Capítulo Vinte e Quatro

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Assim que terminamos o jantar, o recepcionista falou que tínhamos que voltar para os nossos quartos, pois já estava muito tarde e amanhã seria um longo dia. Não tivemos como conversar com os garotos por mais tempo, mas o James conseguiu me dizer mais ou menos onde era o quarto deles. Por sorte, estávamos no mesmo corredor.

— Isso é loucura! — Victoria falou assim que fechamos a porta do nosso quarto, depois de nos despedirmos do recepcionista.

— Mas temos que fugir mesmo assim! Não tem outro jeito.

— Eu sei. — Ela se sentou na cama. — Mas durante o jantar, eu estive pensando...

— Eu não consegui pensar em nada com aqueles guardas nos olhando.

— E se a gente estiver se precipitando? Talvez amanhã seja o dia que a gente sobe para a superfície. E sabemos que as pessoas que estão lá em cima são felizes, poderíamos ser uma delas.

— Nós não sabemos disso. — Rebati. — Nós os vimos felizes antes de entrar aqui, mas não podemos ter certeza de que eles estão vivendo felizes lá em cima, pode ser tudo uma farsa.

— É verdade, mas não temos como saber. E se não for? E se eles forem pessoas boas?

— Vic, você mesmo falou que tínhamos que sair daqui ainda hoje. Por que agora está voltando atrás? — Perguntei.

— Eu sei. — Ela suspirou. — Eu só estava tentando não perder as esperanças, poderíamos estar errados sobre eles.

— Eu também queria que tivesse dado tudo certo. — Sentei na minha cama, jogando todo o meu peso de vez. — Eu queria que tivéssemos chegado aqui e que subíssemos para a superfície, queria que fosse tudo perfeito.

— Mas não é assim. — Ela falou com tristeza.

— Eu só espero que nas ilhas seja. — Apesar de saber que seria difícil, ainda tinha esperança. — Alguma coisa tem que dar certo para gente.

— Eu também acho. — Foi tudo que ela disse.

Nós esperamos duas horas antes de tentar sair do quarto. Foram as duas horas mais longas da minha vida, uma mistura de medo e a ansiedade para fugir dali, nós não conseguimos deixar a inquietação de lado.

Tentávamos criar inúmeros planos e cada vez que achávamos uma falha em um deles, meu coração se apertava com a sensação de que aquela fuga não iria dar certo. Pensei no Alex, ele conseguiria nos tirar dali com seu primeiro plano, sentia muita falta dele, todos sentíamos. Ainda não conseguia acreditar que ele tinha morrido.

— Acho que está na hora. — Victoria falou assim que vimos a luz do corredor se apagar por debaixo da nossa porta.

— Certo. — Meu coração disparou instantaneamente.

— Vamos manter o último plano mesmo?

— Foi o melhor que tivemos. — Respondi. Na verdade, era o menos pior.

— Espero que dê tudo certo. — Ela falou, já abrindo a porta do quarto.

Nós saímos pelo corredor em silêncio absoluto. Não conseguíamos ver nem um palmo à nossa frente, estava tudo escuro. Eu caminhava devagar, com a mão na parede para conseguir me guiar.

Eu sabia que o quarto dos meninos era nesse corredor, mas o corredor era imenso. Era bem provável que todos os quartos ficassem aqui, nesse mesmo corredor. Seria uma missão quase impossível encontrá-los, quase impossível. Apenas cinco quartos mantinham as luzes acesas, e eu sabia que o quarto deles seria um desses cinco.

— Como vamos saber qual é? — Perguntei para a Victoria.

— Vamos tentar ouvir algum barulho vindo de dentro dos quartos. — Ela disse.

Depois do Fim do MundoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora