10| quando quer outra mulher

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Eu não sei o que tu tem
Esse negócio de mulher
Que quando quer outra mulher
Carrega fogo em mão
- Teu Nome Imita o Mar -

15 de Abril, 2020
Rio de Janeiro

Era noite de quarta-feira. Miguel estava com uma dor de cabeça infernal depois de fazer um bate-volta demorado na região dos lagos. O paulista com certeza acompanharia Bianca e Rafaella no rolê da noite, mas nessas condições debilitadas ele teria que ficar no apartamento do Leblon descansando.

Bianca teve a brilhante ideia de levar Rafaella pra conhecer a mureta da Urca, isso porque a mineira já tinha falado do filme Ponte Aérea, que mostra esse lugar, e porque ele também era um dos favoritos da carioca. Gostava muito do clima na Urca.

Não tinha nada melhor que sentar por lá, curtir uma cerveja e escutar a musica misturada. Na cabeça de Bianca era praticamente impossível que Rafaella não gostasse.

— É o lugar do filme... — Rafa observou enquanto caminhavam por entre as pessoas. Era quarta-feira, por isso o ambiente estava menos cheio.

— No caso é bem diferente do que aparece no filme, mas é ele sim! — Confirmou as expectativas. — Vou comprar um litrão pra gente. — Disse deixando Rafaella sentada na famosa mureta e se dirigindo a um dos botecos.

Só faltava o pastel pra ficar igual ao filme, mas já tinham jantado em casa, com Miguel.

— Gostou? É bem menos glamourizado, mas é lindo, né?

— Eu amei, de verdade! É que parece que vocês cariocas tem o dom de transformar qualquer coisa em algo bom.

— Vai ver é um dom mesmo, de difícil já basta a vida... — Brincou servindo a cerveja nos dois copos e entregando um a Rafaella.

— Leu essa frase onde? Para-choque de caminhão? Banheiro de bar?

— Pois saiba que em nenhum dos dois! É só um fato. — Argumentou oferecendo um brinde e Rafaella correspondeu antes de levar o copo até a boca, com um sorriso discreto na direção de Bianca.

— Eu gostei, achei bem profunda, tipo aquela: que loucura, o amor cura...

— É sério isso? — Bianca questionou com uma careta. A frase era terrivelmente horrível, como Rafaella poderia ter achado isso, minimamente, profundo? Era raso. Muito raso.

— Sim, não gostou? — Rebateu com um sorriso de lado.

— Não, mas como você até que é bonitinha eu vou dizer que sim. — Flertou sem pretenção.

Talvez uma pequena parte de si ainda acreditasse que aquilo poderia acontecer. Rafaella não morreria se desse um beijo em Bianca, certo? Nenhum pedaço dela cairia, ela também não iria pro inferno ou qualquer coisa do tipo.

Talvez até ganhasse uma passagem direto pro céu, um ato de caridade.

— Você deve gostar mesmo é daquela: o amor é lindo, eu é que não valho nada! — Caçoou vendo Bianca revirar os olhos e assentir com a cabeça.

— Na verdade é: o amor é lindo, eu é que sou quenga. — Corrigiu fazendo um brinde com o ar e bebendo mais da cerveja.

Laços | RABIAOnde as histórias ganham vida. Descobre agora