Capítulo Treze

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— É uma cachoeira! — Vanessa repetia entusiasmada, parecendo ter mudado de humor depois de ver toda aquela água.

Abaixo dos nossos pés havia uma queda d'água de pelo menos dois andares, muito menor do que o prédio que tínhamos dormido, mais ainda era meio assustador. O Luke já estava quase lá embaixo, descendo pelo lado da cachoeira, onde tinha um pequeno caminho por entre as árvores.

— Vão ficar aí mesmo? — Luke gritou ao chegar lá embaixo.

Nós começamos a descer pelo mesmo lugar que ele tinha ido, estava bastante escorregadio, mas não tão escorregadio quanto às outras ladeiras que descemos durante a caminhada na floresta. Tínhamos ficado tão presos à beleza do lugar que não nos importamos em simplesmente observar a cachoeira por alguns minutos antes de pensar em descer para onde o Luke estava. Em contrapartida, Luke só pensava na parte divertida da coisa. Não parou nem um minuto para observar a paisagem e o lugar maravilhoso que tínhamos encontrado.

Quando cheguei lá embaixo, percebi que a água era quase transparente e a queda d'água era um pouco menos assustadora quando observada do chão. Eu me aproximava da água com cuidado, afinal de contas, nenhum de nós sabia nadar. O vento que batia nos meus cabelos não era suficiente para bagunçá-los, mas refrescava bastante. O clima era perfeito, o mais quente que eu já havia sentido em toda a minha vida. Era um dia perfeito, em um lugar perfeito.

— Eu nem acredito que esse lugar é real. — Mitt comentou, tocando na água.

Eu fiz o mesmo, tocava na água e ela se moldava aos meus dedos. Passava pela minha mão e a empurrava de leve na direção de uma correnteza fraca, na direção oposta a queda d'água.

— A gente poderia ficar aqui para sempre, né? — Liz perguntou ainda maravilhada com aquilo tudo.

— Eu não sei o que vocês estão esperando. — Vanessa começou a tirar a blusa de manga comprida como se estivesse se preparando para pular na água.

— Vanessa, a gente não sabe nadar. — Tentei impedir que ela entrasse na água.

— Você quer uma oportunidade melhor que essa para aprender? — James tirava a camisa.

— Não tem oportunidade melhor! — Luke já estava tirando a calça.

— Gente? — Perguntei, vendo que estavam todos empolgados para entrar na água. Eu também estava empolgada, mas acho que o medo era mais forte do que a vontade de nadar. — Eu estou falando sério, não é arriscado?

— Olha só, a gente sobreviveu aos guardas do exército negro, às motos defeituosas deles... — Luke começou. — Sobrevivemos até a uma pantera! Isso aqui é um grande nada comparado a todo o resto.

— Tecnicamente, esse não é um argumento muito bom. Um obstáculo não deixa de ser perigoso simplesmente porque você passou por outro mais perigoso... — Alex rebateu. — Mas quem se importa, vamos aprender a nadar.

Acabei cedendo durante a conversa, pois a vontade de nadar conseguiu superar o medo. Iria dar tudo certo e eu não poderia deixar o medo interromper os momentos bons que teríamos. Afinal, não sabia quantos momentos bons teríamos. E desde que saímos do buraco, tinham sido poucos.

— Vamos com cuidado, mesmo assim. — Falei, já tirando a camisa.

Nós todos estávamos de roupas íntimas, os garotos de cueca e nós de calcinha e sutiã. Fazia um pouco de frio ainda, mas era irrelevante comparado ao frio que já passamos. Estávamos em um pequeno dilema para saber quem pularia primeiro, até que o James se candidatou. Luke já tinha se candidatado, mas não o deixamos ser o primeiro, por ser muito novo. Apesar de saber que ficaria tudo bem com ele.

Depois do Fim do MundoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora