Capítulo Doze

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"Eu estava no deserto. Para todo lugar que eu olhasse tudo o que podia ver era areia. Um mundo de areia e eu parecia ser o único elemento dele. Apesar do calor indescritível, eu me sentia bem. Não parecia estar com sede, e nem me sentia cansada. A borboleta que gostava de me acompanhar nos meus sonhos, não estava presente. Por isso, algo me dizia que eu estava perdida. E todas as direções pareciam levar para o mesmo lugar, mais areia. Comecei a andar em uma direção aleatória, e segui em frente, esperando que fosse chegar a algum lugar. De repente, James estava do meu lado e agora caminhava comigo. Ele sorria como se eu tivesse seguindo o caminho certo. Liz havia aparecido também e andava na nossa frente. Vanessa, Luke e Alex estavam atrás de nós, e eles conversavam e riam. Mitt fora o último a aparecer e ele estava do outro lado de James, com um olhar tranquilo, feliz. Mas aquele olhar durou poucos segundos, pois assim que parei para encará-lo novamente, ele parecia tenso e andava como se estivesse com medo. Observei os outros, todos exibiam o mesmo comportamento. Eles agora estavam calados e andavam observando algo a frente deles. Todos pareciam ver alguma coisa que estava os deixando com medo, pois olhavam para o mesmo lugar. Eu era a única que não conseguia ver o que eles estavam vendo. E quanto mais eu tentava entender aquela situação, mais eles se irritavam, como se não quisessem que eu visse. Alex parou de andar e começou a me encarar, e então, um por um, eles pararam e começaram a sumir, viraram areia e se misturaram ao deserto. Então, o mais estranho aconteceu: olhei para as minhas mãos e eu mesmo estava virando areia, primeiro as minhas mãos, depois os braços e então o meu corpo inteiro".

Acordei com um susto e olhei para as minhas mãos, só para ter certeza de que ainda estavam ali e que fora só um sonho. Meu coração aos poucos voltava ao ritmo normal e aos poucos eu me dava conta de onde estávamos. Aquele sonho me deixou com uma pequena dúvida sobre o que iríamos enfrentar em seguida: o deserto. Era como se fosse um pequeno aviso de que o nosso caminho ainda não tinha terminado e que ainda não estávamos a salvo nas ilhas. Longe disso.

— Bom dia. — Mitt estava sentado ao meu lado, encarando a janela sem vidro a nossa frente.

— Bom dia. — Respondi. — Conseguiu dormir bem?

— Mais ou menos.

Ele me mostrou os cortes no peito dele e pareciam ainda mais feios do que ontem. Talvez fosse parte do processo de cicatrização, ou talvez fosse um início de infecção. Eu não fazia ideia, mas realmente esperava que fosse o primeiro caso. Não saberíamos como lidar com uma infecção e aquilo me preocupava. Só esperava que ele ficasse bem logo.

— Tomara que isso aí cure logo. — Falei, pegando um pedaço de tecido de uma blusa dele, que já estava rasgada, e molhando o tecido com o resto da minha água. — Tá bem feio mesmo.

— Pelo menos o rosto ainda tá bonito. — Ele comentou com um tom brincalhão. Dei risada.

— Só você mesmo. — Comecei a limpar o machucado dele novamente, para ver se melhorava um pouco a situação.

— Não resis... — Ele parou de falar. — Ouviu isso?

Virei o rosto como se adiantasse de alguma coisa, tentando ouvir o que ele dizia ter ouvido. Pensei que tinha funcionado, até perceber que na verdade o som simplesmente tinha ficado mais alto.

— Lexi?! Mitt?! — Pelo menos duas vozes se misturavam para gritar nossos nomes. — Lexi?!

— Eles vieram atrás da gente. — Mitt comentou com um enorme sorriso no rosto.

Levantei, quase pulando de felicidade e comecei a descer as escadas com Mitt. Ele teve um pouco de dificuldade para se levantar, ainda dolorido, mas parecia bem para caminhar. Chegamos lá embaixo com as mochilas nas costas e ainda ouvíamos os gritos que nos procuravam.

Depois do Fim do MundoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora