Capítulo Dezoito

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— O que aconteceu? — Luke perguntava, olhando fixamente para Vanessa, muito assustado. — Ela está morrendo?

— Acho que ela foi picada. — Victoria começou a olhar pelo corpo da Vanessa, como se procurasse por alguma coisa. E assim que puxou a calça da Vanessa para cima, para ver sua perna, acabou encontrando. — Ela foi picada!

A perna direita da Vanessa tinha uma marca enorme da picada que uma das cobras tinha deixado. Tinha um furo quase do tamanho da palma da minha mão, e ao redor dele uma rede de veias inchadas que parecia estar ficando cada vez maior. Como se as veias da perna dela estivessem saltando e querendo sair, estavam ficando pretas.

— O que vamos fazer? — Mitt perguntava, eu podia ouvir o desespero em sua voz. Eles estavam em volta da Vanessa, tentando pensar no que fariam.

James se levantou, com as mãos na cabeça. Ele tinha a resposta, eu sabia que ele tinha, porque eu também tinha.

Uma vez, quando éramos mais jovens, meu pai nos contou a história de um dos amigos dele no exército negro. Esse amigo, um dos melhores amigos do meu pai, tinha sido picado por uma cobra, uma cobra do deserto. Meu pai estava muito triste no dia que nos contou isso, o amigo dele tinha acabado de morrer.

— Lexi, olha para mim. — James chegou mais perto de mim, abaixei a cabeça. — Não podemos deixá-la morrer, já sabemos o que tem que ser feito.

— Não. — Mantive a cabeça baixa, não queria olhar para ele. Não queria ter que encarar aquela situação. — Não temos como fazer isso com ela...

— Você lembra aquele dia que o seu pai conversou com a gente sobre o Mark? Aquele colega dele do exército... — Apenas afirmei com a cabeça. — Você lembra que ele sabia o que fazer, não é?

— Mas ele não fez nada. — Respondi.

Meu pai havia nos contado tudo sobre a morte do amigo dele, e até agora, estávamos vendo a história dele se repetir. Apesar disso, ele também havia nos falado o que deveria ter sido feito para salvar seu amigo. E se ele estivesse lá com ele na hora, poderia tê-lo salvado.

— Não fez nada, porque ele não estava com o amigo na hora. — Minhas mãos ainda tremiam quando falei, mas eu não sentia medo. O nervosismo e a preocupação tomavam conta de mim.

— E nós estamos aqui.

— Você tem razão. — Levantei a cabeça, decidida.

— É o único jeito. — Ele disse.

— Eu sei.

Meu pai havia falado que para salvar o seu amigo, ele teria que ter cortado a raiz do veneno. E era isso que teríamos que fazer. Tínhamos que dar um jeito de cortar a raiz do veneno da Vanessa, antes que se espalhasse. Antes que chegasse ao seu coração. Teríamos que cortar a perna dela.

Voltei a olhar para a Vanessa, ainda estava desmaiada. Ainda mais branca do que antes. Voltamos ao seu lado, os outros pareciam muito preocupados com ela. Dei uma olhada no veneno, estava se espalhando rápido, mas ainda permanecia abaixo do joelho. A parte dominada pelo veneno estava ficando preta e iria se alastrar cada vez mais rápido se não fossemos ágeis.

— Acho que podemos salvá-la. — Comecei a falar, tentando pensar na melhor forma de dar a notícia que eu realmente não queria ter que dar. — Mas temos que cortar o veneno pela raiz.

— Calma... — Mitt parecia estar entendendo aonde iríamos chegar. — Vocês querem... Literalmente cortar o veneno pela raiz?

— Isso. — James respondeu.

— Querem cortar a perna dela? — Luke parecia indignado.

Ninguém respondeu. Eu sentia uma mescla de emoções, mas sabia que não tinha tempo para nenhuma delas se quisesse que a Vanessa sobrevivesse. Tínhamos que começar logo.

Depois do Fim do MundoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora