Capítulo 3

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"Querido você não vê?

Estou te chamando...

Um cara como você

Devia usar um aviso
"é perigoso"

Estou caindo

Você me sente agora?

Com o sabor dos seus lábios

Eu entro numa viagem...

Você é arma tóxica

Estou derretendo

Com o sabor de um paraíso
de veneno...

Me intoxique agora."


Toxic - Yael Naim















Valentina Ramirez







Odeio hipocrisia.

O simples ato de aspirar o mesmo oxigênio dos hipócritas me causa ânsia.

Nessa vida custei a criar consciência da presença desses seres. Sempre me sentindo inferior, sempre me colocando no lugar daquela que deveria fazer as vontades da mulher que me colocou no mundo apenas para ser capacho do hijo da puta que é marido dela. A ilustre Sra. Ramirez me fez comer o pão que o diabo assou. Porque, para mim, ele não se deu nem ao trabalho de pisar. Já confeccionou esse alimento com a certeza de que a merda já estava destinada.

Bem, isso era antes.

Antes de me iludir.

Antes de cair nas teias do amor e fazer dele minha doce e majestosa prisão.

Esse sentimento é tão belo quanto maldito.

Passo a mão no rosto, sentindo minha visão turva.

- Carajo... - Xingo, assim que me dou conta do peso nas têmporas.

- Val? - Fito a porta. - Estou entrando. - Avisa, adentrando meu quarto.

Paolo Negrini.

O homem que foi braço direito de Don Alejandro e agiu conforme as Leis da família.

Me viu crescer e penar.

O homem que me encara pesaroso, contemplou o desabrochar da minha juventude e as merdas que com ela vieram.

- Não acha que está passando dos limites, Consejero? - Indago, pegando um cigarro e o ascendo-o sem demora. - Se continuar assim, vou achar que essa devoção toda é outra coisa. - Debocho e ele me fita sério.

- Pare com isso, chica. Vi você no ventre de sua mãe, jamais a olharia com um desejo se não paterno. - Sopro a fumaça e ele nega com a cabeça. - Você não é assim. - Ergo a sombracelha, intrigada. - Yo sei que tudo que lhe aconteceu foi uma brutalidade sem tamanho que poderia ter sido evitado e... - Jogo o cigarro do chão e o piso com meu salto.

- Cállate! - Rosno. - Tenha a decência de não tocar nessa mierda de assunto. - Caminho até a prateleira e opto por uma calça jeans e camiseta azul com babados no decote farto. - Irei cavalgar. Portanto, saia do meu quanto, por gentileza. - Respira fundo e o encaro. - Parece que você quer me ver nua... - Meus lábios se curvam em um sorriso preguiçoso e dou de ombros. - Que seja. - Retiro o vestido folgado que acentua minhas curvas, fazendo com que o tecido aveludado abandone meu corpo.

Azul Turqueza - Cores da Máfia Livro 2Where stories live. Discover now