Capítulo 13

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"Ei, você

Você me ajudaria a carregar o peso da vida?

Abra seu coração, estou indo para casa

Mas isso foi apenas fantasia

O muro estava muito alto como você pode ver

Não importava o quanto ele tentasse, não conseguia se libertar

E os vermes comeram o interior do seu cérebro

Ei, você

Lá fora na estrada

Sempre fazendo o que te mandam

Você pode me ajudar?

Ei, você

Aí fora, além do muro

Quebrando garrafas no corredor
Você pode me ajudar?

Ei, você

Não me diga que não há mais esperança alguma

Juntos nós resistimos, divididos nós caímos"



Hey You - Pink Floyd











Dominik Petrovisk









A porta se fecha e finalmente percebo a tamanha intensidade que pairava entre Valentina e eu.

Toco o anel e respiro fundo.

- Você deve está puta comigo, mère. - Passo a mão entre os fios densos. - Esse ano não poderei lhe levar rosas. - Constato, pesaroso.

- Dom? - Yerik adentra o quarto e me fita encabulado. - A Val disse que você queria nós levar para um café da manhã diferente. - Coça a nuca e noto o olhar avaliativo por todo o ambiente. - O senhor e a Val estão bem? - Indaga, sem esconder a preocupação.

É curioso chegar a conclusão que o rapaz loiro de semblante envergonhado e de extrema timidez ultrapassa tais barreiras em nome do carinho que tem pela minha esposa.

Parece que a dor não apenas cega para a realidade dos fatos, mas também, permite uma intensa inércia diante dos momentos importantes e evoluções que ocorrem debaixo do nariz.

- Sim, ela está certa. - Ajeito a camiseta. - Não precisa se preocupar, Yerik. Tanto eu quanto Valentina estamos evoluindo e tentando apaziguar nossos ânimos. - Suspira.

- Pelo menos a visita daquela mulher proporcionou algo bom. - Dá de ombros e contenho a risada. - Podemos comer "pão na chapa"? - Pão o quê? - É brasileiro. - Explica. - Não que em outros países não façam mas, Sr. Pablo explicou que a Val gosta dessa comida e que é bem comum no país em que ela viveu grande parta da vida. - Esclarece, expectante. - Seria legal fazê-la feliz essa manhã. Ela tem andando muito triste. - Assinto. - Você também parece mal. Podemos comer seu prato favorito no jantar, a Dona Paulina sabe fazer vários e... - Desata a falar e me pego apreciando tal atitude.

O loiro de semblante centrado, pronuncia as palavras expectante. Há tanto entusiasmado que sorrir torna-se inevitável.

Yerik me lembra uma época em que ser um adolescente era uma dádiva torturante. Crescer em meio as obrigações não foi meu real problema, mas, sim, viver em meio a tão pouca oportunidade de mudança, me fez sentir a necessidade de ir além. E, foi exatamente nesse ponto que vi minha existência ir contra tudo que tinha aprendido durante toda uma vida.

Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2Where stories live. Discover now