13 | After all these years

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Um mês se passou desde a conversa que Alya teve com a turma sobre a Noite Branca e uma semana desde a festa no hotel da Chloé. Conversei com o Luka como quem não quer nada anteontem. Não estava conseguindo lidar com a culpa dele talvez sentir algo por mim e esperar que eu faça alguma coisa.

Depois de um tempo conversando, ele me contou que realmente sente algo por mim. Disse que não espera que eu faça nada (sim, exatamente o oposto que eu imaginava) e que eu não preciso retribuir. Que ele sabe que na festa eu o beijei sem querer algo a mais. Luka é um menino tão doce. Queria gostar dele desse jeito, queria mesmo.

Pedi desculpas para ele por não ter me colocado em seu lugar mesmo sabendo que eu não tinha culpa. Também o avisei que é muito improvável que nós venhamos a resultar em alguma coisa no futuro.

Foi uma conversa esclarecedora para ambos os lados. Continuamos amigos, mas sem chances de sermos coloridos.

Hoje mais tarde vai ter mais um ensaio. Agora minha presença não está sendo tão importante. Cada vez que eu assisto os ensaios, eu aprendo os novos passos. Sem querer me pego dançando com o vento no meu quarto. Sinto bastante falta de dançar.

De resto, a vida continua a mesma. Mesmas aulas, mesma competição boba na educação física. Adrien nunca falou comigo sobre Luka, me fazendo imaginar que tudo o que eu pensei sobre a situação está longe de ser a realidade.

Ele também não me pediu mais conselhos e arrisco dizer que não pediu para mais ninguém. Adrien e Kagami nos ensaios continuam com aquela relação "somos-amigos-mas-essa-coreografia-é-desconfortável". Chega a ser engraçado a vergonha que ambos sentem.

Fui no ensaio hoje só para passar o tempo. Eles repassaram a coreografia e criaram novas partes. Fiquei refazendo os passos na minha cabeça, como se eu estivesse em meu quarto. O solo da Kagami exigia habilidades que ela não dominava tanto assim. Alix pegou pesado ao incluir ginástica e ballet para uma menina que praticava esgrima nas horas livres.

Não mencionei nada que eu sabia fazer os movimentos que Alix queria. Kagami não tinha a flexibilidade necessária, não teria como ensinar corretamente de qualquer jeito e senti que estaria mais atrapalhando do que ajudando.

A música fora repetida tantas vezes que agora não estão mais colocando, só quando vão fazer desde o começo a coreografia inteira.

Kagami se cansa e se senta ao meu lado para recuperar a força. Ficamos lá sentadas em silêncio por uns bons minutos.

- Eu estou gostando dele - ela solta subitamente. - De verdade.

Viro para ela. Ela está olhando para frente, para ele. Adrien está ocupado, parece que não consegue realizar um simples movimento e isso o deixa bravo. Ao menos ele acha que parece bravo, o máximo que consegue é fazer um biquinho.

- Eu sei que vocês não são amigos mais, mas você conhecia ele como ninguém. Sabe me dizer se ele sente algo pelo menos um pouco por mim? - Kagami trouxe seu olhar para mim. Ela corava.

- Desculpa, Kagami. Mesmo se eu soubesse tudo o que ele sente, eu não poderia te contar. Isso é entre vocês.

- Admiro a sua lealdade. Mesmo com vocês só se xingando o dia inteiro, você ainda mantém isso por ele.

- Espero que você não me entenda mal. Eu sei sim algumas coisas - fiz uma pequena pausa. - Mas não cabe a mim te contar.

- Você tem alguma dica para me dar?

- Adrien é... difícil. Ele é indeciso, confuso e incapaz de confiar fácil. Você já demonstrou o que sente por ele e ele ainda não entendeu. Acho que você deveria conversar com ele.

- Você está certa. Vou fazer isso hoje.

- Não precisa ser imediatamente, você nem precisa fazer o que eu estou falando - eu disse rápido com medo de que se algo desse errado a culpa fosse minha. - Só acho que você só demonstrar não está fazendo efeito.

Kagami concordou em silêncio, pensativa. Achei que o assunto tinha acabado até ela falar uma coisa que eu não esperava, sem abaixar o tom ou aumentar, ainda olhando para mim.

- Às vezes eu acho que ele sente algo por você.

Fiquei vários segundos tentando segurar a risada e no fim não adiantou de nada, ri alto. Não queria que ela pensasse que eu não estava levando ela a sério, mas depois disso não teve como eu não rir.

- Kagami, nada a ver - ri mais. - Desculpa, não estou conseguindo parar. A gente não tem uma conversa de verdade há meses! O máximo que fazemos é chamar um ao outro de besta. Não tem mesmo como ele sentir algo por mim.

Ela começou a rir, logo depois explicando que estava rindo não porque acredita no que eu disse, mas porque se contagiou com a minha risada.

Kagami e eu não somos melhores amigas, gosto muito dela e sei que o sentimento é recíproco. Todas as vezes que ficamos juntas o ar fica mais leve. Ela sabe que não tem que ser quem a mãe dela a força a ser quando está comigo. Sabe que não vou julgar.

O volume da nossa risada abaixou depois de um tempo, mas a risada não acabou. Ficamos rindo baixinho até que uma hora para.

- Espero que vocês voltem a ser amigos - ela falou sincera.

- Para mim não faz mais diferença.

໑໑໑

Fui para casa depois do ensaio com Alya e Alix. Temos trabalho para fazer. Por causa do festival, como não estamos tendo tantas aulas como deveríamos, os professores resolveram encher a gente de trabalho e, para piorar, em grupo.

Fizemos um almoço e roubamos alguns docinhos da padaria com a permissão da minha mãe. Enquanto eu fazia o trabalho, as duas conversavam comigo sobre qualquer besteira que aconteceu no dia e vice versa. Essa foi a nossa rotina praticamente a semana toda e a próxima.

Mesmo não gostando de trabalhos em grupo, eu amo ter esse tempinho a mais com as meninas. Agora o risquinho na sobrancelha de Alix que teve que fazer pela aposta perdida um mês atrás já estava quase inteiramente de volta. Para saber da existência dele você teria que prestar bastante atenção.

O curioso é que Alix se acostumou com ele e estava sentindo falta, me pedindo para fazer de novo nela. Fiz segurando a risada, lembrando do quanto ela reclamou no passado por ter que fazer.

Depois que as meninas foram embora, meu celular toca com uma mensagem de Kagami.

"Você estava certa, eu tinha que falar com ele."

Aligned | Adrien AgresteМесто, где живут истории. Откройте их для себя