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  Meu encontro com Jimin foi favorável para meu sono. Acho que não dormia assim desde três anos atrás. E sim, é bastante tempo. Mas meu sono gostoso não me impediu sair da cama e seguir minha rotina deprimente e não-saudável.

  Mas hoje seria diferente. Eu creio que uma pequena coisa é capaz de mudar meu dia por completo; o fato de que irei receber visitas.

  Mas não vou deixar isso, ou ele, me mudar. Já mudei muito para as pessoas, tanto que virei, segundo Namjoon, a "pedra" que sou hoje.

  Ah, quer saber? A quem eu quero enganar com essa tolice? Eu sou um ser humano! Eu me faria, e me refaria para a pessoa que amo ou admiro, apenas para ser aceita. Porque afinal, é isso o que o ser humano faz. É idiota o suficiente para mudar seu pensamento, seu jeito, seu estilo, apenas para ser aceito na sociedade. E não porque quer.

  Mas eu não preciso disso. Creio que não há mais nenhum motivo para querer me encaixar nessa merda que chamam de sociedade.

  Chega. Me obrigo a parar. Quando isso acontece, minhas crises voltam.

  Tudo o quê eu preciso é de um banho, e de uma roupa confortável.

  Vou receber visita hoje. E essa é a parte boa.

  Saio do banho, com uma sensação de leveza. Meu cabelo mesmo seco, o sinto macio e hidratado, ainda que meio bagunçado. A blusa cinza larga, juntamente com um calção preto dão um ar de conforto, mas também me mantém acordada.

  O sol das oito da manhã dá sua forte e viva luz laranja pelas janelas e vidraças da mansão, e energia sobre o piso de mármore. O dia está agradável, eu sinto isso. O ar em meus pulmões entra e sai calmamente, enquanto meu coração bate em sua velocidade normal, algo em que eu não costumo reparar.

  — Namjoon? — o chamo, após descer as escadas. É estranho pensar nisso, mas Namjoon é uma palavra boa de se dizer. Ela traz um peso de importância, mas também uma leveza, como um doce. Repito o nome do meu cuidador só para testar a sensação.

  — Já acordou? — ele me percebe enquanto lava os pratos. Seu sorriso matinal é acompanhado com um bocejo. Ele está, no que eu digo, morto de sono.

  Suspiro longo.

  — Vou ficar na varanda por enquanto. Se chegar alguém, peça para se dirigir até lá. — informo, Namjoon concorda.

  Arrasto a porta de correr que dá para a varanda, sentindo o orvalho, frio, apesar do horário. Mais um sinal de que o inverno está para chegar. O sol bate em meu rosto enquanto os pássaros cantam na pequena fonte. Respiro o ar puro, sentindo o vento gelado preencher minhas narinas. O sol no meu rosto me faz refletir um pouco, lembrando dos meus poemas.

  Rodo meu anel dourado sobre meu dedo anelar, lembrando das sensações que me perseguiam há anos atrás.

  A cor amarela.

  "A favorita de Van Gogh". Sua voz vêm a minha mente.

  Por um momento de distração, me viro em direção à parte interna da casa. Seu rosto pasmo me encara intenso, reparando cada pequeno detalhe meu. Exatamente da mesma forma que me olhou quando o vi pela primeira vez, há cinco anos atrás. Um rosto no qual eu me apaixonaria à cada segundo, pelo resto da minha vida.

  — Taehyung... — sibilo seu nome doce, o fazendo despertar de seus pensamentos.

  Em poucos segundos ele se posiciona ao meu lado, sentando-se, com sua pasta e seu estilo clássico e glamuroso.

  — É sempre bom te ver, Soyun! — ele exclama com um sorriso enorme. Um sorriso na qual eu poderia observá-lo pelo resto dos meus dias. Porém desvio-me de seu olhar, não posso encará-lo por muito tempo. Ele é como a Medusa. É perigoso encarar por muito tempo.

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