Prólogo

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" Eu sou apenas humana.. Eu posso aguentar muito até ter tido o suficiente..."

Human - Christina Perri




A ventania imperava sobre aquela manhã. O Sol, escondido entre as nuvens, mostrava-se insatisfeito. Impedido de reinar com sua tão tenra luz, aguardada pelas majestosas ruas de Paris. A cidade dos amantes encontrava-se inquieta, a procura da aura apaixonante que exalava tão facilmente entres os jovens e maduros casais que a escolhia como o palco das inebriantes paixões.

Sob os céus desprovidos da mais bela estrela, ela caminhava. A cada passo ficava evidente a dificuldade que encontrava em se locomover. Os pés inchados anunciavam o cansaço e as adversidades de uma mulher debilitada.

O rebolar dos quadris fartos, cativava olhares desejosos, porém, para ela nada mais importava do que o pequeno ser inocente que guardava no ventre. Os cabelos longos, cobria-lhe toda as costas, como um manto de uma noite tomada pelo breu. Nas mãos, carregava uma sacola plástica que continha o almoço daquele dia. O alimento que tanto se esforçara para conseguir.

Por dias, andou pelos ruas atrás de sustento, dinheiro esse que a faria comprar o que tanto desejava e necessitava diante de seu estado.

O tão sonhado lugar onde o fruto da sua devoção e amor iria adormecer assim que chegasse ao mundo.

As íris verdes como preciosas esmeraldas, procurava sem cessar um banco vazio na vasta praça repleta de árvores e ar puro. Algo que, em sua condição, lhe era recomendado. Enfim, conseguiu achar um banco afastado dos demais, onde havia a sombra de uma anciã que denunciava a chegada do Outono.

As folhas alaranjadas deixavam os galhos e trazia uma das mais belas paisagens que ela contemplara. O vento as levavam em um bailar repleto de leveza e aconchego. Dando a nobre mulher, a sensação de paz.

Uma paz que nunca imaginou provar.

Sentou-se sobre o banco e relaxou ao sentir a presença do vento em sua pele. Abraçando-a como um velho amigo, que a muito tempo deixara de notar.

Os longos cílios encontram-se uns aos outros, quando às pálpebras se fecharam brevemente e os lábios carnudos de aspecto aveludado se curvaram diante de um pequeno sorriso.

Que há muito tempo, não dara.

A mulher da pele cor de canela sentiu o corpo retesar em um tremor tomado por um toque que ela conhecia bem e tanto tentou esquecer.

O medo.

A ânsia.

A tristeza.

Embalaram sua alma naquele momento.

Assustada, virou-se em um rompante e não acreditou no que seus olhos avistaram.

- O qu-quê? - Balbuciou, incrédula ao olhar a face daquele que foi o causador dos maiores pesadelos que atacavam-a durante as longas noites de insônia. - Não me toque! - Gritou, apoiando ambas as mãos no banco, se levantando com rapidez.

A tontura empoderou sobre o corpo delgado, fazendo com que sua visão se torna-se turva. Mas, se manteve firme, sabendo que se assim não o fizesse, não seria o homem de pele branca e olhar vazio que o faria.

Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora