Mesmo que Soyun fale coisas que eu não entendo às vezes, tenho que concordar com elas. Lembro de ter me dito que o tempo passa de acordo com nossas emoções, como um castigo da vida. Principalmente quando se importa com ele.
Eu a observo pela cozinha. A feição impecável e impassível observando a paisagem da varanda. Não é tão interessante por conta do muro que a cerca, mas Soyun a observa como se estivesse tentando decifrar um código.
Esses últimos dias têm sido, de certa forma, destrutivos para ela. Uma mulher cheia de problemas, e mesmo assim, não se deixa abalar pelas tempestades da vida. Pelo menos é o que eu enxergo. E algo me diz que estou errado.
Não consigo conter uma respiração pesada quando vejo um vislumbre de uma lágrima solitária cair sobre seu rosto. Ela não se incomoda como antes e apenas permite que aquela lágrima caia sobre o chão de mármore.
É difícil enxergar algo assim, sem poder fazer muita coisa, principalmente quando lembro das pílulas na escrivaninha. Odeio tentar pensar que, a qualquer momento eu posso encontrar um cadáver naquele quarto. E só piora quando lembro que esse cadáver pode ser Soyun, quem prometi cuidar, e manter fora de perigo. Jurei para Taehyung que daria meu melhor, e isso se torna mais difícil a cada dia. Eu não tenho idéia do que fazer, e Taehyung não está aqui para me aconselhar. E não aparecerá tão cedo.
Toda vez em que penso no homem estiloso, cheio de pastas, o único que conseguia arrancar risos sinceros de Soyun - até um tempo atrás - algo dentro de mim me deixa desconfortável. A curiosidade me bate forte sobre o que aconteceu entre eles. Me arrependo subitamente por não ter tentado escutar eles conversando naquele dia. Mas do jeito que eu sou, eles logo teriam descoberto.
— Pensamentos são perigosos, às vezes, Namjoon. Não deixe eles te dominarem. — Soyun faz uma careta de desgosto. Pela sua expressão, esse conselho cabe mais à ela do que à mim.
Eu a encaro, enquanto retira seus fios da face.
Preparo a bandeja, que comprei semana passada, junto com o que eu chamo de 'café da manhã digno'. Equilibro o quanto posso e coloco devagar na mesa. Soyun me segue com os olhos, e suas sobrancelhas franzidas.
— Não deixou cair! Os tempos estão mudando! — Soyun brinca sem muita animação.
— Você é tão engraçada, Soyun! Deveria ser comediante de barzinho. — meu sarcasmo arranca uma risada fraca, mas sincera. Me alivio por inteiro de sentir essa sensação.
Ela encara meio confusa o tanto de comida que tento organizar da forma mais bonita possível na mesa.
— Namjoon?
— Sim? — respondo, com um breve sorriso.
— Eu não sou de comer... muito... — ela encara com certa preocupação minha face.
A devolvo com outro sorriso.
— Por isso estou aqui, Soyun. — rio, para aliviar o mínimo da tensão que paira no ar desde segunda. — Se quiser, podemos chamar Hoseok.
Ela alivia um pouco sua expressão. Falar de Hoseok, de alguma forma acalma à nós dois.
— Liberei ele por hoje. Não pretendo sair, e se caso eu sentir vontade, não vou de carro. — ela me observa colocar um copo em sua frente. Seu suspiro fundo é um breve indício de que o quê estou fazendo pode dar errado. — Bem... o que temos para hoje?
Sorrio aberto quando ouço a pergunta. Soyun fica um pouco surpresa com meu entusiasmo, mas logo se recompõe.
— Que bom que perguntou!
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Winter Flower
Fanfiction❝Um suspiro que se espalha São lágrimas congeladas. Existe algo mais doloroso do que desistir de um sonho que você está perseguindo? Onde está o final dessa temporada? Se existe eternidade Aguente firme.❞ - Winter Flower •• ❝ı łσsт мysєłƒ вυт yσυ ƒσ...