"Vim para te encontrar, dizer que sinto muito
Você não sabe quão adorável você é
Tinha que te encontrar, dizer que preciso de você
Dizer que te escolhi
Conte-me seus segredos e faça-me suas perguntas
Oh, vamos voltar para o começo
Correndo em círculos, perseguindo caudas
Cabeças em uma ciência a parte
Ninguém disse que seria fácil
Mas também não disseram que seria tão difícil
Eu só estava analisando números e figuras
Desfazendo os enigmas
Questões da ciência, ciência e progresso
Não falam tão alto quanto meu coração
Eu estou voltando para o começo"
The Scientist - Coldplay
Valentina Ramirez
Em um dia ensolarado, lembro da mansidão da voz da minha abuela. Como um pássaro a entornar uma melodia, a mulher guerreira e tão sofrida me ensinava tudo o que sabia, tudo o que lhe restava de uma vida cheia de dor e abandono causado por um filha que renegou sua existência.
A força.
A garra.
A superação.
Tudo o que um dia aprendi a beira do rio, uso como fortaleza para retornar ao passado e, enfim, encarar os temores e arrependimentos de um tempo cujo teor me assombra a cada santo dia.
- Valentina? - Engulo em seco.
- Antes de mais nada, preciso que você realmente esteja disposto a ouvir tudo que tenho a dizer. Porque, se você não estiver aberto a essa conversa, não adiantará de nada eu ficar falando e falando para alguém que quer permanecer sendo o dono da razão, como em muitas vezes você deixou claro o ser. - Me encara intrigado, mas assente. - Ótimo. - Respiro fundo. - É muito difícil lembrar, Dominik. É extremamente insuportável conviver com o fato de que... - Passo a língua pelos lábios ressecados. - Que nada do que fiz impediu a morte da Angel. - Passo a mão na nuca sem me importar com o fato de está manchada de sangue. - Díos! Dói olhar para trás e ver que todos os seus esforços foram em vão. Que mesmo fazendo tudo que eles queriam a vida de uma menina de 12 anos foi ceifada. - Uma névoa dolorosa impera nas íris esverdeadas. - Eu tentei, solo Díos sabes o quanto eu tentei. Mas, hoje sei que absolutamente nada, poderia evitar. - Ofego. - Mas... - A têmpora lateja e me calo.
O ar comprime meu peito e o chicote abandona meus dedos caindo sobre o piso, ecoando sem cessar.
A têmpora lateja.
A raiva e a incapacidade mesclam entre si e luto contra o pranto que rasga o fundo da minha garganta.
- Valentina? - A voz parece tão longe quanto o sopro do vento ao tocar na vidraça. - Ei, olhe para mim. - Se aproxima tão rápido que mal percebo quando segura meus ombros. - Está em choque. - Conclui.
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Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2
RomanceO Azul nunca foi tão cruel... Pela Honra. Pelo Sangue. Pela Império Rubro. A regras são claras e todos devem segui-las. A família antes da vida. O dever além do desejo. A ordem deve prevalecer para aqueles que detém o poder. A dor é capaz de moldar...