Capítulo 9

3K 349 171
                                    

"Vim para te encontrar, dizer que sinto muito

Você não sabe quão adorável você é

Tinha que te encontrar, dizer que preciso de você

Dizer que te escolhi

Conte-me seus segredos e faça-me suas perguntas

Oh, vamos voltar para o começo

Correndo em círculos, perseguindo caudas

Cabeças em uma ciência a parte

Ninguém disse que seria fácil

Mas também não disseram que seria tão difícil

Eu só estava analisando números e figuras

Desfazendo os enigmas

Questões da ciência, ciência e progresso

Não falam tão alto quanto meu coração


Eu estou voltando para o começo"











The Scientist - Coldplay



















Valentina Ramirez











Em um dia ensolarado, lembro da mansidão da voz da minha abuela. Como um pássaro a entornar uma melodia, a mulher guerreira e tão sofrida me ensinava tudo o que sabia, tudo o que lhe restava de uma vida cheia de dor e abandono causado por um filha que renegou sua existência.

A força.

A garra.

A superação.

Tudo o que um dia aprendi a beira do rio, uso como fortaleza para retornar ao passado e, enfim, encarar os temores e arrependimentos de um tempo cujo teor me assombra a cada santo dia.

- Valentina? - Engulo em seco.

- Antes de mais nada, preciso que você realmente esteja disposto a ouvir tudo que tenho a dizer. Porque, se você não estiver aberto a essa conversa, não adiantará de nada eu ficar falando e falando para alguém que quer permanecer sendo o dono da razão, como em muitas vezes você deixou claro o ser. - Me encara intrigado, mas assente. - Ótimo. - Respiro fundo. - É muito difícil lembrar, Dominik. É extremamente insuportável conviver com o fato de que... - Passo a língua pelos lábios ressecados. - Que nada do que fiz impediu a morte da Angel. - Passo a mão na nuca sem me importar com o fato de está manchada de sangue. - Díos! Dói olhar para trás e ver que todos os seus esforços foram em vão. Que mesmo fazendo tudo que eles queriam a vida de uma menina de 12 anos foi ceifada.  - Uma névoa dolorosa impera nas íris esverdeadas. - Eu tentei, solo Díos sabes o quanto eu tentei. Mas, hoje sei que absolutamente nada, poderia evitar. - Ofego. - Mas... - A têmpora lateja e me calo.

O ar comprime meu peito e o chicote abandona meus dedos caindo sobre o piso, ecoando sem cessar.

A têmpora lateja.

A raiva e a incapacidade mesclam entre si e luto contra o pranto que rasga o fundo da minha garganta.

- Valentina? - A voz parece tão longe quanto o sopro do vento ao tocar na vidraça. - Ei, olhe para mim. - Se aproxima tão rápido que mal percebo quando segura meus ombros. - Está em choque. - Conclui.

Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2Where stories live. Discover now