publicado: 27 de maio de 2020
Matraca tinha ligado há vinte e seis minutos para gritar com o peão, que para ele não poderia nem ser denominado como aspirante que dirá profissional quando sumia sem explicação por mais de quarenta e oito horas.
José Pedro terminou o lanche, observando o ônibus ainda parado e os passageiros no caixa do estabelecimento. Faltavam muitas horas para chegar em Ribeirão Preto e buscava aproveitar esse tempo para estudar o próximo animal que iria montar.
— Meus netos gostaram muito do Rancho do Peãozinho — uma passageira idosa comentou quando viu a pesquisa do peão.
José Pedro sorriu, começando a contar sobre sua primeira participação em uma arena, na época com seis anos foi capaz de permanecer em cima de um carneiro e fez os trinta metros da arena no menor tempo que todos os competidores.
— Foi a primeira vez que falei pros meus pais que ia me tornar um peão profissional.
— Então, você é um peão que monta em touros? — a senhora perguntou com curiosidade, enquanto voltavam para dentro do ônibus após a buzina.
— Sim, senhora, e agora estou me preparando para encontrar um velho conhecido — JP respondeu, finalizando a conversa assim que acomodaram em seus assentos. Abriu a última conversa com Matraca e clicou na foto do touro — Vamos nos encontrar pela quarta vez Playboy.
O primeiro encontro do peão e o touro resultou numa lesão no joelho esquerdo, na segunda vez ele teve uma luxação no ombro e na última competiu mesmo com dores no joelho, afastando-se dos treinos por seis meses. É claro que terminou por estender esse tempo, motivo pelo qual procurou Matraca.
Uma das divergências com seu mentor foi justamente o período de onze meses em uma fazenda de criação de touros para competição, quando José Pedro aceitou o trabalho de realizar testes. Aquela foi uma experiência bem aproveitada, principalmente para entender as cobranças de Matraca sobre cada touro exige um preparo diferente.
— Olha quem voltou!
O peão jogou a mochila para um colega e pulou a cerca direto para a arena. Esfregou o queixo enquanto aceitava o olhar minucioso do treinador.
— É melhor não escapar mais uma vez, moleque.
— Eu não estava sob suas vistas, Matraca, mas estive me preparando.
— Ótimo! Porque você tem pouco tempo agora e é melhor se sair bem nele, se quiser mesmo ganhar no Rodeio de Barretos.
— Pode deixar — José Pedro afirmou.
— Vamos parar de conversa fiada — Matraca gritou — Se preparem, peguem seus equipamentos.
José Pedro voltou para a cerca, observando os outros peões se preparando para o Desmaio, um nome bem apropriado para o touro de 900kg, muito rápido e que tinha um belo par de chifres que facilitava seu movimento de jogar cada peão – corajoso o suficiente para montá-lo – para frente até de fato desmaiar.
O peão manteve olhar para o próximo competidor, apoiando o rosto nas mãos. Aquele touro não era parecido com Playboy, não mesmo, já que seu oponente era um touro cinza, com 1.008 quilos , sempre isolado seja na fazenda ou rodeio, pois não conseguia ter companhia sem partir para o ataque. José Pedro sorriu, talvez fossem bem parecidos.
Nenhum peão tinha conseguido ficar os oito segundo sobre Playboy.
E José Pedro Souza estava disposto a mudar o status invicto daquele touro.
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No rádio tocava Remember When enquanto terminavam de organizar a cozinha após o jantar, Carolina puxou a filha para uma dança que a contragosto acompanhou a mãe. Como qualquer adolescente não entendia a fixação da mãe naquele programa de rádio.
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Em Uma Matemática
Roman d'amourCom a matemática é possível descrever em equações as metas, que podem ser reduzidas ao primeiro número conforme uma convivência se prolonga. A palavra família tem um peso diferente: o casamento perfeito de décadas; os filhos em convivência amigável;...