18| se perde aos poucos sem virar carinho

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A gente não percebe o amor
Que se perde aos poucos sem virar carinho
Guardar lá dentro amor não impede
Que ele empedre mesmo crendo-se infinito
- Quem Vai Dizer Tchau? -

Algum momento de 1990
Rio de Janeiro

— Obrigada por ter vindo, amigo! — Sérgio agradeceu abraçando Marcelo de forma desajeitada mas com um sorriso largo no rosto. O homem estava realmente realizado, casando-se com a mulher que amava, no Rio de Janeiro, e prestes a construir uma vida ao lado de Monica.

— A honra foi toda minha, desejo muitas felicidades ao casal, você e Monica! — Marcelo, jovial e com os olhos tristes, desejou sem transparecer a sua vontade de estar no lugar de Sérgio.

Sérgio e a mulher de cabelos loiros pintados artificialmente se distanciaram até que Marcelo ficasse sozinho sentado á mesa com um antigo amigo dele e de Sérgio. Costumavam ser inseparáveis em Monte Verde, eram sempre ele e Sérgio, dois amigos que enfrentavam tudo juntos; mas aí a faculdade de administração chegou e as coisas se tornaram mais difíceis quando Sérgio conheceu Monica e se apaixonou por ela.

Assim como Marcelo.

Não foi intencional, foi completamente sem querer. Foi no momento em que Sérgio a apresentou, no momento em que as mãos se tocaram em um cumprimento simples.

Foi ali que Marcelo reconheceu sua ruína. Sua ruína de uma forma tão tola que sequer fazia sentido aos outros.

— Sabe qual a sensação de ver a mulher da sua vida casando com seu melhor amigo? — Indagou ao homem que estava ao seu lado aproveitando a cerveja grátis da festa de casamento.

— Graças a Deus nunca me aconteceu! — Respondeu sorrindo largo.

— É ruim... muito ruim... eu queria que aquele sorriso fosse meu, era pra ser meu. — Pontuou chateado, se sentindo quase que enganado.

Até que ponto ele era o único sentindo isso? Será que Monica não havia nem percebido tudo? Percebido a tensão? A forma como o coração de Marcelo acelerava?

— Você... a Monica? Logo ela? — O homem rebateu curioso e Marcelo apenas assentiu em concordância. — Ela sabe?

— Não, e isso me dói muito, mas não há como ela saber, não agora. — Afirmou sentindo o coração e a cabeça pesarem. Como lidar com o coração partido e quebrado em mil pedaços?

— Você não deveria ter deixado tomar as proporções que tomou... — Opinou largando o copo sobre a mesa preocupado com Marcelo.

— Infelizmente não posso voltar no tempo. — Resmungou fitando Sérgio e Monica dançando alegremente na pista de dança.

Enquanto a festa á moda antiga alegrava a noite quente no Rio de Janeiro, Monica se via ainda mais apaixonada por seu marido. Tinha sido uma decisão fácil casar-se com ele. A mulher seguiria seu emprego de contadora e ele poderia tentar algo no Rio de Janeiro mesmo, um emprego ou qualquer coisa; isso não importava, contando que ficassem juntos.

Uma pessoa especifica estava feliz pelo casal, e essa pessoa era Gabriel.

O homem de pose severa e olhar duro se sentia amaciado pela felicidade e amor que escorria do casal. Monica, sua melhor amiga desde os tempos de colégio, estava casando, e estava muito feliz. Radiante, Gabriel diria.

Os olhos brilhavam e as bochechas já deviam estar doendo de tanto sorrir. Monica era como uma irmã para Gabriel, que graças a Deus gostou de Sérgio e apoiou o casamento.

Laços | RABIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora