Capítulo Sete

43 9 0
                                    

As vozes estavam se aproximando, cada vez mais altas. Eu tinha a leve impressão, talvez por medo, de que vinham exatamente em nossa direção. Meus pés tremiam e eu tentava decidir às pressas se deveríamos correr ou simplesmente tentar nos esconder. Não sei se tínhamos tempo para a segunda opção, mas ainda assim, parecia mais segura do que a primeira. Estava escuro demais para correr e iriamos nos perder facilmente uns dos outros.

— Abaixem! — Vanessa falou o mais baixo que pôde, num tom que todos nós poderíamos ouvir.

Em uma fração de segundos, eu me atirei no chão, o mais silenciosamente possível. Ouvi barulhos de galhos se quebrando. Eles estavam muito perto agora.

Comecei a impulsionar meu corpo na direção da árvore mais próxima, com os joelhos e as mãos, rastejando e tentando não emitir som algum. Minha testa estava molhada de suor e eu fazia força para me mover rápido sem nenhum fazer barulho, nem movimentos muito bruscos.

— Lexi? — Ouvi alguém sussurrar perto de mim, era Vanessa.

— Aqui. — Sussurrei de volta e me juntei a ela, atrás da árvore.

Tínhamos tido a mesma ideia, o que não era uma coisa tão boa assim, considerando que as árvores das montanhas não eram grossas o suficiente para esconder as duas. Por sorte, a escuridão estava ao nosso favor.

— Você soube dos guardas? — Uma voz masculina podia ser ouvida a poucos metros de onde nós estávamos.

— Sim, foi brutal. — Uma mulher falou, podia ouvir claramente a sua voz.

— Foram assassinados terrivelmente. — A mesma voz masculina falava de novo. — Nenhum deles sobreviveu.

— Precisarão eleger um novo líder. — Outra mulher participava da conversa. Ela tinha uma voz rouca, diferente da voz fina da primeira.

Eu não podia ter plena certeza do que estavam falando, mas diria que o assunto daquelas pessoas era o meu pai. Principalmente quando a mulher falou que precisariam eleger um novo líder, pois meu pai era o líder do exército negro. Mas algo soava muito estranho, não estavam falando só sobre o meu pai. Estavam falando sobre mortes, no plural. Não pude deixar de pensar naqueles guardas que foram atrás de nós. Mas eu estava muito confusa, nada fazia sentido. Será que eles tinham morrido? Não, eles tinham que estar falando sobre outros guardas.

Pela quantidade de passos, diria que eram mais de quatro pessoas. Minha respiração ainda estava ofegante, por causa do esforço que tinha feito para chegar até a árvore. Coloquei a mão na frente da boca, para não deixar que me ouvissem.

— Têm seis deles. — Vanessa sussurrou, perto do meu ouvido.

— Shh! — Eu respirava com cuidado, meu coração acelerava e quase podia ouvi-lo bater.

Vanessa observava os homens enquanto eles passavam e assim que as vozes se tornaram um pouco mais distantes, virei para observá-los também.

Não conseguia ver muita coisa, mas como eles tinham lanternas, podia me aproveitar disso para ver aqueles que estavam na frente da luz. Vanessa estava certa sobre a contagem, eram exatamente seis. Duas mulheres entre eles. Eram adultos e todos usavam o mesmo uniforme, um que me era bem familiar. Eram do Exército Negro. Três deles estavam com as lanternas e iluminavam o caminho para os outros três que andavam na frente. A altura deles variava entre o Alex e o James, ou seja, eles eram altos.

Cada um carregava duas armas, pelo que pude notar. Tinha uma arma maior nas costas, amarrada por um suporte para que não precisassem ficar segurando, e uma menor, que alguns deles carregavam na mão. Imaginei que aqueles que não estavam com as armas em mãos, provavelmente estariam com elas nos bolsos. E não acho que só tinham essas duas. Meu pai sempre falava que o exército negro tinha armamento pesado e só agora eu realmente entendia o que ele queria dizer.

Depois do Fim do MundoWhere stories live. Discover now