Prólogo

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Seis anos depois

A casa estava silenciosa, era até estranho isso acontecer… James dormia tranquilamente há mais ou menos duas horas em seu quarto e eu estava em meu escritório, aproveitando esse tempo para fazer algo que já havia virado uma urgência; colocar minhas colunas em dia. Como tínhamos acabado de entrar no verão, precisávamos criar uma mateira que seguisse a estação, então, após ter feito meu pequeno dormir, corri para minha mesa para começar a escrever sobre o assunto.

Trabalhar para uma coluna de moda de uma revista famosa definitivamente não era algo fácil, mas eu amava meu trabalho e não conseguia me imaginar fazendo outra coisa. Assim que me formei em design de moda, Cristina, por confiar e gostar de meu trabalho, assim que soube que eu estava à procura de um emprego na área, arrumou uma entrevista de emprego para mim com um amigo seu, dono da revista, e como se fosse um sonho, fui contratada na mesma semana. Não sei como aquilo foi possível, mas incrivelmente tudo dera certo e eu estava em um lugar que nunca imaginei que fosse um dia estar.

Deixei a caneta de lado e reli pela terceira vez o que havia escrito, muitas mulheres haviam pedido por aquela matéria e estavam esperando ansiosas por ela então tudo tinha que estar perfeito. Risquei algumas frases, adicionei mais algumas e quando estava prestes a recomeçar a ler o que havia concertado, um choro alto chamando por “papai” vindo do quarto ao lado me fez levantar depressa de minha cadeira e seguir até o cômodo de onde vinha o choro.

– Papai, papai!

– Pronto, pronto meu amor, mamãe está aqui... – disse calmamente entrando no quarto todo decorado em um tom claro de marrom e azul e fui até a pequena cama pegar a criança que chorava aos prantos.

– Papai... – ele choramingou em meio a lágrimas e ergueu os braços para que eu o pegasse no colo – Eu quero o papai...

– Você teve um sonho ruim com o papai, foi? – eu o peguei no colo e ele assentiu, segurando em meu pescoço – Foi só um sonho amor, está tudo bem, mamãe está aqui contigo... Quer um mama?

– Uhum...

– Então vamos lá fazer... – com meu filho no colo, eu caminhei por aquela enorme casa e fui até a cozinha, onde preparei uma mamadeira com leite morno com mel para aquele pequeno que soluçava baixinho em meu colo.

James tinha apenas três anos e eu podia afirmar com toda a convicção de que ele fora a melhor coisa que acontecera em minha vida, nem mesmo minha carreira era tão valiosa quanto aquela criança em meus braços. Era tão incrível pensar que eu havia chegado onde estava, que finalmente eu tinha conseguido ter meu filho, ter feito faculdade, construído uma carreira que sempre sonhei e superado tudo o que havia dito anos atrás que iria superar... Aquela era definitivamente uma nova Natasha, com uma nova vida e com apenas lembranças de seu passado sofrido. Depois de tantas decepções e sofrimento, eu finalmente tinha passado por cima e provado para todos que um dia me criticou e que duvidou de mim, que eu venci, que até uma ex garota de programa que “tinha dormido com meia Nova Iorque” tinha o direito de seu lugar ao sol.

Com Ian em meu colo, eu voltei ao meu escritório e me sentei na cadeira para tentar terminar a matéria enquanto meu filho mamava.

– Mamãe, cadê meu papai? – James se aconchegou em meu colo e ergueu seus olhos incrivelmente azuis para me olhar.

– Papai está trabalhando, meu anjo.

– Mas ele tá demorando...

– É que ele foi viajar lá longe para trabalhar, mas em breve ele está de volta, te juro... – James suspirou baixinho e voltou a mamar, encostado ao meu peito – Você está com saudades dele? – ele assentiu me fazendo sorrir e beijar sua testa delicadamente – Também estou com saudades dele... – assumi baixinho.

– O que você tava fazendo?

– Eu estava escrevendo para o meu trabalho...

– Escrevendo o que?

– Escrevendo sobre roupas, biquínis, lembra que a mamãe faz isso? – James balançou a cabeça positivamente.

– Posso escrever também?

– Claro que pode, mas você não prefere desenhar?

– Siim! – ele assentiu sorrindo.

– E o que quer desenhar?

– Um carro bem grandão! – disse inocentemente me entregando sua mamadeira vazia.

– Um carro bem grandão?! E o que mais?

– E um avião e com esse avião eu vou buscar meu pai lá longe – bateu palminhas e se debruçou na mesa para começar a desenhar – E você mamãe, o que vai desenhar?

– Eu vou desenhar; eu, você e seu papai, o que acha? Pelo menos no desenho ele está conosco...

– Isso! – ele sorriu abertamente e eu guardei meu trabalho em um lugar seguro, coloquei na frente de Ian uma folha em branco e o estojo com os lápis e canetas para ele desenhar.

Ao lado de onde meu pequeno desenhava, fiz quatro bonecos representando nossa família e antes que pudéssemos terminar o que fazíamos, um barulho vindo da porta da frente nos fez parar.

– Cadê meus amores? – a voz conhecida de meu marido ecoou pela casa e James se levantou de meu colo com um sorriso radiante nos lábios.

– Papai! – ele pulou do meu colo e saiu correndo ao encontro de seu pai.

New Life - RomanogersWhere stories live. Discover now