Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2

Capítulo 6

"Você é assim

Um sonho pra mim

E quando eu não te vejo

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito

Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

O meu melhor amigo

É o meu amor

Seus olhos, meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só

Você é assim

Um sonho pra mim

Você é assim"

Velha Infância - Tribalistas

Yerik Petrovisk

A mão abraça o pincel em um toque áspero.

Os dedos longos e calejados pressionam o cabo de madeira marrom fazendo com que as fibras macias dancem diante do vazio da folha em branco.

No papel, desenho aquilo que meus olhos fitam com precisão e, até mesmo, o que está oculto... Além do olhar.

O azul banha a miragem que inunda minhas íris sem prepotência ou ganância.

O astro rei não se opõe ou renega ser utilizado como inspiração.

Ao contrário, em vez de calejar minha face com seu calor, apenas a toca de forma singela. Mostrando que está ali, para ser contemplado por alguém que não possui um pingo de sua beleza.

As águas calmas brilham sob os raios solares de uma manhã mais que bela. Não há o frio da minha Terra natal ou a tristeza que imperava nos colchões sujos e empodrecidos pelo sangue que pingava sem hesitação. Sem se importar com o fato de me lembrar, a cada remoto segundo, o que tanto me atormentava.

Ah, os lençóis...

Eles foram testemunhas dos atos da minha madrasta. Ao cerrar das pálpebras, posso senti o toque áspero das mãos embebedadas pelo líquido viscoso que ela retirava através da sola do salto alto ou da fivela do cinto colorido que tanto gostava. Nela, dominava uma ira que a mente de uma criança poderia sequer compreender.

E, sendo sincero, ainda hoje não entendo.

A tinta toca o papel e lhe dá vida diante da falta de cor.

O verde abraça o vazio e se faz iluminar ao lado do azul, se misturando junto a ele. Fornecendo ao seu novo companheiro, um toque suave e uma nova tonalidade que faz de ambos únicos: Turqueza.