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  Uma semana se passou, e eu já não suporto mais Namjoon, pedindo para sair, para comer alguma coisa, seu sorriso enjoativo e seu jeito atrapalhado.

  Quero matar ele.

  Não, matar é pesado demais.

  Apenas tirá-lo da minha vida é o suficiente.

  Mas o pior, é que ele me suporta, ele acha mesmo que eu posso mudar.

  Mas o meu tempo de suportável já passou.

  Cansei de ser grossa, de tentar ridicularizá-lo, e ele sempre devolver um sorriso idiota.

  Já liguei para Yoongi várias vezes, mas ele nunca me dá conselhos que prestam. Eu diria que todos os seus conselhos são inúteis e chatos, mas não posso culpá-lo, ele está apaixonado. Um garoto apaixonado é a única coisa que não vai me ajudar agora.

  Eu pensei em um plano durante a noite toda, pensando, pensando e pensando, até achar uma solução, que na minha mente deve ser maravilhosa. Se tem uma coisa que todo homem tem em comum, é o seu ego.

  Um ego ferido é um coração partido. O ponto fraco do ser humano.

  Como eu não feri o ego de Namjoon? Porque eu não havia encontrado seu ponto fraco.

  Mas depois de passar uma noite inteira apenas arqueando meu plano, estou prestes à descobrir seu ponto fraco, o centro do ego. Algo que o fere, mesmo sendo em poucas palavras.

  Avaliei sua personalidade e suas tentativas falhas de conversa comigo.

  Uma semana foi o bastante para ele demonstrar tudo o que eu precisava. O tratei com toda grosseria que consegui, mas não vou morrer se tentar essa, antes de desistir por completo. Esse plano pode funcionar.

  Depois disso, ele vai voltar para Seokjin, falando o quanto eu sou insuportável, fria, chata, grossa, e tudo mais.

  Bem-vindo ao mundo de Lee Soyun! Ou melhor, adeus.

  Agora só falta ferir o ego de Namjoon.

  Entrei na cozinha, neutra, quando o topei com um sorriso no rosto, me fazendo encarar sua expressão feliz.

   — Bom dia! — ele cumprimentou com um sorriso largo, me dando agonia, em ver sua felicidade. — Eu comprei algumas coisas, já que no seu armário só tem cereal. Sabe, o doutor Kim disse que você pre...

  — Escuta aqui! — o interrompi, fazendo-o me olhar surpreso. — Se você acha que isso aqui é um daqueles filmes de romance onde o cadeirante chato se apaixona pela cuidadora alegre, pode ir tirando o cavalinho da chuva! Porque isso aqui não é um filme de romance, e sim, a vida real. E a vida real não é tão legal assim. — falei fria, olhando sua expressão pasma. — E pode servir cereal, sim. — mandei, saindo dali.

  Meu irmão diria que foi ruindade. Eu diria que foi um pensamento aleatório, mas necessário.

  Estou apenas me protegendo.

  Apesar de ser pouco, isso foi o bastante, para Namjoon não olhar na minha cara o resto do dia. Ou o resto da semana.

  E foi o que aconteceu.

  Namjoon não se importava mais com a minha existência. O que estava me deixando feliz.

  Ele não bate mais na minha porta, não me chama mais para comer, não oferece mais ajuda e só fica de cara fechada. Sempre que me olha, ele faz uma cara de desprezo.

  Eu feri seu ego. Foi mais fácil do que eu imaginava.

  A única coisa que faz para mim, é trazer meu cereal, o que me deixa feliz. O cereal é mais uma prova de que eu venci, mais uma prova de que quem manda aqui sou eu.

  Às vezes, lanço um sorriso falso para ele, que revira os olhos, querendo vomitar. "Pode vomitar" quero dizer. Afinal, eu não passo de comida podre. Minhas pernas que o diga.

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