ela chama, me parando.

- Que foi? - Falo me virando em sua direção, antes aperto o botão do elevador, não quero perder muito tempo com ela.

- Você tá bravo? - Sua voz sai num sussurro, quase não consigo escutar.

- Não sou seu pai, Alice. - Disse o nome dela normal de propósito, sabia o quanto isso doía nela. - Eu não tenho que ficar bravo ou não por você namorar um cara babaca, esse é o papel do Barry, ou do seu pai, eu não sou nenhum dos dois. Eu só sou seu ex que é um otário, só isso.

- Ele não é babaca... - Sua voz falha um pouco.

- Ah não? - Solto uma risada sem humor algum. Que merda ela quer que eu fale? - O que você quer de mim? - Pergunto franzindo a sobrancelha. - Você se decidiu, Alice. Eu falei pra você que queria casar, ter uma vida com você!

A Distância é uma drogaWhere stories live. Discover now