7| pra lua brilhar em você

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Agora o tempo lá fora
Já não mais importa
Até o sol descansa
Pra lua brilhar em você
- Nuvens -

11 de Abril, 2020
Monte Verde

A casa do prefeito Chaves conseguia comportar confortavelmente todos os membros da associação de moradores. A sociedade era antiga, e tinha sido criada quando a geração que agora comandava os principais pontos da cidade ainda era jovem. Quase embarcando na vida adulta.

Marcos e Sebastião tiveram a brilhante ideia de criar uma especie de porto seguro onde os moradores mais antigos conseguissem compartilhar suas ideias de negócios, aflições e preocupações quanto ao bem estar da cidade e seus moradores.

O intuito principal era esse, mas sempre tinham coisas que saiam do controle.

De pessoas conhecidas que estavam por ali, Marcelo reconheceu o prefeito Marcos Chaves, o juiz Sebastião Matthaus, a delegada Genilda Kalimann, o padre Fábio, Tenente Gabriel, Sérgio, e Zé Luiz Gavassi. Outros três rostos um pouco desconhecidos também estavam na casa do prefeito; provavelmente espectadores de vez única, assim como Marcelo.

Pessoas menos importantes, como Marcelo, que era dono de um mercadinho e apenas isso, não tinham lugar definitivo na associação. Poderiam opinar e visitar quando houvesse vagas, mas não sempre.

Todos os associados com assento garantido eram pessoas extremamente importantes pro andamento correto da cidade; além do prefeito, o juiz, a delegada e o padre também precisavam estar sempre presentes. Tenente Gabriel ganhava lugar por contribuir muito pra cidadezinha, e também por ser o braço direito de Genilda, a delegada. Zé Luiz Gavassi e Sérgio eram uma história diferente. Zé Luiz por ser o radialista da cidade, e pessoa responsável a repassar os assuntos mais importantes tratados na reunião mensal, precisava estar lá. Sérgio garantiu o lugar após comprovar ser o maior empregador de Monte Verde. E por outras razões que não chegavam ao conhecimento completo de terceiros.

Terceiros esses que poderiam se inscrever pra participar da reunião mensal, mas nem sempre eram aceitos. Incrivelmente isso não se caracterizava como um culto ou sociedade secreta, era apenas uma associação muito bem organizada.

— Eu acho que já deu de mentiras! A menina tá morando na cidade, vive circulando por aí, é amiga dos filhos de muito de vocês, e mesmo assim estamos escondendo muitas coisas dela! — Marcelo argumentou quando chegou a sua vez de falar.

— Ela nunca quis saber de nada disso, nunca quis conhecer o pai... não vejo porque remexer nisso agora! — Genilda disse alternando o olhar entre Sérgio, Marcelo e Gabriel.

— O pai é o único laço vivo que ela ainda tem! — Novamente Marcelo rebateu tentando trazer algum tipo de sanidade aquele circulo.

— Essa decisão pertence somente a Bianca Andrade e aos envolvidos nesse assunto. — Marcos Chaves afirmou tomando a atenção pra si. — Isso não é um tópico de discussão na associação de moradores.

— Deveria ser! Todos vocês estão encobrindo essa história só porque não conhecem a menina direito, porque chegou agora, e por causa do passado da mãe dela!

— Seu Marcelo, fique calmo! — Padre Fábio tentou fazer o meio de campo. — Estresse não vai adiantar agora... entendemos a sua relação com a Bianca Andrade, mas isso não quer dizer que tens autonomia o suficiente pra decidir tudo.

Laços | RABIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora